domingo, 21 de dezembro de 2014

Giorno 80 - O dia em que aprendi que para agradar a si mesmo às vezes é preciso desagradar alguém

A terça-feira (16/12) não estava mais bonita do que o dia anterior. Ainda chovia muito. Fui para escola com o meu habitual atraso e quando a aula terminou, esperei Gabriel que estava retornado a Roma. Fizemos check-in no hostel e fomos almoçar ali por perto.

Depois, fiz algumas compras e fui para casa, pois combinamos de nos encontrar às 18h na Termini. Neste meio tempo, Clemi queria fazer alguma coisa, mas eu já havia dito que este era o dia do Gabriel. Além do mais, queria tomar um banho, me arrumar para sair e essas coisas de menina.

Nos encontramos na Termini e fomos esperar o resto do pessoal no Yellow Bar, onde já começamos a beber uma cerveja. Ben veio se encontrar comigo, mas Clemi ficou de #mimimi sei lá porque.

Quando estávamos todos por lá, resolvemos ir até San Lorenzo jantar e, depois, beber no bar que faz bebidas com muito álcool por apenas 3,50 euro. Demos muita risada, como de costume.

Clemi chegou já no bar e estava bem estranho, mas achei melhor não falar nada porque já disse mais de uma vez que essa é uma viagem para mim e não tenho que ficar dando satisfações das minhas escolhas e minhas decisões para ninguém. Na minha opinião, ele estava sendo infantil, porque eu e o Ben estávamos nos divertindo muito.

Em algum momento eu e Ben estávamos conversando e Clemi queria saber do que se tratava, mas eu não falei nada porque era coisa do Ben. Logo percebi que ele também queria desconversar e foi o que eu fiz. Foi quando Clemi me disse:

- Ok, se eu for sincero com vocês, vocês também serão comigo?

Nenhum dos dois respondeu nada. E ele continuou:

- Você quer saber porque eu estou estranho? Porque você me 'dá fastidio'. (numa tradução rápida, significa incômodo, desgosto...)

Ele mal acabou de falar e eu posso imaginar minha cara, que não esconde em nada minhas emoções, tanto que Benjamin na hora disse que não acreditava que ele estava dizendo isso. Saí. Fui para o banheiro. Aquela frase ecoava na minha cabeça e parecia um punhal no meu estômago.

Tudo isso porque, de vez em quando, quero ficar em casa? Quero sair com meus outros amigos? Quero fazer as minhas coisas sozinha?

Tudo bem que sou 10 anos mais velha que ele e isso pode significar muita coisa em certos momentos, mas eu fiz tudo o que ele queria, sabe... E quando decido fazer o que eu quero tenho que ouvir uma coisa dessas?

Ele foi atrás de mim, me pediu desculpas e resolvi deixar pra lá. Mas eu sabia, dentro de mim, que aquela frase tinha rompido com alguma coisa.

Mas, acima de tudo, foi essa frase de um garoto de 19 anos que me ensinou, nos finzinho dessa viagem, que às vezes, para agradar a mim mesma vou ter que aprender a lidar com o fato de que posso desagradar os outros. E caros, para mim, isso não é fácil!

Deborah chegou logo depois com Giuliano, mas também ficaram pouco.

Resolvi ir embora por volta da uma e não foi muito fácil dizer tchau para o Gabriel, que de todos, é com quem me sinto mais eu. Acho que por causa da idade e também porque somos brasileiros e sabemos das mesmas dificuldades que devemos enfrentar... Foi um abraço longo, verdadeiro, mas um pouco sofrido....

Clemi foi para casa comigo, mas não estava muito afim de papo....


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