domingo, 28 de dezembro de 2014

Giorni 86, 87, 88, 89 e 90 - De volta à vida real

O voo foi tranquilo, mas fiz questão de só assistir filmes italianos no avião: 'A grande beleza' e 'Benvenuti al sud', que se passa em Castelabatte!

Cheguei em São Paulo na manhã da segunda-feira (22/12), início do verão brasileiro, e no belo terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, que é tão internacional que nem faz GRU ser tão da depressão assim, hahaha.

Depois de pegar as malas, segui para o Dutty Free (neste novo terminal este fluxo é obrigatório), mas tive que parar na Polícia Federal (na verdade, tive que colocar minha bagagem no raio-x apenas, mas isso já foi trabalhoso), mas deu tudo certo.

Finalmente saí e abracei meus pais... e que abraço gostoso! <3

Demoramos quase duas horas para chegar em casa - #SPcomoeuteamo -, onde finalmente abracei minha irmã que fez um belo café da manhã brasileiro para minha recepção.

No fim das contas... viajar é bom e, neste caso em específico, mudou minha vida; mas já diria Dorothy (aquela dos sapatinhos vermelhos):

There is no place like home!

<3

Desfiz malas, guardei roupas, separei presentes. À noite, recebi a visita dos meus padrinhos para fazermos o nosso Natal, como já é tradição.

Na terça-feira (23/12), acordei cedo porque teria um compromisso que foi cancelado e confesso que até achei bom. Mas não parei: arrumei minhas coisas e fiquei o dia todo atrás de ajudar minha mãe, mas arranjei um tempinho para ir ao podólogo, finalmente!

À noite, a família do meu pai - Camargo -, foi em casa para fazermos nosso Natal e foi bem bom encontrar minhas primas queridas!

Na quarta-feira (24/12), a correria continuou: véspera de Natal! Depois de ter tudo em ordem, seguimos para casa de Rose e Julio, meus primos, onde comemoramos o Natal com a família da minha mãe - Alberto Jorge - e, ao contrário do que eu imaginei, não foi tão dramático. As crianças trouxeram uma nova alegria que nos fui surpreendente!

Como já é tradição, chegamos em casa quase 4h da manhã e eu não conseguia mais ficar acordada. Apaguei! Minha mãe me acordou na manhã de 25/12 já por volta do meio-dia! Tomei café e um banho tranquila e seguimos para o almoço novamente com a família da minha mãe (isso foi novo!).

No fim do dia, voltamos para casa e eu me sentia cansada, mas fiz um esforço e fui até a casa do Rafa Buciani (lembram do meu amigo onde fiquei hospedada em Barcelona? Então...), onde encontrei Paloma, Sté, Camila, Ju, Ti, Gui... tradições natalinas e amizades distantes, mas eternas!

Depois de muito champagne e do tradicional e delicioso sanduíche de pernil, voltei para casa e apaguei!

No dia 26/12, o dia 90 deste blog, foi de tarefas voltadas para mim: manicure, depilação, compra de roupa para a noite de ano novo etc etc etc.

Colocamos a casa em ordem e meu pai seguiu para praia antes de nós, justamente para eu conseguir colocar minha vida quase em ordem.

Agora é esperar 2015 chegar e me lembrar de tudo o que 2014 me ensinou, que foi pela dor, mas não irei esquecer jamais. Agora é curtir os dias na praia, relaxar, aproveitar o verão, sol... Agora é cultivar os novos amigos.

Agora é encarar a vida de frente... e não ter medo de ser feliz. Nunca mais!




Giorno 85 - Grazie, Roma!

No domingo (21/12) acordei sem pressa e depois de arrumar os últimos detalhes, tomei um banho e saí. No restaurante na minha rua comi a última carbonara e, depois, segui de ônibus até a Piazza Venezia, onde finalmente subi as escadarias do Capitólio (atrás do monumento), onde há uma praça feita por Michelangelo.

De lá, desci por trás, já nas costas do Forum Romano e caminhei pela Via dei Fori Romani, que estava fechada para o tráfego de veículos, o que permitia aos pedestres curtirem bem o domingo de sol.

Todos os dias que alguém dos meus amigos foi embora, choveu. Brincávamos que era Roma chorando a partida. Eu pedi que queria um dia lindo de sol e céu azul - bem azul! - para eu ir embora com a sensação de que volto em breve. Bom, Roma atendeu os meus pedidos. Que dia, amigos... que dia!

Caminhei sem pressa, sorrindo - literalmente - para o sol e pensando que, neste 2014 de perdas... Roma me fez ganhar. Muito!

Foi um momento de reflexão, de adoração à minha escolha e, principalmente, de encontro comigo mesma.

Caminhei até chegar, pela última vez, ao Coliseu. Me despedi sorrindo e entrei no metrô.


Quando cheguei em casa, Santiago me esperava para me dar tchau. Conversei muito com Waldyr e, lá pelas 17h, Giovanni chamou o táxi para mim. Me despedi de todos e segui para o aeroporto, com o coração apertado, mas com a alma tranquila.

Fiz check in e logo entrei na sala de embarque. Eu estava viajando com o casado da Roma e não demorou para receber elogios da equipe de segurança do aeroporto. 'Forza Roma. Sempre!'

Já próximo do meu portão de embarque, fiz minha última refeição e esperei a hora do embarque, que pelo tamanho da fila já me dava o gostinho de ser paulistana de novo, hehe.

Agora é voar e esperar, porque a próxima parada é: voltar para a vida real!




Giorno 84 - Eu não pensei que fazer as malas seria tão difícil (e não estou falando do limite de peso)

Acordei tarde no sábado (20/12). E acordei sem pressa também. Estava me sentindo melhor, mas ainda com dores musculares nas pernas, para variar. Tomei um café e resolvi começar a arrumar a vida, literalmente.

Foi difícil fazer as malas, e não falo só do fato do excesso de bagagem não, porque isso o cartão de crédito paga. Difícil foi colocar em malas as lembranças, a vivência, as pessoas, o aprendizado... Doeu. Mas foi importante.

No meio do caminho, Rochella, minha roomie holandesa bateu na porta para se despedir de mim  porque ela estava partindo com os olhos marejados...

Depois de um bom tempo focada em fazer as malas e conseguir colocar tudo em ordem, foi hora de limpar o quarto: deixei tudo em ordem e bem limpinho!

Depois, tomei um banho e saí para aproveitar o fim do dia, que estava lindo! Segui em direção a Pandora perto da Piazza di Spagna para comprar os presentes que faltavam e tive que esperar quase uma hora para ser atendida. Mas foi interessante admirar o movimento dos turistas, as ruas lotadas, a noite caindo...

De lá, dei uma paradinha na Teodora, que também vende berloques mas é especializada em monumentos e, então, fiz minha pulseira 'Life', presente dos meus pais e irmã de antes de eu viajar, com todos os monumentos de Roma. Ficou linda e me dei um belo presente!

Por fim, passei no Vaticano pela última vez: visitei a árvore de Natal e o presépio. Rezei e, mais uma vez, agradeci.



Fui para casa, jantei e por volta das 22h30, fui para Termini encontrar Milena, Juan Pablo, Erica e Gunnar. Fomos até o Yellow Pub, onde tomamos uma última cerveja e comemos um último pedaço de pizza juntos.

Na hora de me despedir, Milena começou a chorar. Chorou de verdade e, então, não me segurei: chorei de volta. E saí de lá aos prantos - do tipo pessoas nas ruas me perguntarem se precisava de ajuda. Rs!

Ao chegar em casa, terminei de mexer com as fotos e dormi já bem tarde.

Giorno 83 - O jeito é segurar o choro porque se começar, não vou parar

Na sexta-feira (19/12) eu não acordei para ir à aula. Eu estava num nível de cansaço que não me lembro de ter sentido antes. Dores no corpo, um sono incontrolável...

Mas quando levantei, tomei café, tomei um banho tranquila e fui até a escola para pegar o meu diploma e me despedir de todos. Foi triste. O clima era de despedida e estava uma choradeira só: professores, alunos, amigos... Foi duro dizer tchau para esse lugar que foi minha casa por tantos dias...


De lá, segui com Clemi, Milena e Juan Pablo para um aperitivo com o professor deles, o Giuliano, ali por perto. Tomamos um prosseco e brindamos a Roma e, especialmente, a nós mesmos. Depois, eu e Clemi seguimos para encontrar Benjamin perto da estação Bologna onde fomos almoçar rodízio japonês. Comemos muito.

Depois, ficamos sentados juntos um bom tempo na Piazza Bologna, que não tem nada de especial, mas é bem praça de bairro e uma gracinha. O dia estava lindo e nós, mortos de cansaço. Ficamos lá, fazendo nada juntos, dando algumas risadas, batendo papo à toa...

Então, resolvemos ir até a Romana, tomar o sorvete da Debbie. Foi uma loooooonga caminhada, mas revigorante. Passamos por um lado de Roma que eu não conhecia e o sorvete era uma delícia (mas o de ontem era melhor, rs).


Depois, continuamos a caminhas de volta ao centro e passei, pela primeira vez, em frente ao edifício do Presidente da República, na Piazza Quirinale. A cor do céu de fim de tarde estava de se admirar. Como não é um lugar onde muitos turistas vão, ficamos lá um bom tempo, tranquilos. Agradeci ao Benjamin por nos levar a mais um lugar inédito nos últimos minutos do segundo tempo. Como eu digo, tem sempre o que fazer em Roma.


Eu não ia sair à noite. Eu não tinha condições físicas. Mas aceitei jantar com os meninos. E para vocês verem que o cansaço não era mentira, eu não consegui colocar lentes de contato: meu olho recusou.

Mas sair para jantar com eles foi a decisão acertada. Caminhamos de Termini até uma pizzaria perto do Teatro Ópera e foi muito gostoso: nossa entrada de mozzarella de Bufala com prosciuto crudo já podia ser o jantar! Mas pedimos vinho e pizza! Comemos bem e brindamos à nossa nova amizade! <3


Depois, caminhamos até o bar de Fabrizio para nos despedirmos e lá encontramos Juan Pablo, Milena e Erica. E então, caminhamos pelo Campo di Fiori e chegamos à Piazza Trilussa, em Trastevere, ond estouramos um prosseco e brindamos ao nosso tempo juntos e onde Milena, essa garota sérvia de apenas 19 anos, fez questão de lembrar a lição que me ensinou: 'se vive solo una volta!'



Entramos num bar, mas eu não tinha mais condições físicas de continuar por ali e quando Benjamin resolveu ir embora, eu fui junto. Mas não sem antes nos despedirmos de Clemi, que estava com lágrimas nos olhos para nos dizer adeus.

Ben me arrastou para fora antes que aquilo virasse uma choradeira sem fim. Quando chegamos na Termini, foi a hora de eu e Ben nos despedirmos... Foi um abraço longo e um 'toque de bro' estilo França, porque ele tinha me ensinado isso um dia e eu tinha adorado.

Ele foi para um lado e eu para outro. Não olhei para trás. Segurei o choro e fui para casa. Dormi cansada pensando no longo trabalho que fazer as malas me daria no dia seguinte....


Giorno 82 - O clima de despedida

Acordei com dores no corpo na quinta-feira (18/12). Dormi até mais tarde e cheguei para a segunda aula, só para cumprir tabela. E durante a aula agradeci ao fato de que não terei mais que aguentar essa professora. Imaginem vocês que ela fez a Deborah jogar o chiclete fora... Me senti no jardim de infância. Foi bem patético.

Na hora do almoço, Ben foi nos encontrar e Debbie quis almoçar perto da Piazza Venezia para otimizar o tempo, já que subiríamos no monumento de Vitorio Emmanuele. Antes, me despedi de Rahel, porque já não a verei mais.

Milena nos acompanhou no almoço e descobri que ela vai visitar o meu apartamento para morar em janeiro, rs.

Depois do almoço, eu, Debbie, Clemi e Ben fomos para nosso passeio turístico. Subir no Vitorio Emmanuele é mais um programa que eu nunca tinha feito antes. E valeu bem a pena. O dia estava lindo e, mais uma vez, nosso passeio foi um presentão de Roma para nós.


Quando chegamos lá em cima, fiquei emocionada. Olhei para aquela cidade incrível, que não cansou de me fazer feliz, dia após dia. Olhei para os meus amigos e, principalmente, olhei para mim mesma, no quanto estava mais feliz, mais leve, mais eu mesma.



Depois de vários clicks, descemos e passeamos pela bella Roma e paramos para tomar um último sorvete juntos, na melhor sorveteria de Roma, a Giolitti, onde o Ben queria me levar há tempos e finalmente conseguimos ir. E valeu bem a pena porque o sorvete era simplesmente delicioso.



Depois, já no fim do dia, nos separamos. Fui para casa onde tomei um bom banho e jantei duas vezes. Uma porque fiz uma comidinha para mim e a segunda porque Giovanni fez polenta e me intimou a jantar com eles. Estava uma delícia! rs!

Eu estava caindo de sono e morta de cansaço, mas ainda assim me arrumei e me obriguei a ir para balada. Nos encontramos na estação Pirâmide do metrô e seguimos para Testaccio, onde fizemos um esquenta leve e entramos em uma discoteca aleatória. Mas quinta-feira não é um bom dia de balada em Roma, então, estava bem miado. Mas nos divertimos, como sempre.

Antes da Deborah ir embora, presenteou a mim, Clemi e Ben com um cartão fofo e dinheiro para irmos até a Romana, uma outra sorveteria famosa de Roma, porque para ela essa é a melhor de todas. E, quando nos despedimos, ela me presenteou com uma linda pulseira e belas palavras. Eu já estava por chorar, mas Benjamin me deu um abraço e desconversou para me distrair.

Para ir embora, resolvemos pegar um táxi: eu, Benjamin e Clemi e achei ótimo chegar em casa acompanhada dos meninos porque eu estava especialmente cansada.

Nem sei o quão rápido dormi!



domingo, 21 de dezembro de 2014

Giorno 81 - São Francisco de Assis, meu santo protetor

Acordei cedo na quarta-feira (17/12) porque eu, Debbie, Clemi e Ben combinamos de nos encontrar às 09h na Termini para pegar o trem das 09h40 para Assis.

Ir para Assis era coisa minha. Eu sou devota de São Francisco (nascida no mesmo dia que ele e uma grande admiradora de sua história) e desde que cheguei na Itália digo que vou e acabo adiando por qualquer motivo. Essa era a última semana: era ir ou ir. Quando comentei que iria, Debbie e Ben disseram que queriam ir junto e, portanto, Clemi não teve muita escolha. Mas ele não queria.

Isso significa que ele não estava na estação no horário combinado porque não acordou. Mas depois do episódio da noite anterior, eu não estava nem um pouco afim de esperá-lo. E nem Ben. Fomos comprar nossos bilhetes, mas Clemi teve sorte porque, sei lá porque motivo, o trem deste horário era mais de dez euro mais caro. Então, resolvemos pegar o das 11h28.

Deborah, que é uma pessoa muito mais paciente do que eu, ligou para Clemi e o obrigou a acordar. Aliás, ela ligou para ele a cada meia hora. E ainda assim ele chegou atrasado, porque o combinado era às 11h na estação e ele chegou às 11h20. E quase perdemos o trem, porque a plataforma era do outro lado do mundo. Ben e Debbie correram, mas eu comecei a correr e não conseguia.

[Nota mental: voltar a fazer exercícios físicos assim que voltar para o Brasil!]

Deu tempo. Entramos no trem poucos minutos antes de partir. Mas eu estava quase chorando... Sabe, eu não falei em momento algum: 'quero fazer isso'. Para mim, tudo estava bom, o que decidissem estava ótimo, ia com todo mundo onde quisessem... Essa foi uma das poucas vezes que decidi fazer algo e eles eram muito bem-vindos a virem comigo... Mas quase perder o trem das 11h28, sendo que eu estava acordada desde às 07h? Cazzo!

Finalmente chegamos em Assis e não me arrependo por nada em ter ido. E tenho certeza de que Debbie e Ben também não, já que eles repetiram diversas vezes que a visita era bela. Clemi simplesmente não falava. Estava mudo e distante. Deixei isso para lá.

A Basílica é um show à parte. Mas a capela onde está o túmulo de São Francisco... Esse lugar mexe comigo. É de uma paz indescritível! Escrevi minhas intenções, deixei as velas como oferendas e sentei para rezar. Chorei. Chorei, chorei e chorei.



Agradeci e pedi muita luz para encontrar um bom caminho quando voltar para casa. Num ano de tantas perdas, no fim das contas, sinto que saio ganhando.

Saí da igreja ainda chorando e Benjamin me viu de longe, acenou, mas me deixou quieta no meu canto. Eu gosto disso entre nós: esse respeito velado, essa cumplicidade silenciosa.

Quando todos estávamos prontos, seguimos para o turismo na cidade. Caminhamos muito e é realmente um posto a se conhecer.

No trem da volta, trocamos nossos presentes de Natal: eu tirei Ben e o presenteei com um porta-retrato da AS Roma, com uma foto nossa no estádio; Clemi me tirou e me presenteou com um avental com o 'pipi de David de Michelangelo' porque eu fiz o curso de cozinha italiana e fiz os doces da festa sulamericana; Debbie tirou Clemi e o presenteou com uma capinha de celular da Juventus; e por fim, Ben tirou Debbie e a presenteou com uma espécie de capas para as partituras (ela estuda música) que ele trouxe do Marrocos.

Aliás, ele nos presenteou com lembranças do Marrocos e, agora, nós quatro temos a mesma pulseira. <3. Eu também presenteei a todos, com um carrinho de Roma. Detalhes... carinho!

Cheguei em casa morta de cansaço, mas ainda ajudamos Clemi via whatsapp a fazer o teste de inglês para ele entrar na escola em Miami, onde vai estudar no próximo ano.

Apaguei!


Giorno 80 - O dia em que aprendi que para agradar a si mesmo às vezes é preciso desagradar alguém

A terça-feira (16/12) não estava mais bonita do que o dia anterior. Ainda chovia muito. Fui para escola com o meu habitual atraso e quando a aula terminou, esperei Gabriel que estava retornado a Roma. Fizemos check-in no hostel e fomos almoçar ali por perto.

Depois, fiz algumas compras e fui para casa, pois combinamos de nos encontrar às 18h na Termini. Neste meio tempo, Clemi queria fazer alguma coisa, mas eu já havia dito que este era o dia do Gabriel. Além do mais, queria tomar um banho, me arrumar para sair e essas coisas de menina.

Nos encontramos na Termini e fomos esperar o resto do pessoal no Yellow Bar, onde já começamos a beber uma cerveja. Ben veio se encontrar comigo, mas Clemi ficou de #mimimi sei lá porque.

Quando estávamos todos por lá, resolvemos ir até San Lorenzo jantar e, depois, beber no bar que faz bebidas com muito álcool por apenas 3,50 euro. Demos muita risada, como de costume.

Clemi chegou já no bar e estava bem estranho, mas achei melhor não falar nada porque já disse mais de uma vez que essa é uma viagem para mim e não tenho que ficar dando satisfações das minhas escolhas e minhas decisões para ninguém. Na minha opinião, ele estava sendo infantil, porque eu e o Ben estávamos nos divertindo muito.

Em algum momento eu e Ben estávamos conversando e Clemi queria saber do que se tratava, mas eu não falei nada porque era coisa do Ben. Logo percebi que ele também queria desconversar e foi o que eu fiz. Foi quando Clemi me disse:

- Ok, se eu for sincero com vocês, vocês também serão comigo?

Nenhum dos dois respondeu nada. E ele continuou:

- Você quer saber porque eu estou estranho? Porque você me 'dá fastidio'. (numa tradução rápida, significa incômodo, desgosto...)

Ele mal acabou de falar e eu posso imaginar minha cara, que não esconde em nada minhas emoções, tanto que Benjamin na hora disse que não acreditava que ele estava dizendo isso. Saí. Fui para o banheiro. Aquela frase ecoava na minha cabeça e parecia um punhal no meu estômago.

Tudo isso porque, de vez em quando, quero ficar em casa? Quero sair com meus outros amigos? Quero fazer as minhas coisas sozinha?

Tudo bem que sou 10 anos mais velha que ele e isso pode significar muita coisa em certos momentos, mas eu fiz tudo o que ele queria, sabe... E quando decido fazer o que eu quero tenho que ouvir uma coisa dessas?

Ele foi atrás de mim, me pediu desculpas e resolvi deixar pra lá. Mas eu sabia, dentro de mim, que aquela frase tinha rompido com alguma coisa.

Mas, acima de tudo, foi essa frase de um garoto de 19 anos que me ensinou, nos finzinho dessa viagem, que às vezes, para agradar a mim mesma vou ter que aprender a lidar com o fato de que posso desagradar os outros. E caros, para mim, isso não é fácil!

Deborah chegou logo depois com Giuliano, mas também ficaram pouco.

Resolvi ir embora por volta da uma e não foi muito fácil dizer tchau para o Gabriel, que de todos, é com quem me sinto mais eu. Acho que por causa da idade e também porque somos brasileiros e sabemos das mesmas dificuldades que devemos enfrentar... Foi um abraço longo, verdadeiro, mas um pouco sofrido....

Clemi foi para casa comigo, mas não estava muito afim de papo....


Giorno 79 - Time Elevator e as oito horas dentro de um pub

A segunda-feira (15/12) estava feia: cinza, fria e chuvosa. A aula - que só fui no segundo tempo, como de costume - foi uma chatice. Acho que minha paciência para escola acabou, rs!

O bar da escola está fechado para reforma e só abre o ano que vem, então, eu, Clemi e Rocio almoçamos em um restaurante ali por perto e depois seguimos para o Time Elevator, que Clemi quer ir desde o dia em que chegou aqui.

O Time Elevator é um simulador que conta a história de Roma. Dura um pouco mais de meia hora e custa 12 euro para entrar, com fones de ouvido para escolher a língua de sua preferência e alguns efeitos especiais, como espirar água ao falar das fontes.

É divertido, é interessante e é bastante cultural. Mas já disse mais de uma vez aqui que acho que sou muito americana, porque se isso fosse uma atração nos EUA, certamente teria se modernizado e seria uma coisa imperdível, ao invés de uma atração escondida que quase ninguém conhece.



Quando saímos de lá, a chuva não colaborava. Então, resolvemos ir até um pub irlandês, onde Benjamin nos encontrou. Fiquei feliz em vê-lo, já que fazia uma semana que não nos encontrávamos. Parece estúpido, eu sei, mas eu já estava com saudades!

Chegamos no pub às 15h30 e, acreditem ou não, tomamos um café. Mas o não-acoolismo não durou muito e logo começamos com a cerveja. Resolvemos participar de um quizz, o que foi uma ideia idiota porque era um especial de Natal MUITO regional do Reino Unido, mas divertidíssimo porque nós éramos os únicos 'italianos' de lá, incluindo os garçons que não falavam italiano.

Em algum momento apareceu a foto de Totti no telão e Ben gritou: 'C'è solo un capitano!'. A reação foi inesperada: silêncio! Absolutamente ninguém entendeu o que ele estava querendo dizer! hahahaha!

Sem contar as meninas sentada atrás de nós, que eram muito competitivas e irritantemente britânicas e isso foi prato cheio pro Ben causar com elas a noite inteira.

Quando resolvemos ir embora já eram quase meia-noite. hahaha! Passamos a tarde inteira no bar, bebendo, comendo nachos e dando MUITA risada! Valeu cada minuto! :)

domingo, 14 de dezembro de 2014

Giorni 77 e 78 - Sábado de compras, a pior balada de todas e o domingo de fazer nada

Acordei sábado (13/12) por volta das 10h e me encontrei com Clemi na Termini porque tinha prometido ajudá-lo a fazer compras para sua família. Fizemos um dia de turistas, haha! Andamos pela Via dei Condotii na manhã ensolarada, onde fizemos as compras que ele precisava. Almoçamos juntos. Gabriel tinha me convidado para almoçar pros lados de Trastevere, mas achei melhor ficar por ali mesmo.



Depois, seguimos para os lados do Vaticano, onde continuamos as nossas compras e acabamos na Termini. De lá, fui para casa, onde relaxei um pouco e aproveitei para ligar para Julia, minha afilhada americana que completava 7 anos (meu Deus, como o tempo passa!!).

Me arrumei e muito a contragosto saí novamente. Eu estava com um pressentimento de que esta tal de Qube não seria a balada da minha vida. E, como sempre, devo aprender a me ouvir.

Nos encontramos em San Lorenzo para o 'esquenta' e até aí, tudo bem. Mas quando seguimos para a balada, já senti que tinha algo de estranho. Pegamos o ônibus para o lado subúrbio de Roma. E quando chegamos na porta, já era quase uma da manhã e... bom, eu tentei deixar todos os meus preconceitos de fora, mas era difícil.

E não era uma questão de ser pobre ou rico, até porque tinha que pagar 15 euros para entrar. Era uma questão de: este, definitivamente, não é o meu lugar. Eu me sentia deslocada, como um peixe fora d'água. E eu e Gabriel fomos os únicos que não ficaram bêbados, não sei como. Lá pelas 4h decidi que ia embora e Gabriel decidiu o mesmo. Rocio veio com a gente e pegamos um táxi até San Lorenzo.

Então, Rocio disse que estava muito bêbada e que não podia ir para cama assim. Eu e Gabriel ficamos caminhando pelo bairro com ela, até que eu disse que ia para casa, porque estava com frio, sono e fome. Ele veio comigo e caminhamos até a Termini, onde esperamos o ônibus dele chegar e então segui para minha casa.

Quando entrei, às quase 5h, Santiago já estava acordado para ir trabalhar. Ele riu de mim e disse que quer ser como eu quando crescer. Dei um beijo de bom dia nele e fui dormir. Finalmente!

Quando acordei ao meio-dia do domingo, abri a janela e me deparei com aquela Roma cinza. Logo, decidi que este seria o dia de ficar em casa, colocar a vida de blogueira em dia, fazer call com os pais, arrumar o quarto e blablabla.

Porque fazer nada é tão bom quanto fazer tudo! :)

Giorno 76 - Ressaca moral

Eu simplesmente não existia na sexta-feira (12/12). Acordei para tentar ir à escola mas era fisicamente impossível: eu tinha dores no corpo e sem falar na dor de cabeça. Mas queridos, o que deu mesmo foi a consciência!

'Ma che casino ho fatto ieri sera?' - era a única pergunta que não saía da minha cabeça. Quando finalmente acordei, depois das 10h, Santiago não me disse bom dia, mas disse:

- Eu nunca vi uma mulher beber tanta cerveja quanto você ontem.

E eu me enfiei no chuveiro para ver se banho cura ressaca. Amigos: não cura! Pelo menos não a moral.

Eu fiz da balada um karaokê cantando 'Evidências' à capela. Tá bom pra vocês, ou devo continuar?

Bom, resolvi ir até à escola dar os presentinhos que havia comprado à Luiza e Roberto, meus professores que me fizeram crescer tanto por aqui. Quando cheguei, a escola inteira já sabia que eu tinha desmaiado (duas vezes) e todo o resto que... bom, deixa pra lá.

Minha cara estava no chão de vergonha. Foi Gabriel que a resgatou das cinzas quando chegou, me fazendo uma proposta irrecusável: Mc Donalds: a comida da ressaca! Fomos eu, ele, Rosio e Rahel. Ficamos horas sentados lá sem poder nos mover depois. Finalmente nos movemos e voltamos à escola, onde ficamos mais horas fazendo nada.

Comecei a me sentir melhor quando resolvemos caminhar até o Coliseu. E aí... bom, aí sim minha ressaca moral se curou: que imagem linda! Jamais vou me esquecer!



Eu não me canso de repetir como Roma não se cansa de me presentear todos os dias! Obrigada, Roma! <3

A caminho da Piazza Venezia, comecei a caminhar um pouco sozinha. Bateu uma melancolia, não sei... um aperto no coração, uma vontade sim fim de chorar. Gabriel me alcançou e começamos a conversar. Foi quando ele disse uma coisa sobre Roma que se encaixa na vida:

- A vida aqui é uma tristeza composta de pequenas frações de felicidade. 

Sorri. Gabriel tem esse dom, de sempre me arrancar uns sorrisos assim, sem querer.



Clemi nos encontrou na Piazza Venezia e de lá seguimos para caminhar pela Via Cavour, onde encontramos o resto do povo para um aperitivo de despedida à Dagmar.

Meu aperitivo foi à base de Coca-light. Voltei para casa e, para surpresa dos meus roomies, não saí mais. Dormi à meia-noite, graças a Deus!

Giorno 75 - A Festa de Natal

Na quinta-feira (11/12) fui à escola só para o segundo horário, porque eu sabia que também dormiria tarde, já que era o dia da Festa de Natal à escola. Pedi desculpas à minha professora, que entendeu super este meu novo momento na escola. Fizemos alguns ensaios para a apresentação da noite, alguns exercícios e, depois da aula, almocei na escola.

De lá, eu e Gabriel fomos até o mercado de San Giovanni, onde comprei mais algumas coisas que faltavam. No mercado, um vendedor indiano veio me perguntar se eu não lembrava dele. Eu, envergonhadíssima, disse que não. Foi quando ele se identificou como o mesmo vendedor do mercado de Porta Potrese, que se encantou pela minha tatuagem. Gabriel faz piadas disso comigo até agora, hahaha!

Depois, nós dois visitamos a Igreja de San Giovanni, que é bem bonita, mas não a mais bela de todas, na minha opinião.



Voltamos para nossas respectivas casas, nos arrumamos e nos encontramos na escola para um último ensaio antes da Festa de Natal.

A escola estava lotada de alunos e professores, que se empenharam muito nos preparativos. Principalmente as turmas de iniciantes, que enfrentaram o medo e subiram no palco para lerem poesias, cantarem canções e encenarem peças queridas, que trouxeram à tona todo o espírito de Natal, quase esquecido por nós.



Os professores estavam radiantes de orgulho. E não contive as lágrimas quando Soojin, uma aluna japonesa, tocou Natal Branco no piano. Foi lindo. Lindo era o clima, a alegria, a felicidade de todos. Minha classe preparou a leitura de uma poesia e, depois, uma canção que deixo aqui para vocês:


No meio de todas as apresentações, Gabriel já me trouxe uma cerveja. Ao final, brindamos todos com espumante. Ganhei também um vinho, porque venci o quiz de um das equipes. E Claudio, o gatinho italiano do melhor mojito do mundo, estava de volta ao bar. Ou seja: que noite, meus leitores. Que noite!!





Fizemos o aperitivo na escola e a comida estava uma delícia! A parte mais legal é que dessa vez meus roomies também estavam presentes: Santiago, Waldyr e Giovanni se juntaram a nós.



De lá, fomos todos para o Yellow Bar que eu não sabia, mas tem uma pista de dança na parte de baixo. Daí para frente, vou economizar nos detalhes para preservar a imagem coletiva e, principalmente, a minha mesma, que depois de desmaiar duas vezes na mesma balada (santo Beicker que me salvou!!), virei a atração da escola! =P

Foi de longe uma das noites que mais me diverti: estava sem limites e sem medo de ser feliz. E fui. Ahhh... como eu fui! :)

Vim embora com Rochella e Waldyr, o que garantiu a minha segurança para chegar viva!

Giorno 74 - Papa Franceso e Champions League

Não fui à escola nesta quarta-feira (10/12). Acordei tranquila, tomei banho, me arrumei e saí. Resolvi arriscar o Vaticano e tive sorte: o Papa Francesco estava lá na Piazza di San Pietro, fazendo a audiência geral. Cheguei mais para o fim, mas consegui vê-lo.


Fiquei lá um tempo, admirando a grandiosidade daquela praça, daquela igreja, daquele céu azul e daquele momento. Rezei, agradeci e pedi paz para mim e para os meus. É sempre bom!



De lá, segui para compras. No caminho, encontrei o mascote da Roma, meu time por aqui. Fiz foto, fiz a tiete, é claro hehe. A lista de compras era grande e eu precisava ficar um pouco sozinha, sabe? Pensar, refletir, começar a fazer um balanço interno de tudo o que vivi, aprendi, cresci...


O dia foi bom, bem tranquilo e no meu ritmo particular. Eu fiz o que quis, comi o que quis, a hora que quis, comprei o que quis... foi importante para mim!

Voltei para casa já no final do dia. Foi o tempo de me trocar e ir encontrar Clemi e Juan Pablo na Termini, para irmos para o Stadio Olimpico. Afinal, era dia de Liga dos Campeões: AS Roma x Manchester City.

O estádio estava lindo: vermelho e amarelo não só nas cores, mas no espírito e nos corações de cada um dos torcedores.



O jogo não foi exatamente bom, porque o time da Roma não é o melhor e acabou perdendo de 2 a 0 e, portanto, está desclassificada da Chapions. Mas valeu. Valeu muito a experiência de ver um jogo desses e, principalmente, de ver essa torcida apaixonada e enérgica!

Comemos um panini na saída do estádio e voltamos para casa. Já era mais de uma da manhã quando dormi!

Giorno 73 - A nova classe

Acordei no horário certo nesta terça-feira (09/12) porque não seria bacana chegar atrasada no primeiro dia de classe nova. A nova professora se chama Gianna e embora muitas pessoas tenham me alertado sobre o quão monótona a classe dela é, eu achei normal, como todas as outras. Tudo bem que Roberto tem um senso de ironia bastante peculiar, mas cada um é cada um, né? Achei ela bem simpática, educada, gentil.

O esquema da aula é quase o mesmo, mas o nível do texto que lemos, por exemplo, é mais elevado. Isso já foi possível de notar. Essa classe me faria um bem enorme, exceto pelo fato de que nesses últimos dias, a escola não é nem de perto a minha prioridade. Devo, aliás, conversar com Gianna sobre isso, para que ela não me ache uma aluna irresponsável. E também não é nada pessoa com ela. É apenas que... PQP, tô indo embora de ROMA!!!!

Bom, almoçamos na escola e, em seguida, eu, Clemi e Lia fomos fazer um pouco de turismo e a programação do dia era Palazzo Massimo e as termas da igreja de Santa Maria degli Angeli. O passeio foi ok. Não tinha anda de muito impressionante nos museus, mas foi um check a mais de coisas vistas em Roma. E nada vida. Afinal, cultura nunca é demais.





Depois, voltamos para escola e já era bem fim do dia. Mas foi lá que me despedi de Matias, que seguiu para passar as festas em família na Argentina, mas volta em janeiro para Londres, onde vive. Ele é um amigo querido, alguém que confiei aqui, com quem conversei muito sobre assuntos delicados. Ele é sensível, sensato e muito querido. Vou sentir falta, mas sei que vou revê-lo, provavelmente quando eu for a Londres.

Em casa, cuidei das minhas coisas. Fiz lavanderia, jantar e... fiz uma das malas para o Brasil. Dá para acreditar que já tá quase na hora de voltar?

Acho que não, porque mal conseguia dormir, de tantas milhões de coisas que passavam na minha cabeça! Quando peguei no sono, já eram mais de 4h!

Giorno 72 - Feriado na segunda-feira!

Acordei tranquila na segunda-feira (08/12) com uma mensagem do Gabriel, que já estava no Vaticano vendo o Papa na janela.

Fiz algumas coisas em casa e fui me encontrar com Benjamin na estação Barberini do metrô. De lá, caminhamos até a escadaria da Piazza di Spagna.

Eu queria ir a este vento, chamada 'Festa da Immacolata Concezione', motivo do feriado da segunda-feira; porque haveria a presença do Papa Francesco, que eu ainda não tinha visto por aqui. Benjamin disse que me faria companhia e seguimos juntos à multidão de fiéis católicos, turistas e curiosos.

Chegamos com uma hora de antecedência. O dia estava lindo. Ficamos um bom tempo conversando sobre como o céu azul de Roma é especial e como as cores do pôr-do-sol transformam a cidade. Fazia frio, mas eu não trocaria estar ali por nada!



Pouco depois, Clemi se juntou à nós. Quando o Papa finalmente apareceu, foi a maior decepção da vida: ele não desceu do carro e não era possível ver absolutamente nada. Fiquei frustrada!



Caminhamos sentido Piazza Navona e fomos no exato restaurante de ontem à noite, onde fomos muito bem recepcionados pelo proprietário que estava muito feliz em nos rever. Conversamos bastante e Debbie nos juntou por alguns minutos apenas.

Depois, fomos para o mercado de Natal da Piazza Navona, onde encontramos Gabriel e Renata e jogamos um jogo estúpido, mas divertido (uma corrida de cavalo) e comemos um crepe de Nutella que não era muito bom.

De lá, nos separamos. Os meninos foram para casa. Eu, Gabriel e Renata encontramos Fábio (roomie de Gabriel que também estuda na escola) e fomos em direção a Trastevere, mas acabamos entrando em um pequeno restaurante no meio do Gueto (bairro judeu) e fizemos uma belíssima refeição, com um risotto de batatas e trufas negras que era de se comer rezando!



Voltei para casa um pouco cansada, mas contente: o final de semana em Roma foi realmente bom! :)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Giorno 71 - Mercado de Porta Portese, Trasteveri e um giro turístico por Roma em duas horas

Acordei cedo no domingo (07/12) porque tinha combinado com Gabriel de ir ao Marcado de Porta Portese. Tomei um banho, me arrumei, tomei café na Termini e nos encontramos na estação Pirâmide do metro às 10h30. Caminhamos até o marcado, onde encontramos Tato.



Fazia um dia lindo em Roma: o céu não tinha como ser mais azul e o sol não tinha espaço para brilhar mais. Fazia frio, mas não era insuportável. Estava o dia perfeito para curtir a cidade.



Não ficamos muito no mercado, mas demos boas risadas, principalmente com um vendedor indiano que se apaixonou por mim, ou melhor dizendo, pela minha tatuagem de OM, que me rendeu 10 euro de desconto numa compra! Ótimo negócio e motivo de piada pronta para os meninos que não perderam a oportunidade de me zueram o dia inteiro, rs!



De lá, caminhamos calmamente por Trastevere, esse bairro simpático e charmoso de Roma. Chegamos à Piazza di Santa Maria in Trastevere, onde visitamos a igreja de mesmo nome e que é simplesmente maravilhosa: entrava sol pelas janelas e o jogo de luzes era algo impressionante. Entrei, sentei, rezei, agradeci. É só o que consigo fazer agora: agradecer!



Depois, resolvemos fazer um aperitivo antes do almoço e fizemos os tipo ricos que sambam na cara da sociedade e nos sentamos no principal bar da praça, onde tomamos nosso aperitivo: os meninos com o Aperol Spritz e eu com meu prosseco. Conversamos bastante e curtimos muito o sol, o dia, a vida!


De lá, fomos para um restaurante onde almoçamos mais caro do que gostoso, mas ok. Valeu o evento em si. Eles são companhias muito agradáveis e a gente se diverte muito! É bom sentir um gostinho de Brasil e, principalmente, é bom encontrar pessoas que entendem esse momento confuso que nem eu sei explicar, mas que não julgam ou criticam.

Me sinto bem ao lado deles, especialmente de Gabriel, que sempre respeita muito todo mundo e olha a vida com bom humor. Gosto disso: sempre tem uma coisa divertida a dizer, uma piada a fazer. Contagia todo mundo e arranca sorrisos inesperados!

No restaurante, fiz um call rapidinho com minha família porque demos de presente o ingresso do jogo do Palmeiras para meu pai e eu participei da entrega do presente à distância, rs!

Também resolvi pagar a parte do Gabriel, porque ele sempre pega várias coisas para mim. Foi difícil convencê-lo, mas ao fim, aceitou.

De lá, caminhamos ao Lungo Tevere, ou seja, às margens do rio. Nos despedimos de Tato, que tinha que fazer malas, e eu e Gabriel caminhamos até a Isola Tiberina, uma pequena ilha que fica no meio do Tevere e é bem simpática.





Depois, fomos até a casa dele para ele pegar mais um casaco e, de lá, fomos para Termini, onde nos separamos: eu vim para casa, também para pegar mais casaco; ele foi buscar a Renata, que é uma amiga de uma amiga e veio para Roma por pouco mais que 24h.

Encontrei eles novamente e resolvemos fazer um giro turístico, porque Gabriel tinha me pedido companhia e ajuda nesta missão que parecia meio chata, mas acabou sendo bem bacana!

Pegamos o metrô até a Piazza del Popolo e de lá começamos a caminhada pela Via del Corso, onde encontramos Benjamin e Clemi, que nos acompanharam. De lá, fizemos Piazza di Spagna, Fontana di Trevi, Piazza Barberini, Pantheon e Piazza Navona, onde tomamos um aperitivo muito agradável.

Clemi e Benjamin também estão mais sociáveis e a noite foi bem agradável!

Esses meus 'stronzi' mais queridos! :)

De lá, pegamos um ônibus e eu, Gabriel e Renata descemos na Piazza Venezia e os meninos foram embora. Caminhamos até o Coliseu, passando por todo Fórum Romano.

Já era mais de uma da manhã quando voltei para casa, simplesmente mora de cansaço do tanto que tinha caminhado neste domingo simplesmente inesquecível que está entre os melhores dias desta viagem. :)

Tomei um Dorflex e apaguei!

Giorno 70 - Um sábado tranquilo

Acordei completamente imprestável no sábado (06/12). Cansada nível dores musculares. Benjamin me escreveu e resolvi que iria assistir à partida Roma x Sassuolo com ele e Clemi, porque precisava ficar um tempo com os dois, já que quando estamos apenas nós eles são aqueles meninos gentis e carinhosos que conheci e por quem me encantei.

Arrumei minhas coisas por aqui, tomei um banho e me agasalhei para sair de casa. Parei no restaurante da minha rua que eu gosto para comer algo, já que estava sem café da manhã e nem almoço e já era quase 16h.

Pedi uma deliciosa massa ao molho de queijos e o garçom me viu com o cachecol da Roma e me tratou muitíssimo bem, já que também era romanista, rs.



Encontrei Clemi e Ben em frente à parada do tram na Piazza del Popolo e um amigo deles, francês, também foi com a gente na partida, o que significou uma noite toda de francês!

O estádio estava lindo. Primeiro porque estava cheio e é sempre bonito de ser ver isso. Segundo, porque estava repleto de crianças, idosos, famílias completas... Porque além de ser uma partida mais tranquila, começava às 18h, o que proporcionou um ambiente bem tranquilo e familiar.

A Roma quase fez a gentileza de perder, mas ao fim, empatou. Menos mal!

Quando saímos do estádio resolvemos comer uma pizza. Tato e Gabriel também me escreveram, me convidando para jantar e, num primeiro momento, tinha pensado em encontrá-los depois do jogo, mas logo percebi que com o meu estado de cansaço não seria possível.

Então, eu, Clemi e Benjamin fomos a um restaurante qualquer e nos divertimos muito. Fiquei feliz de 'reencontrar' nos meus amigos aquilo que tanto gosto neles: a simplicidade das pequenas coisas que nos faz tão felizes quando estamos juntos.

Depois, tomamos um belo sorvete de sobremesa e fomos para casa. :)

Giorno 69 - A festa sulamericana

Acordei muito cansada na sexta-feira (05/12). Sinceramente, não sei quando vou ter tempo de descansar e não sei o quanto vou aguentar esse ritmo. Mas vamo que vamo!

Cheguei à escola para a segunda aula e Roberto, meu professor, riu de mim, mas estava contente com meu desempenho em sua turma. A aula foi divertida e, ao final, agradeci a ele por tudo que eu aprendi ao longo dessas semanas. Era meu último dia na sua turma, pois a partir da próxima semana estudarei com Gianna, num nível mais alto.

Almocei na escola e depois vim para casa, onde passei quase a tarde toda preparando a playlist da festa. Voltei para escola por volta das 18h, quando fui para cozinha: as sobremesas eram por minha conta: musse de maracujá e brigadeiro!



Além disso, eu e Gabriel preparamos pão de queijo. Foi bem legal esse momento, aliás. Conversamos muito sobre a vida em geral... Sobre as nossas vidas, sobre insegurança, sobre medo, sobre sonhos, sobre trabalho, viagens... Sobre o que queremos e o que não queremos.

Gabriel tem 30 anos, trabalha na IBM, mora em Americana, fala alemão fluente e é apaixonado por Berlim. Além de ser educado, gentil e sempre divertido, acho que estamos em momentos parecidos das nossas vidas, o que nos aproxima de alguma maneira. Além, é claro, do fato de sermos brasileiros e de termos quase a mesma idade, o que é raro aqui, onde a faixa etária é de pessoas que nasceram depois de 1990!! haha!

Matias, argentino, se responsabilizou pelas empanadas de carne. Juan Pablo, venezuelano, fez as arepas. Tato, também brasileiro, encomendou coxinha e risoles. Thais, brasileira, trouxe limão e açúcar para caipirinhas.

As comidas estavam simplesmente deliciosas. E, cá entre nós, nossa festa foi um sucesso!



Em algum momento da noite, chegaram alguns amigos de Mara e Erica (donas do bar) e eu simplesmente me apaixonei por Claudio porque ele fazia o melhor mojito do mundo! Sério!

Os brasileiros: Gabriel, eu e Tato <3

Essa noite Clemi e Benjamin estavam estranhos: distantes de todos, meio excluídos por opção... eu não gosto disso, de dividir os grupos. Agora somos em cada vez menos e gosto de todo mundo... É difícil para mim ter que escolher as companhias.

E fiquei bem chateada com Clemi porque Gabriel me disse que havia pago 60 euro de cerveja na noite anterior e Clemi duvidou dele quando lhe disso. Sabe, eu gosto de acreditar nas pessoas até que elas me deem motivos claros para não o fazer. E Gabriel não me deu motivo nenhum para duvidar do quando ele gastou em cerveja no bar. Simples assim. Fiquei chateada mesmo.

Só para não perder o ritmo, eu abusei do álcool na festa. Comecei tomando vinho enquanto preparava a comida. Depois, passei para caipiroska. Em algum momento, me presentearam com um shot de cachaça - que eu nem gosto! - e acabei a noite tomando cerveja.

Eu não parecia muito bêbada, mas na hora de ir embora, fui para o sentido oposto de casa e demorei muito para perceber o que tinha feito. Chovia muito, fazia frio, eu estava cansada... Sinceramente, essa foi a coisa mais estúpida que eu fiz. Foi perigoso e imbecil. Principalmente porque Clemi estava comigo até certo ponto, mas depois me disse que ia par ao outro lado pegar o ônibus: ma che cazzo! Eu sabia que devia ir pro lado do ônibus, sabe?

Uma imbecilidade sem fim! Mas cheguei em casa sã e salva (meu anjo da guarda da trabalhando em dobro por aqui, rs!) e apaguei!


Giorno 68 - O exame de proficiência

Acordei na quinta-feira (04/12) cedo. Tomei um banho, me troquei (e escolhi uma roupa bem confortável), tomei café e me preparei para ir à escola. Antes de sair de casa, encontrei Santi que me disse:

- Aqui na Itália não se diz 'boa sorte', se diz 'in boca al lupo'.

E eu respondi:

- Crepi

Ele sorriu e me disse:

- Boa, Talita! Se você já sabe isso, vai passar no teste!



Caminhei tranquilamente até a escola. Quando cheguei, pedi um café e ganhei dois pedaços de bolo de presente da família proprietária do bar, que são sempre gentis.

Quando segui para o teste, queria desistir. De repente, bateu um medo de falhar. E se eu não passar? Agora o mundo inteiro tem acesso a este blog e sabe que eu posso ser um fracasso no italiano depois de estudar por três meses.

Lembrei de quando fui visitar o Parque do Harry Potter, na Universal Studios de Orlando, na Florida (EUA), há alguns anos. Antes de eu ir, minha grande amiga Madá pediu que eu lembrasse dela quando entrasse na montanha-russa. Eu não sou exatamente fã de montanhas-russas porque deteste ficar de ponta cabeça, então, quando entrei no carrinho, bateu um leve desespero porque vi que dali não tinha volta. Xinguei a Madá gritando bem alto a cada looping. Não deixou de ser uma lembrança, né? rs.

Mas o fato é que a caminho do exame CILS (Certificazione di Italiano come Lingua Straniera) me senti exatamente como naquela montanha-russa: com um leve desespero, mas sem caminho de volta: só me restava completar o percurso e acabar com a ansiedade.

Fiz o exame e antes que me perguntem, já respondo: completei a prova inteira e não deixei nada em branco. ACHO que fui bem, mas não quero criar grandes expectativas. O resultado só chega daqui um bom tempo, tipo março/2015, então, não posso mais pensar nisso!

Depois do exame, almocei na escola e eu, Gabriel, Tato, Matias e Thais (uma brasileira que chegou essa semana, mas que já estudou na escola no começo do ano) fomos até um supermercado perto do Vaticano onde se vende produtos brasileiros.

Chovia torrencialmente e Roma era um verdadeiro caos cinza.

Quando chegamos ao supermercado descobrimos que não conseguiríamos fazer o que havíamos pensado porque os produtos não eram muitos e o que tinha era muito caro (tipo uma garrafa de cachaça 51 a 20 euro - VINTEEURO!!!).

Então, mudamos um pouco o esquema da festa e a transformamos em sulamericana, o que foi ótimo!

Quando saímos, a chuva tinha sumido e um belo arco-íris tinha tomado conta do céu de Roma, que não se cansa de me surpreender a cada dia e que me lembrou que até mesmo os dias mais cinzas têm cores a serem apreciadas.



Voltamos para escola e encontramos todo mundo por lá, então, decidimos caminhar até o bar de Fabrizio, porque era o último dia de Joel a Roma, um suíço da parte francesa.

Fazia um frio absurdo e eu não tinha 1 euro na carteira porque tinha esquecido de pegar dinheiro, mas Clemi e Gabriel fizeram a alegria da minha noite e a quinta-feira que era para ser tranquila se transformou num 'casino' e com todo mundo bêbado.

Rolou pegação, rolou desilusão amorosa, rolou bate-boca de mulher... uma bagunça. Mas dessa vez eu e Gabriel éramos os brasileiros espectadores: assistimos tudo de camarote e demos muita risada porque, né... pimenta nos olhos dos outros é refresco, rs!

Na hora de ir embora eu fiquei meio brava porque de novo a galera tinha ido embora do bar do Fabrizio sem pagar a conta. Gabriel tinha me avisado que já tinha pagado a cerveja, mas Joel acabou pagando 50 euro de diversos shots e drinks que não tinham sido pagos.

Voltei para casa e apaguei porque estava muito muito cansada! :)