quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Giorni 32 e 33 - Galeria Borghese, Hard Rock Café e a última aula de cozinha italiana

Eu perdi a primeira aula da quarta-feira, 29/10, porque minha garganta não ajudou: acordei péssima e acho que até febril. Assim que tomei um remédio e voltei para cama, mas cheguei a tempo de fazer a segunda parte da aula, que foi bem divertida, com os exercícios de diálogos que eu adoro.

Cada dia que passa percebo que são poucos os alunos que realmente entendem as piadas inteligentes e sarcásticas do nosso professor. Eu, particularmente, adoro. Mas acho que as pessoas não veem muita graça, hehe.

Assim que a aula acabou, voltei para casa, tomei um banho e me arrumei para encontrar a Viviane na Vila Borghese, porque nosso ingresso era para às 15h. Comi um panini na estação e peguei um ônibus, porque a estação de metrô mais perto de lá ainda é longe e realmente não estava no clima de caminhar. O problema é que o ônibus estava insuportavelmente quente. Acho que eles ligam aquecedor nos ônibus aqui, o que me parece uma idiotice, pois o calor humano já é mais do que suficiente. Além do mais, essa mudança brusca de temperatura não faz bem a ninguém.

Eu tinha perguntado para a motorista do ônibus (sim, uma mulher, não escrevi errado) onde deveria descer, mas eu não esperei a minha parada: o ônibus ficou tão, mas tão, mas tão cheio, que comecei a me sentir mal de verdade naquele calor, além se sentir o suor escorrer pelas costas. Delicinha #sqn!

Pulei do ônibus e liguei o Google Maps, que nunca foi tão usado para trajetos a pé, e percebi que eu estava a apenas 10 minutos do meu destino, assim que caminhei tranquilamente e cheguei pontualmente à Galeria Borghese, mas tive que esperar a Vivi, que chegou uns 15 minutos depois.

Entramos e começamos nosso passeio por um dos mais bonitos museus que já visitei, não só pelas belíssimas obras de arte de Bernini, Caravaggio, Tiziano e tantos outros; mas porque o edifício em si é um show à parte, com pinturas no teto e obras de mosaico no chão. Um espetáculo! Gostei muito, especialmente do David de Bernini, que tem muito mais vida e movimento que o de Michelangelo.



Uma coisa curiosa é que deixei a câmera fotográfica em casa. Quando comecei a viajar, tirava fotos de cada pedacinho de obra e arte que encontrava pelo caminho, mas depois nunca mais nem lembrava ou nem sabia o que significavam. Hoje sei que esse tipo de foto é um desperdício e que nada substitui a experiência de olhar essas obras de arte com os próprios olhos, e não através das lentes.

Nada contra quem o faz. Viviane, por exemplo, queria registrar tudo nos mínimos detalhes. Eu deixei. Respeitei. Como ela mesma me disse, quem sabe um dia ela vai ter viajado o suficiente para pensar como eu e ser tão desapegada nesse sentido como sou hoje.

A Galeria Borghese é um passeio que vale a pena. MAS - sim, a vida é dura e quase sempre tem um 'mas' - achei um tanto quanto inconveniente o fato de que tivemos que comprar o ingresso com uma semana de antecedência, mas só tivemos DUAS horas para realizar a visita completa.

Às 17h começou um alerta nos informando de que deveríamos sair do prédio porque o nosso período de visita havia se esgotado. Ignoramos umas duas vezes, até que a segurança pediu que nos retirássemos. Achei que estava fechando, mas só quando saímos é que entendi que a visita tem um tempo de duração.

Não tinha entendido isso quando comprei o ingresso uma semana antes e ninguém nos alertou quando entramos. Achei um erro e também um desrespeito. Em duas horas é possível fazer uma visita simples. Mas se quiser assistir duas ou mais vezes o carrossel que gira; ou se quiser ficar parado e apreciar qualquer obra por mais de cinco minutos... bom, duas horas não são o suficiente para visitar um museu de arte, isso é fato!

Quando saímos de lá já estava começando a escurecer e eu sugeri à Vivi que fôssemos até o Hard Rock Café, comer CARNE! e fazer algo mais americanos do que italiano, só para variar, rs.

Quando jogamos no Maps para vermos qual era a distância, descobrimos que estávamos ridiculamente perto da Via Veneto, rua onde se localiza o Hard Rock daqui. E foi um passeio delicioso, porque eu não tinha estado na Via Veneto antes, e é uma rua bem chique, cheia de hotéis, restaurantes e café luxuosos.



No Hard Rock a espera para jantar era de 45 minutos, mas não tínhamos pressa: tomamos uma cerveja no bar e conversamos bastante. Foi traquilo e nem vimos o tempo passar. Quando sentamos à mesa, já sabíamos o que queríamos: eu fui de tradicional hambúrguer com batata frita, enquanto a Vivi não resistiu à costela! Comemos MUITO! Foi um programa caro (por volta de 30 euros por pessoa), mas não fazemos isso sempre e valeu bem a pena!

Principalmente porque na lojinha do Hard Rock já risquei dois presentes da minha lista que não existia, mas depois de comprar estes, fiz uma lista de todos os presentes que devo comprar.




Na hora de voltar para casa, procuramos pelo metrô mais perto e descobrimos que a linha A, que serve tanto à Vivi quanto a mim, estava a apenas dois quarteirões de nós. Como bem observou a Vivi, tudo tem dado MUITO certo para nós por aqui. Até a localização da estação de metrô é exata no momento em que precisamos!

Ela tem razão. Nós não temos feitos grandes planos: decidimos as coisas conforme temos vontade, fazemos aquilo que nos agrada, mudamos de ideia quando nos convém... E, de alguma maneira, esse jeito 'light' de levar a vida acaba favorecendo para que as coisas se encaixem sem grandes esforços. É como se a vida estivesse retribuindo a nós o carinho que estamos tendo por ela.

Em rempo: Obrigada, vida! :)

Cheguei em casa, fiz lição de casa e dormi cansadíssima!


Não foi tão difícil de levantar na quinta-feira, 30/10. Fui para escola 'on time', mas o professor chegou atrasado porque o metrô da linha B estava fechado sem explicações (bem-vindo a Roma!) e isso o deixou levemente de mau humor, mas logo tudo se ajeitou.

O exercício com os verbos conjuntivos não foi tão difícil hoje, o que me faz pensar que finalmente estou entendendo melhor essas conjugações loucas daqui! rs!

Na hora do intervalo, conversamos bastante e nos divertimos muitos uns com os outros.

Naquele momento percebi que formamos uma boa turma de jovens adultos estrangeiros que se respeitam e se gostam, muito embora pouco se conheçam.

Ao fim da aula, perguntei ao Jesper se ele estava pronto para ir embora. Ele disse que sim e que não. Que sim porque sente falta da família, dos amigos e da comida da mãe, rs. E não, porque não está preparado para retomar à vida real.

Pensei então que eu também não estou preparada para retornar à vida real. Porém, como disse a uma amiga, não sei o que quero fazer quando retornar à casa, mas este um mês longe já me fez ter certeza do que eu NÃO quero fazer. Acho que já é um começo, né?

Almocei na escola com Sara e outras pessoas da nossa sala e seguimos para a aula da tarde. 

Ao começarmos a corrigir o texto escrito por Katherina, a professora pediu sugestões de melhorias, mesmo que não fossem erros propriamente ditos. E eu sugeri que ela invertesse a ordem do texto, começando do fim para o início, para melhorar o fluxo da leitura. E, também, fiz diversas outras sugestões pontuais do ponto de vista de edição mesmo.

Luiza, a professora, me elogiou. E eu disse:

- Não tenho domínio da gramática e ortografia italianas, mas de escrever e editar eu entendo. Sou boa no que eu faço. Rs!

Ela ficou contente. Disse que pela primeira vez me viu demonstrar confiança em algo que estou fazendo aqui e que isso é muito importante para a melhoria do meu desempenho no aprendizado da língua.

Ahh a insegurança. Essa característica que me mata!

Mas fiquei contente com o elogio e, no intervalo, Katherina veio pedir outros conselhos sobre maneiras de escrever e achei muito legal. Ela respeitou minhas dicas e edição porque ela, assim como Sara, claramente não tem uma noção lógica da escrita.

Esta semana fui melhor com pronomes e verbos do que na semana passada. E gabaritei a interpretação de texto, o que me alivia um bocado! rs!

A aula acabou mais tarde e, por isso, cheguei com 15 minutos de atraso à casa de Don'Anna, que reparou no meu atraso.

Acho curioso como os italianos não relevam as coisas. Tipo, eu pedi desculpas pelo atraso. Ela disse que não tinha problema, mas lançou um: 'tudo bem, você chegou 16 minutos depois do horário marcado, mas tudo bem...". Jogam na cara mesmo, sabe? rs

Mas enfim. A aula de hoje foi cansativa, porque acho que eu estava cansada e ela também. Mas ela me fez cuidar dos frutos do mar, enquanto me ensinava como preparar o risotto. Aliás, este era o menu:

- Risotto al pescattore
- Peperonata alla siciliana (que eu nem curto muito pimentão, mas quis aprender para fazer para o meu pai, porque acho que ele vai adorar)
- Crostata de frutas vermelhas





Como hoje era o último dia de aula, Don'Anna preparou todas as receitas impressas para mim e mandou encadernar. Mas elas não viu como ficou e, quando eu fui ver, notei que a encadernação estava toda errada, com páginas invertidas. Coitada! Ela ficou arrasada! Me deu um aperto no coração!

Por mim, tudo bem! É só uma questão de virar o caderno, ou de mandar reencadernar aqui no Brasil. Mas quando ela descobriu que eu fico aqui até dezembro, estava decidida a mandar refazer e me entregar na escola na próxima semana. Vá be'!

Voltei para casa e quando cheguei, senti o calor forte do aquecedor. Encontrei o Giovanni e o Santiago na cozinha e falamos sobre minha dor de garganta. Ambos estão mobilizados com a causa e mandaram eu sempre usar moletom, mesmo em casa, para o organismo não sentir o choque térmico e me recomendaram fazer gargarejo com limão.

Giovanni me garantiu que todo bom romano tem dor de garganta o tempo todo e me senti em casa, hehehe! Mas prometi comprar limão e acho que um pouco de mel vai bem também.

Durmo cansada esta noite. Mas satisfeita com meus pequenos progressos diários!

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

1 mês em Roma e as 5 coisas que eu amo nesta 'città'

Depois de um mês morando nesta cidade incrível, resolvi destacar as minhas cinco coisas preferidas daqui...

1 - Os monumentos históricos

É incrível como Roma é mesmo um museu a céu aberto. Você sai do metrô e... ops, olha ali o Coliseu. Caminha um pouco mais adiante e... veja só o Fórum Romano! Ah, mas ali embaixo tem a Piazza Navona com a Fontana dos Quatro Rios, o Pantheon, e se passar pela Villa Borghese chega rapidinho à Piazza di Spagna. A Fontana di Trevi está ali para todos e atrás do Monumento a Vittorio Emanuele na Piazza Venezia, tem uma praça esculpida por Michelangelo, para quem quiser apreciar. Isso sem falar em todas as igrejas com suas infinita sobras de arte e o Vaticano em si.

Caminhar por Roma é entrar num túnel do tempo e viajar pela história da humanidade!




2 - Água potável de graça e para sempre

Não importa aonde você vá, sempre haverá uma 'bica' de água potável pronta para beber. A água da torneira de casa, dos restaurantes e bares também é potável.
Se por um acaso a água não for boa para consumo, o que é raro, há uma placa advertindo.

A cidade inteira parece pura e cristalina com tanta água.




3 - A comida

Não tem como comer mal em Roma. Sério. Tem opções para todos os gostos. Além do mais, qualquer 'panini' é simplesmente delicioso.

Essa culinária mediterrânea é muito saborosa e faz muito bem saúde, embora seja baseada muito em carboidratos. Mas é leve, natural, deliciosa!

E uma vantagem é que não é uma cidade cara para se comer.

Para mim, um dos melhores lugares do mundo no que se refere à comida!



4 - O estilo dos italianos e das italianas

Não tem o que falar: eles são muito bonitos; elas ainda mais.

Aqui não tem a frescurite aguda de 'homem que é homem não se arruma'. Não. Em Roma, homem que é homem, usa cachecol, meias coloridas que combinam com a malha; óculos de sol espalhados, calças justas etc.

E as mulheres? Ah... sobra confiança para elas, que estão sempre maquiadas, valorizam o natural dos cabelos cacheados e sobem e descem de suas motos com muita classe e no salto alto, é claro!




5 - O espaço público é de todos e para todos

Acho que isso é o que eu mais gosto aqui: os cidadãos entendem o conceito de espaço público e usam isso como se deve. É claro para eles que o 'público' significa 'de todos', assim que é muito comum ver as ruas e praças lotadas de pessoas conversando, bebendo, fumando e se divertindo. 

É normal, por exemplo, comprar uma garrafa de vinho e sentar-se com os amigos na escadaria da Piazza di Spagna para conversar e curtir a noite. 

Aqui não é preciso entrar num bar, restaurante ou balada para curtir 'a night' com os amigos: a rua é o lugar perfeito para isso. 

Acho que este é um dos motivos que a noite de Roma é especialmente charmosa.


terça-feira, 28 de outubro de 2014

Giorno 31 - As lembranças que deveriam ser esquecidas

A terça-feira foi puxada.

Durante a aula da manhã o professor começou as atividades com um jogo meninos x meninas em que ele dava o verbo no infinito + modo + tempo + pessoa e deveríamos acertar a conjugação corretamente. Tomamos uma lavada dos meninos. Primeiro porque eles realmente raciocinavam mais rápido do que nós, segundo porque eles tinham mais confiança em responder, mesmo que errassem, do que nós. E o professor me chamou atenção em relação a isso: ele disse que mais que uma vez me ouviu dando a resposta correta para o grupo, que não estava seguro, e por isso acabei ficando insegura também. Preciso confiar mais em mim. Palavras dele e que fazem muito sentido neste momento da minha vida.

Fora isso, senti alguns momentos estranho na aula, especialmente em relação à Janine, garota colombiana que, na minha humilde opinião, precisa ter um pouco mais de respeito com o professor, que é sempre tão gentil e paciente, e com a aula em si. Ela vive no celular e chega até atender o telefone dentro da sala. Além disso, sempre que alguém comete um erro, ela se mete a corrigir de maneira impaciente e acaba parecendo grosseira, embora eu não ache que ser mal educada seja a real intenção dela.

O problema é que ela não gosta justamente do que eu adoro: exercícios de repetição oral e de audição, diálogos com os colegas, construção de diálogos com o professor etc.

Sinceramente, não sei o que essas pessoas fazem nessa escola. Claramente não teremos aula nos padrões regulares de sala de aula. Acho que isso já ficou mais do que claro. Se é o que procuram, não se matriculem na Dilit. Apenas isso.

Bom... Pela primeira vez vi Roberto, nosso professor, se irritar com essa coisa do celular na sala de aula. Mas no geral, ele contorna bem toda a situação.

Almocei com Sara numa cantina perto da escola e quando chegamos à aula da tarde, vimos que temos um novo companheiro de classe: Victor, que é metade boliviano, metade russo.

Acha que domina perfeitamente o italiano (e ele pode até ser melhor que nós, mas se dominasse tão bem o idioma não estaria no mesmo nível de teste que nós); chama atenção das pessoas na sala de aula como se tivesse alguma autoridade para isso e despreza toda e qualquer atividade proposta pela professora.

O mais curioso é que ele e Luiza, nossa professora, já se conheciam anteriormente e ela adora ele. E outra coisa que me chamou atenção é que essa opinião que tive sobre ele foi coletiva: eu não falei nada, mas assim que saímos da sala, Sara e Clement comentaram exatamente isso. Até a Catarina, que é uma aluna que só faz essa aula da tarde, e é uma querida, comentou que não gostou do jeito dele. Vai ser bem difícil!

Ao fim da aula, convidei Catarina para ir jantar com a gente amanhã, porque ela mora sozinha aqui, num convento (é bem comum meninas morarem em conventos aqui) e quase não tem vida social. Ela ficou bem feliz com o convite e aceitou! :)

Enquanto esperava a hora de seguir para a aula de culinária, ficamos no café da escola: eu, Clement, Sara e Lia, que chegou à escola para assistir um filme com Sara. Eis que na rádio do café, que é a mais eclética do mundo (outro dia estava tocando 'Garota Nacional', do Skank!), começou tocar justamente AQUELA música que não era para tocar nem nesta rádio e nem nenhuma outra. Sabe?



Aquela música que lembra aquela pessoa, que traz à tona aquelas lembranças, que desperta aqueles sentimentos que você pensava ter esquecido, mas percebe que de repente estão todos ali, prontos para jogar na sua cara que você ainda não superou o que deveria ter superado há anos, e que é por isso que ainda não está pronta para seguir em frente.

Foi mais que um tapa na cara: foi uma facada no coração. Escutar aquela música deixou o café que eu degustava azedo. Trouxe um sabor amargo à boca, um aperto triste no estômago, uma pontada forte no coração.

Às vezes tenho a sensação que certos sentimentos são capazes de nos causar dores físicas.

Meus amigos perceberam que, de repente, eu fiquei muda. Eu, que estava rindo e fazendo piadas porque ensinei eles nossa gíria '#mimimi', de repente fiquei estática, sem reação.

Pensei que talvez desse sair e chorar.
Em seguida, pensei que podia pedir para trocarem a estação de rádio.
Mas, por fim, pensei que não posso influenciar as pessoas à minha volta por causa de uma música; que não posso mudar o mundo por conta de uma lembrança; e, principalmente, que não posso parar a minha vida por causa de um sentimento.

Acho que finalmente entendi que não posso fugir da música e nem dos meus sentimentos para sempre: uma hora vou ter que escutar a música até o fim e vou ter que encarar minhas mágoas, minhas feridas, meus amores mal resolvidos, meus erros, minhas decepções e todos os meus sentimentos que insisto em guardar em algum lugar beeeem no fundo do meu peito; tão ao fundo, que às vezes até esqueço que estão lá. Mas estão. E a verdade é que enquanto eu escolher continuar guardando, eles nunca irão sair.

Resolvi, então, deixar a música de fundo e escutá-la até o fim. Eu sei que parece uma grande babaquice para quem está lendo, mas acreditem: precisei de muita coragem para fazer isso. Para mim, foi um início de mudança, mesmo que metafórico. Fiquei orgulhosa de mim mesma.

Quando a música acabou, continuei fazendo piadas, rindo e conversando.

Segui para a casa da Don'Anna e quando cheguei, sua filha mais velha, Francesca, estava lá. Foi ela quem me ensinou a fazer a massa artesanal para o macarrão.

Foi BEM divertido, mas já aviso aos navegantes: não existe a menor possibilidade de fazer isso em casa porque dá muito trabalho, hahaha!



Preparamos a massa do canelonni, preparamos o recheio, montamos a massa, preparamos o molho branco e o molho vermelho, colocamos ao forno; preparamos o brócolis e colocamos no fornos; e por fim preparamos a mousse de chocolate e colocamos na geladeira.

Foi um momento bem gostoso, porque ficou claro que a Don'Anna respeita muito o fato de que sua filha prepara a massa caseira melhor do que ela. Fiquei bem feliz em conhecer Francesca, que deve ter seus 40 e poucos anos, não é casada, não tem filhos e não tem habilitação: só anda de bike!

Elas me deram dicas de onde não posso deixar de ir aqui em Roma, bebemos vinho, falamos das eleições no Brasil e, por volta das 20h30, voltei para casa.

Ao esperar o ônibus no ponto, senti minha garganta doer de novo: acho que dessa vez a inflamação pegou. Droga.

Ao chegar em casa, tive que lavar e secar o cabelo (momento #classemédiasofre: não é fácil essa vida de morar no inverno europeu!) e aproveitei para estudar mais um pouco de verbos em italiano. Afinal, sei reconhecer quando não sou boa em uma coisa e verbos... bom, vediamo, va be? :)


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Giorno 30 - Segunda-feira de estudos!

Acordei disposta, não perdi tempo com o Facebook cheio de mensagens preconceituosas de 'PeTralhas' e 'Coxinhas', tomei um banho para despertar e segui para aula com muita vontade de retomar o italiano depois de quase um final de semana inteiro falando somente português.

Chegaram dois novos alunos na minha sala, ambos mais velhos: um é da Suíça e está aqui de férias, o outro, se entendi bem, é americano, casado com uma italiana, vive aqui há 18 anos, compreende e fala bem (apesar do sotaque carregado), mas falta domínio de gramática e ortografia.

As atividades correram normalmente e ao final da aula, o professor me chamou para me dar uma mini-bronca, rs. Disse que eu tenho condições de passar no teste de proficiência, mas preciso estudar os verbos diariamente. Segundo ele, não mais que 15 minutos de verbos por dia.

Perante a este cenário, saí da aula e, junto com a Sarah e Clement, almocei na escola mesmo e já começamos a fazer nossas tarefas de lição de casa para o curso preparatório do teste. Era muita lição de casa, mas tentei focar ao máximo e Clement, que é 'bravissimo', nos ajudou bastante.

O engraçado é que o que mais gosto nesta escola, que é a falta de sala de aula nos moldes tradicionais, é justamente o que eles mais detestam. Acham a escola ruim, que falta base gramatical. Eu acho que a escola dá o suporte para você fazer a sua parte, mais ou menos como funciona nas boas universidades. Bom, pelo menos era esse o conceito na PUC: os professores fazem a parte dele e nós, alunos, fazíamos a nossa. Posso garantir que o resultado é excelente!

Estudei na escola até às 16h30 e voltei para casa. Pensei em encontrar a Bia e o Jojó para um último passeio, mas acabou não dando certo.

Vim para casa fazer Skype com mammy, colocar este blog e os frilas em dia, e encerro o dia lendo um pouco do meu livro em italiano. Estou bem determinada em melhorar a questão dos verbos, mesmo que não seja aprovada no teste de proficiência.

A ideia de falar errado para mim é inadmissível!!

Bom, é isso... sinto muito, mas nem todo dia terei uma grande história para contar, haha. Tem dias que são apenas como uma segunda-feira qualquer! :)


Giorno 29 - Castel Sant'Angelo e Pantheon

Minha noite de sono foi semi-tranquila. Dormi bem, mas para variar sonhei com as pessoas que já morreram da minha família. Dessa vez, a protagonista foi a Tia Isabel, uma tia da minha mãe que faleceu há muitos anos já, mas que era uma espécie de segunda vó para todos nós.

A Tia Isabel estava toda risonha e com as bochechas levemente rosadas, exatamente como me lembro dela. A Família Alberto Jorge estava reunida no que parecia ser a casa da Vó Cida lá em Mogi, e a tia Isabel nos dizia que éramos para ficarmos tranquilos porque a tia Márcia estava bem, assim como a vó e o vô. Mas ele, o vô Raul, estava preocupado com a tia Lena.

Acordei logo depois disso, rezei um Pai Nosso e uma Ave Maria e dormi em seguida, sem muitos problemas. Pela manhã, fiquei pensando em como era estranho eu ter sonhado com a tia Isabel, alguém que é quase distante em minha memória e com que simplesmente nunca sonho.

Levantei sem muitos problemas ao som do despertador às 08h, não só porque dormi cedo e bem, mas porque essa madrugada acabou o horário de verão por aqui. Uma curiosidade é aqui na Europa o horário muda no meio da madrugada e não à meia-noite como no Brasil.

Tomei banho, me troquei, tomei café na Termini e segui em direção ao Castelo de Sant'Angelo, onde deveria encontrar a Bia e o Jojó. Achei ótima a escolha porque, assim como os passeios do sábado, eu nunca tinha estado neste castelo.

O único problema é que este era o último domingo do mês, dia em que os Museus do Vaticano têm entrada gratuita. E eu precisava descer justo na estação do Vaticano, que é a mais próxima do Castelo, que fica quase em frente. A quantidade de pessoas era assustadora. A Bia e o Jojó não conseguiram fazer baldeação na Termini, porque já não era possível mais alcançar os trens, de tanta gente.

Multidão de pessoas em direção à Piazza San Pietro, no Vaticano

Como cheguei antes, comprei nossos ingressos e convenci o guarda a me deixar esperá-los, o que não pode acontecer, já que o certo é comprar os ingressos e já entrar. Mas expliquei o caos do metrô e tal, e ele aceitou liberá-los da fila. Foi um alívio!



Quando chegaram, visitamos o Castelo com calma e eu gostei bastante, mas não me apaixonei. Acho que o que tem de mais legal é que é uma espaço construído pelo Imperador Adriano para ser um mausoléu dele e de sua família, mas ao longo dos anos acabou se tornando uma fortaleza militar. É muito bacana ver as salas onde os soldados fabricavam o armamento, dormiam, faziam vigília etc. Este é um local com muitas coisas originais, como móveis, quadros, portas... A conservação é muito bonita!



De lá, caminhamos em direção à Piazza Navona, que seria nossa próxima parada, mas antes paramos para almoçar e escolhemos um restaurante chamado 'Fattoincasa By La Danesina Hosteria', dica que um amigo italiano do Jojó passou para nós. Aliás, dica valiosíssima: comemos MUITO e MUITO BEM! De longe, um dos melhores de Roma!

Pedimos uma salada grande para dividirmos em três e escolhamos também a especialidade da casa: Carciofi alla giudia, que é a alcachofra frita que fica tão crocante, que parece chips. Tá me dando água na boca só de lembrar...!!!



Depois pedimos as massas, vinho, sobremesa e café. A refeição foi completa, mas além de muito saborosa, o que eu gostei muito deste almoço foi curtir casa segundo desta experiência gastronômica com eles, que curtem saborear a comida tanto quanto eu!

Realmente, a Bia e o Jojó são companheiros super recomendáveis de viagem! :)



De lá, fomos para a Piazza Navona onde, como já contei para vocês, fica a Embaixada do Brasil, num belo edifício que outrora era um palácio. E aquele edifício estava movimentado, já que era dia de Eleições Presidenciais e os brasileiros residentes em Roma estavam votando mesmo. Parece que o espírito político do Brasil chegou por aqui com toda força.

Conversamos com um ou outro, aqui e ali, e percebemos a forte presença de eleitores da Dilma e do Aécio, sem grandes maiorias. Achei isso bem interessante!



A Bia ficou encantada com a Fonte dos Quatro Rios. Também, não é para menos: é deslumbrante!

De lá, seguimos para o Pantheon, que já estive nas outras duas visitas a Roma, mas que ainda não tinha passado desta vez. E ele continua lá: estonteante, como sempre. O que eu mais gosto no Pantheon são aquelas colunas monumentais que sustentam sua fachada. E a cúpula, é claro.



Vocês sabiam que a cúpula é sempre aberta, inclusive nos dias de chuva? Se chove, chove. Simples assim. O chão tem alguns 'furos' por onde a água escoa e tá tudo certo. Lindo e forte, desde sempre!

Estava bem abarrotado, talvez por ser gratuito, mas conseguimos visitar e fotografar com calma.



A próxima parada foi a Fontana Di Trevi, que nem vou perder meu tempo me alongamento muito porque ela está fechada para restauração e é de cortar o coração chegar no meu lugar favorito no mundo e vê-lo escuro, vazio (sim, está completamente sem água!) e coberto por andaimes. O mais estúpido é que há uma passarela na frente para você pode visitar os... andaimes! E é claro que tem uma fila enorme para passar por ali, mas nós dispensamos.

Já combinei com a Bia: favor voltar a Roma depois de 2016 para ver de perto a maravilha que é a Fontana di Trevi!

De lá, continuamos a caminhada, curtindo cada ruazinha de Roma, que é incrivelmente charmosa à noite, até chegarmos à Piazza di Spagna, onde compramos um delicioso sorvete e sentamos nas escadarias para bater um papo. Eu e a Bia ficamos conversando um tempão enquanto o Jojó fotografava todas as incríveis cenas ao nosso redor, incluindo um ensaio de casamento.

Quando resolvemos voltar, já eram mais de 21h30 e lembrei que tinha lição de casa para fazer. Ooops!

Quando entramos no metrô, parte da torcida do Lazio estava no nosso vagão cantando, gritando e muito felizes. Foi legal de ver, embora não seja minha torcida e nem o meu time (#AvantiRoma!)

Nos despedimos e vim para casa, onde acompanhei de longe a apuração dos votos que acabaram por reeleger Dilma como presidenta do Brasil. Aqui, do alto do continente Europeu, procurei não me manifestar, principalmente porque não votei; mas posso dizer uma coisa: foi muito bacana de ver essa disputa voto a voto, minuto a minuto.

Acho que a nossa jovem democracia está crescendo e nossos cidadãos são responsáveis pelo seu amadurecimento. Parabéns, brasileiros. Ganhando ou perdendo, vocês estão todos de parabéns! :)

Foi muito bom para mim curtir esse fim de semana 'em casa'. Precisava curtir mais a cidade, sem o desespero de fazer tudo correndo. Além do mais, foi ótimo apreciar a companhia de amigos brasileiros, que me fizeram lembrar do quanto eu amo o meu país. <3

E claro que dormi sem fazer a lição de casa! hehe!

domingo, 26 de outubro de 2014

Giorno 28 - Fórum Romano e Palatino: a delícia de ter amigos por perto!

Eu me dei ao luxo de dormir sem hora para acordar no sábado. Desde que cheguei aqui, não tinha feito isso nenhuma vez e, quer saber? Foi ótimo! Como tinha dormido cedo na sexta, acordei tranquila às quase 10h.

Tomei café em casa, arrumei o quarto escutando música italiana, tomei um bom banho e me arrumei sem pressa.

Por volta das 12h, saí em direção ao Coliseu, onde encontraria um casal de amigos brasileiros, o Jojó e a Bia. Na verdade mesmo, eu não conhecia a Bia, esposa dele.

Eu e o Jojó nos conhecemos por amigos em comum e não nos vemos com frequência em São Paulo. Aliás, não nos vemos quase nunca, para ser sincera hehe. Mas fiquei bem feliz quando ele me escreveu que ele e sua esposa estariam por aqui e que gostariam de me encontrar.

O grande problema é que neste sábado, 25/10, houve uma grande manifestação pelos direitos trabalhistas aqui em Roma, o que abarrotou as estações de metrô, que estavam tomadas por bandeiras, placas e camisetas vermelhas. Sim, o lance era esquerdista, obviamente.

Foi difícil, mas consegui encontrá-los em uma cantina do outro lado do Coliseu, onde almoçamos, conversamos bastante e, depois, seguimos para o Fórum Romano e Palatino, lugares que eu não conhecia e fiquei bem animada em ter companhia para visitar.



Mas não fizemos a lição de casa direito: deveríamos ter estudado melhor o lugar onde estávamos ou termos contratado uma visita guiada, porque são ruínas monumentais e não é fácil de visualizar como era o Fórum, que durante a Roma Antiga, era um espaço de convivência social, econômica e política.

O Palatino faz parte do complexo e era o antigo palácio imperial.

Uma dica bacana para quem quer visitar Fórum + Coliseo é que o ingresso custa 12,00 euros e é válido para os dois lugares, durante dois dias, mas você só pode entrar uma vez em cada. Assim, sugiro que se não tiver comprado ingresso antecipado, que vá à bilheteria do Fórum porque a fila é muito menor que a do Coliseu e o ingresso é exatamente o mesmo.

Depois de algum tempo caminhando pelas ruínas, começamos a entender melhor como eram as coisas e onde ficava o que. O Jojó achou um vídeo no Youtube que mostrava uma reconstrução 3D e isso nos ajudou bastante.



Gostei muito de fazer turismo com eles porque fazem as coisas com calma e observam tudo com muitas atenção. A Bia gosta de ler todas as explicações e o Jojó é fotógrafo e cineasta, assim que tem uma visão artística muito bacana e registra tudo sem a menor pressa.

Gostei muito também da companhia deles. Não estou há tanto tempo longe de casa, mas um rosto amigo por perto é sempre bom. Além do mais, nossos papos se alinham e foi muito gostoso conversar com eles. De uma maneira geral, não deixam de ser pessoas que conheço mais a fundo e isso também me acrescenta.



Andamos mais de três horas pelas ruínas romanas e fomos literalmente expulsos e lá quando fechou, hehe. Seguimos, então, para o Pompi, doceria muito famosa daqui pelo Tiramissu, que dizem ser o melhor da cidade. E olha... eles têm razão! Que delícia de doce, minha gente!

O Pompi fica pertinho da estação Ré de Roma, linha A do metrô. A variedade de Tiramissus é bem grande e escolhi um de avelã, a Bia um de banana com Nutela e o Jojó foi de tradicional!



Depois, eles seguiram para encontrar um casal amigo e eu voltei para casa, onde lavei roupa e falei com o pessoal da escola para ver de sairmos, mas percebi que eu estava muito muito cansada. Dormir por volta da meia-noite e apaguei!

sábado, 25 de outubro de 2014

Giorno 27 - Sexta-feira é dia de... Descansar e dormir!

Pelo segundo dia consecutivo, acheguei atrasada à aula. Me senti ainda pior porque havia greve de transporte público (sim, é a segunda vez que isso acontece desde que cheguei aqui e parece ser bem frequente), e eu sou a única da minha sala que não depende de transporte algum para ir à escola, porque faço isso caminhando em apenas dez minutos. Mas todos os meus colegas - TODOS - já estavam na sala... e eu não! Shame on me!

Mas eu o cansaço chegou de verdade! Acho que ando meio velha para baladas às quintas-feiras, hehe!

A aula foi muito gostosa e, após o intervalo, fizemos uma brincadeira de mímica que muito me lembrou a minha adolescência, quando jogávamos 'Imagem e Ação' em Amparo, onde um grande amigo tinha uma casa de campo. Eu nunca soube fazer mímicas, sempre fui tímida e tentei escapar, mas o professor não deixou e Jesper - novamente ele, rs - me disse:

- Você está preocupada com o quê? Estamos todos aqui preocupados em acertar a frase no tempo verbal certo, e não em quem faz a melhor performance artística. Vai lá! 

Fui. E me saí bem. Minha equipe marcou o primeiro ponto com a minha interpretação. E, logo em seguida, quando Roberto fez a mímica, matei a frase em questão de poucos minutos, todo mundo se impressionou. Mas o segredo foi que ele fez um gesto como se alguém tivesse usando uma faixa e eu logo entendi que significava 'presidente'. Ninguém se conformava que eu tinha acertado pela mímica, mas isso fazia muito sentido para mim e para ele, é claro. Acho que porque ambos somos latinoamericanos, sei lá.

Mas este fato me fez lembrar um dia, lá em Amparo, em que chovia muito e jogávamos meninos x meninas para passar o tempo. O Thiago, dono da casa, era muito bom em mímicas. Já o Eric, sempre tímido, era bom em adivinhar, como eu. Quando o Thiago foi fazer a mímica, fez uma interpretação de chuva com as mãos e, em seguida, apontou para a própria orelha, porque ia desmembrar a palavra, letra por letra, e dessa forma, 'O' seria a primeira letra da tal palavra a ser adivinhada.

Assim que com a chuva + 'O', o Eric responde em segundos: "ORVALHO". Era a resposta correta. E nós, meninas, estávamos inconformadas, achando que eles estavam roubando. Acabou o jogo aí. Ficamos bravas mesmo. rs.

Eis que o Roberto faz a mímica da faixa e, me pouco tempo, eu descubro a frase toda. É... talvez os meninos não tenham roubado lá em Amparo. Desculpa aí, Eric e Thiago: quase 15 anos depois, percebi o meu erro de julgá-los injustamente.

O que me faz pensar quantas vezes já não fiz isso nada vida...

[Nota mental: não julgar as pessoas de maneira errada e injusta.]

Ao final da aula, Roberto e Jesper queriam saber da programação do final de semana, mas eu só conseguia responder que precisava dormir. No fim, eles também.

Eu me sinto um pouco culpada em ficar em casa numa sexta-feira. Mas depois pensei que não preciso me desesperar: se tenho vontade de ficar em casa, posso ficar em casa. Porque não estou em casa todos os dias vendo a vida passar pela janela do quarto que estou pagando em euros. Não. Tenho fieto muitas coisas e hoje estou simplesmente cansada fisicamente. Preciso de um tempo.

Passei no supermercado, vim para casa, arrumei o quarto que estava vergonhosamente bagunçado, trabalhei para um frila no Brasil, organizei minhas finanças, conversei com minha mãe, tomei um bom banho, coloquei uma roupa quentinha e... assisti um filme americano dublado em italiano. hahaha!

Me explico: procurei filmes em italiano no Youtube. Achei este e comecei a assistir. Logo em seguida, percebi que era dublado do inglês. Mas assisti mesmo assim e podem se orgulhar: entendi tudo! Clap, clap! :)

Depois das 19h coloquei minha roupa para lavar e depois secar, finalmente!, fiz um lanche, assisti 'Nashville' (que, aliás, está excelente!) e capotei logo depois da meia-noite! Que delícia por dormir!!


Giorno 26 - Arrivederci, Valentina!

O cansaço chegou, pessoal. Cheguei a pensar em não ir à aula nesta quinta-feira gelada. Quando o despertador tocou, desliguei consciente e voltei a dormir. Mas 15 minutos depois, pulei da cama e, de calça de plush, moletom, tênis e cachecol, cheguei com um pouco de atraso à aula.

A manhã correu normalmente e almocei na escola, para economizar dinheiro e otimizar tempo. Mas eu disse à Sarah que almoçaria por lá para fazer a lição de casa que eu não tinha feito. Não me perguntei porque menti, só achei mais fácil dizer isso do que explicar que almoçar fora custa 3.30 vezes mais para mim. rs.

A aula da tarde foi uma delícia. Nossa professora é muito querida e temos todos um bom entrosamento. O que mais gostei nesta aula em específico é que nossa professora nos explicou a situação política da Itália e qual era a razão da grande manifestação de sábado, 25/10, pela garantia dos direitos trabalhistas e melhoria nas condições de trabalho.

Vou deixar este tema para um outro post, porque hoje não é o foco, mas uma coisa eu garanto: o Brasil não é o pior lugar do mundo.

Quando a aula acabou, eu literalmente corri para casa, onde tomei banho, lavei o cabelo, me maquiei, me arrumei e saí também correndo. Tudo isso em tempo recorde. Cheguei à Termini a tempo de pegar o ônibus e cheguei pontualmente às 17h30 na casa de Don'Anna para a segunda aula de cozinha italiana.

O menu do dia foi penne amatriciana, salada de laranja com cebola e azeitonas e - pasmem! - tiramissu de sobremesa. Ha!



Fizemos o doce primeiro, já que precisava gelar antes de comer. Não foi difícil, mas confesso que preciso treinar essa coisa de bater as claras em neve. Até porque, segundo minha professora, esse é o grande segredo!

Devo arriscar fazer essa sobremesa no Natal ou no Ano Novo... vamos ver, rs!

A massa é bem tranquila de preparar, mas é mais pesada que a da terça-feira, assim que a salada como segundo prato é uma excelente pedida! Aliás, essa salada não tem folhas, é bem fresca e gostei muito da harmonia dos sabores!



Assim que o jantar acabou, pedi para Don'Anna chamar um táxi para mim, pois meus amigos tinham se encontrado em Trasteveri às 19h e já eram quase 21h. Andar de táxi em Roma nunca é uma boa pedida: caro e demorado. Cheguei 20 minutos depois e deixei 22 euros. Argh!

Mas cheguei e todos estavam lá para a despedida de Valentina e aniversário de Helena. Foi um evento que reuniu MUITA gente da escola e isso foi bem bacana!

Demos muita risada, tiramos muitas fotos, bebemos o suficiente e curtimos super.

Mas a verdade é que está sendo difícil para mim (e acho que para todos) essa coisa da Valentina ir embora. Ela foi a responsável por termos todos nos conhecidos. Ela une as pessoas e constrói amizades. É um elo para todos nós, que agora estamos meio perdidos e não sabemos como agir sem a nossa 'chefe', como carinhosamente a chama o Jesper.

E ao vê-la triste, foi ele mesmo que disse a ela que não era mais possível de ela continuar aqui, porque não podemos fazer apenas as coisas que gostamos a vida inteira. Ele disse que era hora de seguir em frente, porque a verdade é que até o final do ano, nenhum de nós estará mais aqui. E ao final, concluiu:

- Nós formamos um belo time juntos. Não nos veremos mais todos os dias, mas não vai ser possível nos esquecer. 




E ele tem razão. Aliás, parece que o Jesper sempre fala as coisas certas nas horas certas.

Sinto como se cada um de nós tivesse uma função neste grupo: Vale reúne todo mundo; Jesper escolhe bem as palavras... E eu não estou bem certa de mim ainda, mas acho que presto atenção em todos. Aos poucos, cada um de nós vai encontrando o que veio buscar por aqui e, principalmente, vai se realizando internamente. É um processo lento, mas natural.

Nos divertimos de verdade a noite toda. Mas, aos poucos, todo mundo foi indo embora e também seguimos o nosso caminho. Esperamos o ônibus por mais de meia hora, quando eu, Vale e Lia decidimos rachar um táxi até a Termini. Foi a melhor decisão, já que só ficou uns 5 euros para cada e a noite estava congelante!!

Demorei a pegar no sono e a última vez que olhei o relógio eram 3h30. É... a sexta-feira promete ser beeeem longa!

Giorno 25 - Piazza del Popolo, Villa Boghese e Piazza di Spagna

Na quarta-feira, 22/10, a manhã foi normal, exceto pelo fato de que escrevi à Viviane se ela gostaria de fazer algo à tarde e ela topou.

Saí da escola, passei em casa para deixar o material e trocar de bolsa e então segui de metrô para a Piazza del Popolo, que é um espaço bem bonito e onde nos encontramos.



A Vivi foi com umas amigas da escola dela. Eram três mulheres, uma americana e duas filandesas; e o filhinho de uma delas. A ideia original era comer algo rápido e barato, mas como elas quiserem almoçar com a gente, acabamos num restaurante, onde comi uma pizza que era boa, mas enorme. Já estou me desacostumando comer tanto assim. A pizza pesou.

Conversamos bastante, mas quase sempre em inglês e isso não é nada bom para o meu cérebro, que tem um delay na troca de línguas, ainda não é automático.



Depois, elas foram embora e eu e a Vivi seguimos para a Villa Borghese, cujo acesso é muito fácil: apenas subir a escadaria ao lado do monumento da Piazza del Popolo.

Fui uma grata surpresa! Essa é a minha terceira vez em Roma e eu nunca tinha ido neste parque delicioso e muitíssimo bem cuidado.

Vocês sabiam que Roma é a cidade da Europa com mais verde? Pois é! Esses parques são mesmo uma preciosidade!

Logo que subimos, chegamos à Terraza Del Pincio, que é um belo mirante de onde se vê praticamente toda a cidade. É lindíssimo e como eu não sabia o que ia encontrar neste passeio, foi uma surpresa me deparar com essa vista lindíssima.



Depois da interminável sessão de fotos, hehe, seguimos caminhando pelo parque, que é lindíssimo. Pensamos em alugar uma bike dupla, mas achamos bem caro (15 euros a hora) e resolvemos caminhar para queimar as calorias da pizza.



Chegamos até a Galeria Borghese, que é um museu bem famoso localizado dentro do parque, e resolvemos entrar, mas - pasmem! - os tickets estão esgotados até a próxima terça-feira, assim que já garantimos o nosso para a próxima quarta. Mas o mais legal é que nem sabemos direito o que está em exposição na galeria. hehe!



Depois decidimos caminhar até a Piazza di Spagna e erramos um pouco o caminho, então, decidimos parar para um café, que era o mais caro que tomei aqui até agora, mas certamente pagamos pelo ambiente verde que nos cercava.



Pedimos informações e retomamos o caminho. Isso já era fim de tarde e quando retornamos ao ponto de partida, isso é, Terraza del Pincio, fomos novamente surpreendidas com uma Roma vermelho-alaranjada, tomada pelo sol que se escondia atrás da Igreja de São Pedro, no Vaticano. Era uma visão de cinema. Nossos olhos brilhavam e refletiam este pôr-do sol que, certamente, jamais devo esquecer.

Novamente, nós não sabíamos que este era um local perfeito para se ver o pôr-do-sol. Estávamos ali por acaso. Ou porque a assim a vida quis, já que nos perdemos, paramos para o café e o tempo acabou sendo exato para tropeçarmos nessa maravilhada da natureza.

A vida tem sido muito generosa comigo por aqui e não me canso de agradecer.



Já no fim de tarde e com o vento mostrando que Roma é úmida e gelada nesta época do ano, seguimos à Piazza di Spagna, que é um lugar adorável! Tem uma energia boa aquela coisa de todo mundo sentar nas escadas para conversar, ler, beber, namorar... A igreja que encabeça a escadaria está fechada para restauração (como quase tudo em Roma, hehe), então, seguimos para um adorável passeio pela Via dei Condotti, que é uma espécie de '5th Avenue' ou 'Oscar Freire' daqui, repleta de lojas dos grandes estilistas da moda e tantas outras marcas.






Ao final, resolvemos "dar um pulinho" até a Piazza Navona, para ver aquela agitação noturna. No caminho, mais uma surpresa: lá do outro lado do rio Tevere, a Igreja de São Pedro iluminava a cidade. Olhem só, que lindo:



Chegamos na Piazza Navona e decidimos comer algo mais leve do que pizza ou massa e encontramos um lugar que preparava panini. Assim que escolhemos os nossos e comemos acompanhados de uma taça de vinho tinto para aquecer.



De lá, cada uma pegou o seu ônibus e voltamos para casa.

Voltei para casa pensando no dia que tivemos e no quanto caminhamos pela cidade. Foram horas e mais horas e não estou exagerando. Gosto muito disso aqui: nem preciso lembrar que existe carro! Além do mais, a Vivi é uma companhia deliciosa porque ela não tem pressa, não tem problema em mudar os planos e está curtindo tudo de maneira tão leve quanto eu. Fazemos uma boa dupla por aqui! :)

Ao chegar em casa, tomei um banho, arrumei o quarto e me preparei para fazer LIÇÃO  DE CASA das minhas aulas da tarde, porque ainda não tinha feito. Também publiquei algumas fotos de Viena e coloquei a vida digital em dia, porque estava tudo muito bagunçado.

Para isso, coloquei uma playlist de um cantor italiano que o meu professor nos apresentou e que eu curti bastante: Alex Britti.


Com tudo isso, acabei indo dormir tarde de novo, depois da uma da manhã. Mas estava tão cansada que apaguei!

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Giorno 24 - A primeira aula de culinária italiana a gente nunca esquece

Enrolei para levantar da cama nesta terça-feira já que, para variar, meu sono foi interrompido na madrugada. Mas dessa vez percebi que meu quarto fica muito claro, embora tenha uma cortina e acho que isso atrapalha meu sono, porque estou acostumada a dormir no escuro.

E hoje, antes de ir para aula, parei num lugar ao lado da Termini para tomar o café da manhã. Vocês já assistiram 'Comer, Rezar, Amar'? Tem uma cena típica de Roma, logo quando a Liz (interpretada pela Julia Roberts) chega à cidade e não consegue pedir seu café, e daí conhece a moça da Suíça que a ajuda e se tornam amigas.

Vivi algo semelhante hoje. E adorei, rs. Porque era uma multidão gritando o pedido, tentando ser atendido... Mas consegui meu cornetto de chocolate, meu cappucino e meu suco de laranja natural que desceu redondo. Fazia tempo que não saboreava um!



Cheguei à aula um pouco atrasada, mas logo comecei as atividades de conversação. A minha dupla de hoje foi a Miu e, depois, um novo aluno argentino que se chama Mathias e é professor de inglês em Londres, onde mora há quatro anos. O exercício durou mais de uma hora e, em seguida, fizemos uma atividade daquelas que adoro, de criar o diálogo em cima de uma situação hipotética teatral que o professor encena. Fui muito bem hoje na escolha correta das palavras e, principalmente, na gramática. Estrelinha para mim, hehe!

Saímos tarde para o lanche, mas não achei tão ruim, já que meu café da manhã tinha sido reforçado. No retorno, assistimos um vídeo e conversamos mais.

Ao final da aula, o professor me chamou para perguntar se eu tinha me inscrito para o teste de proficiência. Eu disse que sim. E, então, ele me perguntou para qual nível. Quando respondi B1, ele me disse que eu estava sendo medrosa e que deveria mudar minha inscrição para o B2. Fiquei feliz. Se meu professor confia em mim, por que eu não deveria fazer o mesmo, né?

Almocei com a Sara (suíça que mudou para minha sala essa semana e também está fazendo o curso preparatório para o teste) e com o menino da Suíça que não sei o nome, mas que reclamei da falta de educação dele na semana passada, porque só falava em alemão e jogou o cigarro no chão da estação. No fim, percebi que ele é só um menino de 18 anos que não tem muito noção de nada. Hoje ele foi bem mais simpático e educado, assim que dei uma segunda chance para minha percepção sobre ele.

[Notal mental: a primeira impressão nem sempre é a que deve ficar.]

Fomos a um pequeno restaurante pertinho da escola, que eu não conhecia. Lá, levamos um susto: uma mesa enorme cheia de alemães vestindo a camisa do Bayern de Munich. Hoje foi dia de jogão da Champions League aqui no estádio do Roma (e que eu não consegui comprar ingresso, infelizmente) e o clima na cidade é de Copa do Mundo: torcidas para todos os lados, camisas dos times, bandeiras, festa... Tá uma delícia para matar a saudade dos belos dias de mundial no Brasil!



Percebemos que os alemães estavam um pouco preocupados com o dono do restaurante, torcedor do Roma, e isso se confirmou quando eles perguntaram para meus colegas (que falam alemão) se corriam risco de comer comida estragada (sempre num tom de brincadeira, é claro).

A comida era bem caseira e escolhi o tradicional caccio e pepe, mas era um prato enorme, rs!

Depois, corremos para a aula, que começa às 13h30. E foi quando eu percebi que preciso estudar! Os exercícios são bons, a professora, Luiza, é uma querida... Mas eu preciso focar um pouco mais de atenção na norma culta da língua italiana, que assim como o português, é bem diferente da maneira coloquial de se falar nas ruas.

Ao sair da aula, que não tem intervalos, passei na secretaria para pagar o curso e mudar meu nível para B2. E vamo que vamo!

Na saída da escola, percebi que estou cada vez mais sendo eu mesma e muito à vontade com isso. Encontrei um casal de brasileiros que conheci na semana passada, encontrei Esther (da Holanda), encontrei o Felipe da minha sala... Mas mais do que isso, eu perguntava coisas pessoais a eles, do tipo: "Como foi o passeio a tal lugar?", ou "Gostou do restaurante Tal?", ou ainda "Boa sorte amanhã quando for resolver tal coisa...".

Acho que o que estou tentando dizer é que me aproximei das pessoas das mais diversas idades. Não me tornei melhor amiga de infância delas, obviamente; mas eu abri espaço para conhecê-las e as escutei de verdade, porque me preocupei em dar atenção real a cada uma delas.

De uma maneira geral e sem modéstias, gosto dessa característica em mim. Parece que estou sempre unindo pessoas e ligando os pontos soltos.

Como dizem que amanhã começa o frio por aqui (estou no aguardo!), fui caminhando lentamente no sentido do ponto final do ônibus na Temini, curtindo o solzinho bom no rosto e o clima pré-jogo pelas ruas.

Na estação, fiquei um pouco preocupada e com receio de errar o ônibus que eu deveria pegar para seguir para minha primeira aula de culinária italiana. As informações eram claras e me diziam que eu deveria pegar o ônibus 714, mas eu não ando de ônibus nem em São Paulo, quase (sim, muito patricinha de Moema, tô sabendo, hehe) então não é um processo muito simples para mim, acreditem.

Mas logo identifiquei a parada do tal ônibus e esperei o motorista para perguntar sobre o local que deveria descer. Ele, obviamente, foi um grosseiro tipicamente italiano, mas acabou dando a resposta que eu precisava.

Na primeira parada, entraram no ônibus umas quatro mães com seus filhos, que deviam ser umas seis crianças entre 7 e 10 anos e que, como toda criança dessa idade, não paravam quietos. Mas também entrou uma senhora de rua, que - deixando todos os preconceitos de lado - espalhou seu mal cheiro pelo ônibus inteiro. Cheguei a ficar sem respirar o máximo que pude com medo de passar mal. A moça do meu lado desistiu e desceu na parada seguinte. E outros tantos o fizeram.

Senti muita pena. Mas não dava para suportar...

Mas o fato é que um dos meninos que entrou no ônibus começou a fazer molecagens, como subir nos bancos, escalar etc. O motorista deu uma bronca e ele sentou. Quando, dois minutos depois, começou a fazer tudo de novo, essa senhora o chamou de mal educado e disse que se a mãe dele não lhe dava educação, que ela o faria, e o mandou sentar.

Ele, muito espivetado, respondeu que pelo menos a mãe dele não fazia todo mundo querer vomitar.

E aí foi a conta: começou um bate boca do menino de 10 anos com a senhora de rua, que devia ter lá seus 60... Até que ela gritou:

"BASTA! Quando uma senhora de idade fala, você tem que ficar quieto e respeitar."

E, finalmente, a mãe dele mandou ele parar de responder. Eu fiquei chocada. Foi uma troca de grosserias entre pessoas desconhecidas e de faixas etárias tão distintas, que nem sei o que pensar.

Acho que as pessoas estão mesmo perdendo a noção, sabe? Porque a mulher podia estar fedendo e, talvez, não devesse ter se metido na falta de educação do menino, mas a atitude dele... e da mãe, que assistiu tudo e não falou nada? Sei lá... o mundo tá mesmo de cabeça para baixo...

Bom, quando finalmente desci na minha parada, caminhei alguns metros para o lado errado, é claro (eu e esse meu não-senso de direção, hehe); mas logo me achei e cheguei à casa de Dona Anna às 17h15.

Don'Anna é uma senhora de 74 que parece a típica 'nonna' italiana, mas que não tem netos. Mãe de três filhas mulheres e solteiras, ela se separou de seu marido depois de 28 anos de casada. É professora de História aposentada e nasceu em Roma, ao lado da Fontana di Trevi, mas já morou muitos anos em Torino e em Milão, por conta do trabalho de seu ex-marido. Depois que se aposentou, ficou se sentindo muito parada e, por isso, resolveu começar a dar as aulas de culinária, já que gosta tanto de cozinhar e faz desse hobbie uma aula de verdade, pois conta aos alunos um pouco da história dos nomes dos pratos, dos ingredientes, das tradições da culinária italiana. Além disso, Don'Anna faz pilates e hidroginástica, para se manter ativa.

Soube de tudo isso enquanto preparávamos o spaghetti ao pesto e o polpetone ao molho de vinho branco e limão siciliano, que compuseram o menu desta noite, como primeiro e segundo prato, respectivamente, como manda a tradição italiana.





Conversamos muito e, claramente, em italiano. Acho que, de longe, esse foi o melhor exercício de conversação que já tive. E a melhor parte é que ela me elogiou muito e fez pequenas correções pontuais. Falamos sobre política dos dois países, sobre viagens, sobre comidas, bebidas e muito mais.

Ela é, realmente, uma senhora muito 'carina' e bastante especial. Me ensinou tudo com muita paciência e boa vontade.

Por exemplo, vocês sabiam que não se deve ferver o macarrão na água com óleo? Isso mesmo! A verdadeira 'pasta' italiana é cozida na água apenas com sal. O segredo para não grudar? Ficar mexendo o tempo todo; nada de preguiça.

Ao final, jantamos o que preparamos juntas e, modéstia à parte, estava uma delícia. Para o meu paladar, devo colocar um pouco menos de alho no pesto. Mas de resto, eu gostei bastante.

Como hoje foi só o primeiro dia, a sobremesa foi comprada mesmo: um típico 'gelato' italiano, que era delicioso, mas eu já não aguentava mais comer, hehe!



Voltar para casa foi menos trabalhoso porque o caminho era o mesmo só que inverso e o ônibus não demorou a chegar.

Quando desci na Termini e estava voltando para casa, um cara lançou qualquer cantada de pedreiro para mim, como é de praxe dos homens italianos; e eu ignorei. Segui para casa e, quando estava quase chegando à minha porta, o cara surgiu de novo, perguntando se eu não ia falar mesmo com ele. E eu respondi que se quisesse, já teria falado da primeira vez.
Ele não desistiu.
Perguntou se podia me acompanhar até em casa.
Eu disse que não.
Daí me perguntou se eu podia dar o meu telefone para ele me ligar.
Eu disse que não.

Coloquei a chave na porta, entrei no prédio e fechei na cara dele, sem pensar muito no quesito ser educada.

Isso em Roma é insuportável. Tudo bem que é legal ser paquerada e os caras terem atitude. Mas 'não' significa 'não' e eles não aceitam essa resposta, o que causa diversas situações estressantes, principalmente com as estrangeiras (sim, porque as italianas xingam eles bem alto e fim hehe).

Antes que se preocupem, eu não tive medo por dois motivos. Primeiro porque a rua estava bem movimentada e não deserta, assim que não vi problemas. Depois, porque por mais imbecis que eles sejam, eles não encostam um dedo em você. Enchem o saco com esse blábláblá; mas não colocam a mão em um único fio de cabelo seu. Assim que, inspirada na atitude que vejo as mulheres italianas tomarem, fui enfática e firme no NÃO. E pode parecer paradóxico, mas eles respeitam essa distância.

Subi louca para lavar a roupa do fds (ontem não tinha sabão), mas a máquina estava ocupada, o que adiou mais uma vez meus planos. Ahhh!

Tomei um banho, chequei e-mails e cá estou, dividindo mais um dia com vocês.

Mas agora durmo #chatiada: o Roma perdeu do Bayern de Munich por nada mais, nada menos do que 7 a 1. Resultado familiar para algum de vocês este? Pois bem. Ou minha torcida não está dando sorte este ano, ou sete é realmente o número de ouro da Alemanha em 2014.

Hehe.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Giorno 23 - Aprendendo a dizer 'não'

Tive mais uma noite mal dormida. Sinceramente, não sei o que está acontecendo comigo, mas essa noite despertei às 05h pronta para vida, o que foi um problema, porque acabei pegando no sono mais de uma hora depois, assim que quase perdi a hora para a aula hoje.

Mas larguei meu quarto bagunçado como estava e segui para aula, que foi bem tranquila, já que a sala está muito mais vazia. Na verdade, nem sei onde estão todas as pessoas, mas soube que Helena e Clemente foram convidados a subirem de nível, já que estão falando perfeitamente.

As atividades foram gostosas e descobri que não tinha esquecido como se fala, se pensa e se escreve em italiano, mesmo depois de quatro dias de português e inglês full time, rs!

Conversei muito com Valentina, que está nitidamente triste porque esta é sua última semana. Ela gostou de verdade de viver em Roma e, principalmente, de cada um de nós. Dá para sentir isso. Mas eu disse a ela que não se deve morrer antes do tiro. Era uma frase que meu ex sempre me dizia e hoje eu vejo que ele tinha razão. Bom, pelo menos nisso.

Mas eu já percebi que isso vai ser uma coisa complicada aqui. Talvez o maior de todos os exercícios: aprender a dizer ADEUS para as pessoas com quem estou tendo uma convivência diária e de quem estou gostando muito.

Como assim vamos nos dizer 'tchau', muito provavelmente para sempre? Vai ser complicado isso para mim, porque não sei me desapegar sentimentalmente...

Bom...

Lá em Viena eu vi que o pessoal foi para uma balada em Roma, coisa que nunca tinham feito antes, e comecei a pensar que gostaria de ter estado nos dois lugares ao mesmo tempo: não quero perder nada com ninguém, sabe?

Carolina, a brasileira, mudou para minha sala esta semana e hoje era seu aniversário. Ela nos convidou a beber algo à tarde em Trasteveri e eu quase disse sim, mas eu estava tão cansada e tinha deixado tanta bagunça no quarto e na vida financeira, que eu disse não.

Pera aí que eu vou repetir para mim mesma porque nem eu acredito:

EU DISSE NÃO.

Isso é tão, mas tão raro, que tô quase me aplaudindo!



Mas o mais incrível é que logo ao final da aula, encontrei aquelas duas meninas que conheci na semana passada: Esther e a menina da Grécia que não sei nem falar e nem escrever o nome. Elas iam comer Tiramissu no Pompi, o mais famoso da cidade; e me convidaram. Mas, EU DISSE NÃO pela segunda vez seguida no mesmo dia. #numtônemacreditando

Eu gastei dinheiro demais na viagem a Viena e preciso colocar tudo em ordem. Não era o certo, embora tenha me questionado se não estou sendo racional demais...

Passei na secretaria para conversar com o coordenador do curso preparatório para o exame de proficiência e ele me disse que acha que eu devo mudar minha inscrição de B1 para B2, mas independente disso, posso fazer o curso que começa amanhã.

Na volta para casa, parei na loja da Wind, operadora de celular, para ver porque não estava funcionando. Descobri que estava sem crédito e ri de mim mesma porque a vida de telefone pré-pago é tão distante da minha realidade que nem me passou pela cabeça esta possibilidade, rs!

Parei numa Tabacchi para creditar o telefone e finalmente cheguei em casa, onde encontrei Valdir e Santiago, que retornou de férias da Flórida mais lindo do que foi e ainda mais divertido.

Sempre piadista e conversando de maneira leve, mas corrigindo nosso italiano aqui e ali. Fiz uma massa e logo chegou nossa nova roomie, que também não sei falar o nome, porque ela é da Rússia.

Conversamos bastante e foi bem gostoso, mas precisei seguir para a vida doméstica de limpar o quarto, separar a roupa para lavar, cuidar das finanças e blablabla...

Fiquei em função disso o dia todo e aproveitei para descansar, já que a viagem foi corrida!

Ficar em casa, mesmo que em outro país, também é uma delícia! :)