segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Giorno 15 - Via Appia Antica e a egenhosidade dos antigos

No domingo, consegui dormir até um pouco mais tarde. Tomei um banho, coloquei uma roupa leve e segui para encontrar a Vivi na estação S. Giovanni do metrô. Mas antes, parei para comprar um daqueles suportes de celular que facilitam as selfies e depois tomei café na Termini.

Chegamos, as duas, com um pouco de atraso, mas logo já encontramos o ponto do ônibus 218, que segue para Via Appia Antica, mas o ônibus simplesmente não apareceu. A única informação que havia no ponto, abarrotado de turistas, era que a partir de 15/09, os horários dos ônibus seriam mais espaçados. Mas nós esperamos mais de uma hora e tinha gente ali comentando que já esperava há mais de duas horas. E, pela primeira vez desde que cheguei aqui, nos rendemos ao táxi.

Andar de táxi em Roma não é aconselhável. Primeiro porque é uma cidade com transporte público de fácil acesso e entendimento. Segundo porque é possível se locomover muito a pé. E, por fim, porque o trânsito da cidade é caótico o que não ajuda muito.

E tanto não ajuda que o caminho até o início da Via Appia Antica estava fechado para os carros. Resumindo, foram 13 euros para chegarmos próximo ao início. Seguimos andando e logo nos achamos.



A Via Appia Antica foi construída em 312 a.C. por Appio Claudio Cieco e ligava Roma a Brindisi na Puglia, o principal porto na época que ligava Roma à Grécia. No século XVIII, foi construída a Via Appia Nuova, paralela à antiga.

O Parque Regional da Appia Antiga compreende 3400 hectáres pertencentes às cidades de Roma, Ciampino e Marino e foi instituído em 1988 pela Região do Lázio. O parque è uma junção de alguns parques menores, como o Parque da Caffarella e o parque dos Aquedutos que circundam a Via Appia Antica.

A parte antiga começa na Porta de San Sebastiano e o passeio é muito agradável, é um modo de passar um dia no campo dentro da cidade. Muitas pessoas alugam bikes (eu tentei, mas já tinha esgotado), fazem corridas, caminhadas, pic-nics... É uma delícia.

Mas, para mim, o mais legal foi que eu e a Vivi estávamos sem rumo. Toda vez que tinha uma bifurcação, não nos preocupávamos e seguíamos o caminho que preferíamos, sem muito saber onde iria dar. Parece bobagem falando assim, mas para mim, que sempre preciso ter certezas de tudo nessa vida, arriscar um lado certo ou errado, foi uma aventura.

Além do mais, Roma é tão surpreendente que, a cada passo é possível se deparar com a História, como foi o caso de uma pequena capela logo ao início da estrada, onde entramos por curiosidade de católicas que somo, mas logo entendemos que foi ali que Pedro, ao fugir de Roma, teve a visão de Jesus que o aconselhou a voltar para casa. Inclusive, há ali uma pedra com as marcas dos pés de Pedro, que dizem ser original.



Acho que eu a Vivi caminhamos por mais de 5km, observando tudo com calma, rindo de nós mesmas e do nosso despreparo físico, admirando a beleza da paisagem e, é claro, dos italianos.






Já mais à tarde, chegamos à região onde ficam as catacumbas e visitamos a de S. Callisto. Para vocês entenderem, as catacumbas são cemitérios antigos, onde os critãos eram enterrados secretamente durante a perseguição, quando o Cristianismo era proibido. Estamos falando aqui do ano 313 d.C.

Mais uma vez, os romanos da antiguidade surpreendem pela engenhosidade e capacidade de construir algo de dimensões gigantescas, debaixo da terra, numa época em que não havia eletrecidade. E, além de construir essa estrutura, eles sabiam como identificar os corpos jazidos naquele local, que abrigou diversos papas e mártires do Cristianismo, como Santa Cecília, por exemplo.

É incrível pensar que a fé dessas pessoas era tamanha, a ponto de criar esses labirintos subterrâneos com ideogramas próprios para garantir seu repouso ao lado de Jesus Cristo; mesmo que isso lhes custasse a própria vida.



A visita às catacumbas são obrigatoriamente guiadas, porque o local é um labirinto assustador. O passeio é pago e há guias em italiano, inglês, espanhol, alemão, coreano e francês. Seguimos o italiano e foi difícil de acompanhar, porque ele era um senhor que falava muito rápido e, virava e mexia, falava das condições atuais dos rapazes salesianos (o local é Salesiano), até que, no final da visita, pediu dinheiro para ajudá-los. Demos nossa colaboração, mas confesso que o fiz meio contrariada porque achei inapropriado, afinal, já havíamos pago para entrar. Mas enfim...

Eu não gostei muito do passeio às catacumbas em si, embora reconheça beleza artística dos desenhos que ilustravam o local. É fundo, escuro, frio e um bocado mórbido. Nunca gostei de visitar cemitérios e, no fim, é a mesma coisa. Mas valeu a experiência.

No retorno, nos rendemos ao ônibus, novamente sem saber ao certo onde desceríamos. Quando nos vimos em frente ao Circo Maximus e, portanto, ao lado do metrô, descemos. Estava tendo algum tipo de evento político ali em frente ao Circo Maximus e, como estava encerando, o metrô parecia a Sé em horário de pico. E não só pela lotação que nos fez esperar dois trens para conseguirmos entrar, mas pelo excesso de brasileiro dentro do vagão. Era um tal de 'mermão' pra cá, 'bah' pra lá que eu fiquei até confusa sobre onde estava.

Descemos na Termini e buscamos um restaurante mais pela cara de comida boa do que pelo preço barato, já que estávamos sem almoçar e morrendo de fome e eram 20h! Foi uma boa escolha e na hora certa: em menos de 15 minutos, este e todos os restaurantes da região formavam fila na porta!

Fizemos uma bela refeição italiana, com bruschetta, pasta, gelato e tiramisù de sobremesa, além de um bom vinho para acompanhar. Merecíamos e nos deliciamos.

Observe o descaso deles com cuidado estético das coisas,
como o cardápio escrito à mão, por exemplo. Isso é bem comum, rs



Conversamos bastante eu e a Vivi. Percebi que sinto falta de algumas pessoas que me eram tão próximas e, hoje em dia, me parecem tão distantes. É um pouco complicado isso, mas meu sentimento afetivo por elas continua o mesmo, muito embora eu mal saiba de suas vidas... Bom, essa é uma reflexão para outra garrafa de vinho.

Fui para casa acabada de cansaço, mas ainda tive que lavar roupa. Conto essa experiência no post de amanhã que, aliás, é 'dia de branco'!

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