segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Giorno 02 - Primeiro dia de aula

O despertador da segunda-feira, 29/09, tocou cedo aqui em Roma: 06h30! E a ansiedade pré-primeiro dia de aula era tanta, que nem precisei da função 'soneca' para pular da cama.

Chequei a previsão do tempo - mais um dia de calor no outono italiano - e escolhi uma roupa básica, mas leve: jeans e uma blusa colorida e tênis.

E coloquei em prática meu aprendizado no curso de make up que fiz na semana anterior à viagem: limpeza e preparação da pele, base para o dia a dia, máscara para os cílios, um lápis neutro, blush e sombras nada que são tudo. Pronto!

Saí de casa sem comer nada porque ainda não tinha passado no supermercado e minha colega de quarto, a Maria, me disse que havia um café na própria escola.

Como era o primeiro dia, a indicação era para que eu chegasse às 08h. O caminho do apartamento à escola é ridiculamente curto, mas bastante agitado, uma vez que o Giovanni, responsável pela minha moradia, me deu a valiosa dica de cruzar a estação Termini para sair literalmente em frente à rua da Dilit (este é o nome da escola). A caminhada de no máximo 10 minutos é agradável.

Chegando à escola, falei 'Buon Giorno' e já meti um inglês na sequência que era para não ter erro de informações (eu e essa mania insuportável de preferir o lugar seguro... tsc, tsc!). A simpática moça que me atendeu ignorou o meu inglês e me passou, em italiano, todas as informações necessárias sobre o teste de nível que eu deveria fazer. Ao final, perguntou se eu tinha alguma dúvida e eu disse que não. E em seguida, com um grande sorriso no rosto, ela me disse:

- Se avete capito tutto quello che ti ho detto, perché si ha parlato inglese con me? Non essere timida!
(Se você entendeu tudo o que disse, porque falou inglês comigo? Não seja tímida!)

Esse foi o tapa na cara número um da viagem. Afinal, vim aqui para aprender a falar italiano ou não?
Bom, fiz o teste escrito e, depois, o oral. O professor que me avaliou foi muito simpático e me colocou no nível 5, já intermediário.

E ainda não sei se isso é bom ou ruim.

Meu professor, Frederico, é muito 'carino'. Gentil, paciente, atencioso. E seu método de ensino me agrada muito. Passamos mais de uma hora conversando em duplas, sobre como tinha sido o fim de semana, quem somos, o que fazemos, o que gostamos, o que não gostamos, por que estamos em Roma, por que estudamos italiano blablabla.

Só para contextualizar, toda segunda-feira começam novos alunos nesta escola, que é cheia de estrangeiros. Então, ingressei numa sala repleta de alunos que já estudam há anos, ou há meses, ou há semanas, ou há apenas dias. Assim, dessa mesma mesma maneira, toda sexta-feira há diversos alunos que deixam o curso.

Não tem um começo, meio e fim nessa estrutura. Isso é curioso e pode parecer bagunçado, mas tem funcionado há 40 anos e, sinceramente, é um modelo que atende às necessidades de diversos jovens de todo o mundo, como eu, por exemplo. Acho que o que mais vale nisso tudo é a experiência do intercâmbio, pois com tantas pessoas de tantos lugares distintos, você acaba sendo forçado a usar a única coisa que certamente é comum a todos: a língua italiana (e antes que achem que posso ser salva pelo inglês, pasmem: é raro quem seja fluente por aqui!)

Bom, voltemos à sala de aula nível 5. Na minha classe, além de mim, há mais sete alunos: um casal de venezuelanos, uma menina japonesa (dela me lembro o nome porque é fácil: Mia, rs), um rapaz francês, um seminarista suíço, uma garota alemã e um rapaz sueco (dele também me lembro bem, já que tem o mesmo nome que um dos meus personagens preferidos de 'Crepúsculo': Jasper, hehe).

Num primeiro momento, pensei em sair pela mesma porta pela qual entrei sem nem terminar a aula, pois todos são muito fluentes e conseguem estruturar o raciocínio completo em italiano, além de conhecerem com a palma da mão as regras gramaticais e ortográficas. Mas depois pensei que estou sem contato com este idioma há mais de dois anos e que, antes de desistir, deveria me dar uma chance. A coisa positiva é que achei a aula tão boa, mas tão boa, que saí esgotada ao término.

A aula vai das 09h às 12h30, com um intervalo de 20 minutos por volta das 11h, quando é possível se deliciar na cafeteria a preços bem populares. Além do mais, é um momento de interação entre os alunos e o clima parece beeeem descontraído.

Outra curiosidade é que, por este modelo de curso, não existe material didático, exceto se você fizer questão. Pouco se escreve em aula e muito, muito mesmo, se fala e se ouve. De novo, pode parecer pouco eficiente para os padrões de ensino tradicionais, mas é bastante produtivo para interações e conhecimento do idioma e da cultura, não só local, mas dos outros país de onde vêm os estudantes.

Ao término do meu primeiro dia de aula, o professor veio conversar comigo sobre se achei o nível adequado para mim. Eu fui sincera. Disse que senti dificuldade porque há tempos não estudo italiano, mas que já conhecia as regras dos exercícios e preciso apenas refrescar a memória. Além disso, como também falo espanhol como idioma alternativo, há uma grande confusão no cérebro e, inevitavelmente, acabo misturando tudo. Ele me disse que isso é natural, pois, ao contrário de quem tem a língua espanhola como idioma mãe, eu ativo outra região do cérebro, ou seja, a mesma para o espanhol e o italiano.

É um exercício difícil, especialmente pelo contato com os brasileiros no apartamento. Mas vamos dar tempo ao tempo. Afinal, hoje foi só o meu primeiro dia de aula, certo?

Bom, depois disso, voltei para casa e dormi por umas três horas. Na verdade, detesto perder tempo dormindo à tarde, mas - pasmem! - resolvi respeitar o chamado do meu organismo, que ainda sente o fuso horário de cinco longas horas.

Ao acordar, voltei à escola para atividade de integração dos novos alunos. Comi um lanche por lá mesmo e para minha alegria, existe COCA-LIGHT (light, não Zero!) na Itália!

Ao longo da atividade, percebi que são raros os alunos que, assim como eu, viajam sozinhos para uma aventura de intercâmbio. As panelas vêm prontas e isso dificulta a relação. Mas estou confiante que poderei me aproximar de algumas pessoas.

Ao final da tarde, eu e Maria fomos até a igreja 'Santa Maria Maggiore', que além de ser perto de casa (uns 10 min de caminhada), é uma de minhas preferidas.

O engraçado é que ela está em Roma há quase um mês e disse que sabia chegar até a Basílica. Pois bem, na verdade, ela me guiou até a igreja de Santa Maria Angeli, onde estive ontem, lembram? Eu, que não passo por Roma há dois anos, que disse a ela que estava errado, rsrs!

A 'Santa Maria Maggiore' é a maior basílica de Roma dedicada à Virgem Maria. Para mim, uma das mais bonitas da cidade (e olha que tem igreja, viu!). O que mais me agrada é a arquitetura interna composta de mosaicos, que dá um ar de menos ostentação, comum às igrejas católicas. Uma curiosidade é que, em seu altar, há um relicário com pedaços de madeira que dizem ser do Presépio Santo de Jesus Cristo. Mas as missas do dia a dia não são rezadas no altar principal, mas sim numa capela ao lado, que estava abarrotada de fiéis.

Diz a lenda que esta igreja foi construída devido a um sinal que o Papa Libério recebeu da própria Virgem Maria, que pediu em sonho que fosse construída uma Igreja em seu nome numa colina de Roma, onde iria nevar do dia 04 para o dia 05 de agosto, justamente a época de maior calor na Itália. E, então, no dia 05 de agosto, o local onde hoje ela está apareceu coberto de neve. Isso foi considerado um milagre e, por isso, essa também é conhecida como "Igreja Santa Maria das Neves".

Na volta para casa, paramos num supermercado. Comprei o básico do básico, incluindo garrafas d'água (tem garrafa de 1,5L a 0,16 euro, acreditem!); um pouco de frios (queijo, salame e prosciutto); pão de forma; iogurte de morango para o café da manhã; massa e molho de tomate; chá gelado e suco de pêra. Gastei $25,00 e achei um bom investimento.

Ao chegar em casa, interagimos com os nossos roomies queridos e fizemos um jantar (cada um com sua comida) juntos, ouvindo músicas escolhidas por Santiago, que está indo de férias para a Flórida, EUA.

Não consegui dormir cedo. Inventei este blog, conversei com meus pais no Skype (sim, meu papi também está entendendo como funciona, rs), terminei um frila do Brasil, conversei com meus amigos por whatsapp e fiquei rolando na cama até bem tarde, já desesperada com as poucas horas a serem dormidas.

Mas quem sabe assim meu organismo não entende de vez o novo horário e a nova rotina? Assim espero!


domingo, 28 de setembro de 2014

Giorno 01 0 Ciao, Bella!

Apenas para esclarecimentos, 90 dias é o tempo de duração do meu curso. Provável que este blog tenha alguns dias a mais, contando a chegada a saída. Além disso, farei alguns posts intermediários sobre o que eu achar pertinente, certo? rs!

Mas enfim, cheguei em Roma!





Meu avião da Alitalia pousou no Aeroporto Leonardo da Vinci di Fiumicino no domingo, 28 de setembro, às 07h20. Eu contratei um transfer para me levar até o apartamento onde ficarei hospedada. Com certeza foi mais caro do que pegar um trem ou um ônibus até a Estação Termini (meu apê é a dois quarteirões!), mas minhas malas estavam enormes (me julguem!) e eu não queria estresse logo na chegada.

Mas quem disse que não seria uma aventura? Porque é claro que não tinha um italiano lindo, gostoso e sarado segurando uma plaquinha com meu nome na porta do desembarque internacional. Na verdade, não tinha ninguém segurando a tal placa. E depois de quase meia hora de espera, resolvi ligar para o número que a agência havia me dado em caso de emergência. Certamente acordei uma senhora italiana e perguntei se falava inglês, porque não queria arriscar o italiano enferrujado neste momento de tensão. Após longos 20 minutos, eu e o transfer nos encontramos. E antes que alguma assanhada já tenha fetiches com o motorista, ele era um senhor idoso bem mau humorado e fomos mudos até o apartamento.

Assim que cheguei, o jovem Giovanni, responsável pelos quartos, foi muito gentil e prestativo. Me ajudou com as malas e, antes de despejar as regras da casa, já me indicou um post it na minha escrivaninha com login e senha do wi-fi. O primeiro pensamento foi: 'estou no lugar certo e com a pessoa certa!'

O quarto é bom e espaçoso. Mas o melhor é que tem uma janela ampla que bate uma delícia de sol ao longo do dia!

O apartamento também é grande e o prédio é bem antigo, o que o torna especialmente charmoso.

Além de Giovanni, moro com dois brasileiros: Maria, uma senhora de Campinas, que está estudando italiano na mesma escola que eu, mas por apenas um mês; e Valdir, um outro corajoso da vida que largou tudo para dedicar seu tempo à música por aqui.

Por fim, há o Santiago, um argentino de apenas 23 anos, que mora na Itália há dois anos, onde trabalha (ele tem cidadania) e fala fluentemente o italiano. Ele é nosso professor particular: nos força a falar italiano, nos corrige quando erramos e ensina todas as expressões com palavrões, já que, segundo ele, não é possível aprender esta língua de outra maneira.

Bom, depois de 11 horas de voo quase sem dormir, eu estava muito cansada. Organizei todas as minhas coisas no quarto, desfiz as malas e... capotei! Dormi umas três horas sem culpa! Quando acordei, tomei um bom banho e passei pelas redondezas.

A primeira coisa que fiz foi comer uma bela pasta! Spaguetti a carbonara de primo prato e filé ao limone de secondo! Pedi uma cerveja para brindar a mim mesma e comi sem presa, degustando cada garfada!

Depois, é claro, comprei um chip daqui para o meu celular porque a vida não acontece sem conexão mobile, né? Pelo menos a minha não, rs!

Escolhi a operadora I Wind, que é a Vivo local. Embora tenham me garantido que a Tim aqui é a que melhor funciona, resolvi seguir meus instintos. Vamos ver se não me arrependo, hehe! Um chip pré-pago custou 35 euros (já vem com 30 de crédito) e tenho 1 GB de internet por mês. Depois disso, devo carregar com 10 euros por mês. Achei bem razoável.

Na volta, cheguei à Piazza della Republica, que é bem perto de onde estou hospedada, e entrei na igreja Santa Maria Degli Angeli, que eu não conhecia e nem nunca tinha ouvido falar. Acabei assistindo a missa que estava começando e achei bem curioso como a orações são linguagens universais, mesmo que em idiomas diferentes: fui completamente capaz de seguir a missa, com naturalidade e rezando em português mesmo, hehe!

O fuso horário estava me matando e, por isso, voltei para o apartamento, conversei via Skype com meus pais (estou orgulhosa de mamãe que conseguiu fazer isso sem grandes problemas) e dormi logo em seguida, já com o frio na barriga que antecede o primeiro dia de aula!

Até amanhã!


sábado, 27 de setembro de 2014

Benvenuti alla mia nuova vita!

Minha paixão pela Itália é antiga e, para ser sincera, nem sei quando ou porque começou. Só sei que, um dia, disse que meu sonho era conhecer este país que, de longe parecia o lugar mais legal do mundo.

Até que em dezembro de 2008, depois de juntar cada centavo do meu pobre salário de estagiária, realizei este sonho. Embarquei sozinha com destino à minha primeira viagem à Europa e foi amor à primeira vista.

Encontrei minha prima, seu marido e sua filha, minha afilhada, que na época tinha apenas 1 aninho recém completado; em Paris. Passamos um delicioso fim de semana e partimos para Manhein, na Alemanha, onde eles moravam. Lá celebramos o Natal e eles me levaram até Heidelberg, uma cidade encantadora e próxima dali, de onde encontrei uma tour que havia contratado no Brasil para seguir viagem.

Foi a melhor coisa que fiz. Conheci muitas pessoas, a maioria da América do Sul, mas de países diversos, com as quais tenho contato até hoje. Entramos na Itália de ônibus, logo após passarmos o Natal em Innsbruck, na Áustria. Lembro que achei fascinante o fato de cruzarmos um simples túnel no meio dos alpes e chegarmos à outro país.

Já na Itália, paramos em Verona, terra do amor eterno de Romeo e Julieta; passamos por Padova e não partimos antes de eu rezar bem perto de Santo Antônio, para que ele abençoasse o meu coração (acho que ele ainda não conseguiu atender aos meus pedidos, probrezinho!); visitamos a bela Veneza; rezei perto de São Francisco, meu santo protetor, em Assis; e finalmente chegamos a bella città di Roma!

Eu não costumo ser boa com localizações geográficas, mas em apenas poucas horas, minhas conexão com esta cidade foi tanta, que já sabia onde devia ir, por qual caminho, pegando qual metrô....

O turismo foi completo! E foi nesta ocasião que decretei a Fontana di Trevi como meu lugar preferido no mundo: aquela energia não se encontra com facilidade! É única e verdadeira!

As praças, as pessoas, o clima, o museu a céu aberto, o gelatto... Eu prometi a mim mesma que iria voltar sempre que possível e que, um dia, passaria um tempo em Roma.

Mas eu fui crescendo e o tempo foi passando. E o estágio virou emprego de gente grande. E as aulas de italiano deram lugar aos estudos da pós-graduação. E a vida corrida foi tomando conta dos sonhos.

Voltei à Itália e a Roma uma segunda vez, também a turismo, dessa vez em companhia da minha irmã, que estava prestes a completar 30 anos. Foi uma nova e deliciosa viagem, mas eu sabia que tinha data para voltar.

Em 2014 a oportunidade se fez. Já fazia alguns meses que eu queria simplesmente largar tudo e sumir por aí. Mas eu tinha medo de arriscar. Até que, m agosto, a vida cuidou disso por mim (e para quem quiser entender melhor, é só clicar aqui). E eu arrisquei ser feliz.

Investi todo o meu dinheiro em três meses de sonho realizado e aqui estou: morando em Roma.

Por isso criei este blog: para que você possa acompanhar de perto se eu fiz bem ou se fiz mal e como serão meus ias por aqui.

Deseje-me sorte e espero que aproveite a minha estadia por aqui!

Ci vediamo a presto! :)