quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Giorno 18 - No dia do professor, um brinde a todos que me ensinaram tudo o que aprendi

Se eu já não fosse faltar os próximos dois dias à aula, certamente não teria ido à escola hoje. Acordei péssima, com o rosto inchado, os olhos ardendo, nariz fanhoso, dores no corpo e aaaa....tchim: não paro de espirrar!

Mas lá fui eu, para mais uma manhã de estudos de italiano. Como vocês já sabem, minha sala está abarrotada. Isso fez com que o professor pensasse em atividades mais individuais, usando as duplas e pequenos grupos apenas para trocas de respostas, dúvidas de vocabulário e assim por diante.

Eu não sou muito boa em gramática em italiano porque acho que meu nível aqui é mais alto do que o nível que parei de estudar no Brasil, assim que há um gap e sinto que estou sempre um passo atrás da turma, o que não acho de todo mal, embora às vezes repense se devo ou não ficar neste nível e sempre acabe me decidindo pelo sim, hehe.

Mas, mesmo assim, eis que o professor deu um exercício de análise sintática, em que deveríamos justificar o uso do pronome relativo 'che', que é exatamente como o nosso 'que' do português, classificando-o como sujeito ou objeto direto da oração.

Então, quase que como num túnel do tempo, me vi sentada na sala de aula do primeiro ano do Ensino Médio do Colégio Augusto Laranja, quando a professora Ester nos ensinou, de modo que eu nunca mais esqueci, a fazer a análise sintática das orações.

O princípio com o italiano é praticamente o mesmo e, dessa forma, defendi que o tal pronome relativo tinha função de sujeito. E fui a única. A classe inteira defendeu que era um objeto direto e, quando o professor me perguntou se eu estava certa da minha resposta, não tive dúvidas e disse que sim, com firmeza.

Ele estava de acordo comigo e pediu que eu explicasse à turma o porquê dessa definição. Fiz isso com tranquilidade e segurança.



Então, uma colega me elogiou e perguntou como eu sabia disso. A resposta veio na ponta da língua:

- A regra funciona como em português. E eu tive uma boa professora. 

E tive mesmo. Embora me lembre de que muitos colegas de classe não gostavam desta professora em específico, estou certa de que ela foi determinante na minha escolha profissional, já que me dou tão bem com as orações coordenadas e subordinadas da vida.

Mas quando dei essa resposta à minha colega, acho que estava me referindo a todos os meus professores. Sem modéstia alguma, afirmo que sei bastante coisa sobre diversos assuntos e sei, principalmente, que devo isso a cada um desses professores que cruzaram minha jornada como estudante, desde a educação infantil, até a pós-graduação, incluindo os professores dos cursos de idiomas, professores particulares, os de ballet, natação etc etc etc.

Ao fim da aula, disse ao meu professor que hoje, no Brasil, celebramos essas pessoas tão importantes em nossas vidas. Ele ficou satisfeito em saber que temos um dia especial para isso e agradeceu os meus parabéns.

Obrigada a todos vocês, professores deste mundo afora!

Pensei muito na minha tia Márcia e na 'tia' Cleyde, ambas professoras, ambas falecidas neste 2014, que me levou tanta gente querida embora. E, nestes casos em específico, levou tão boas professoras, que dedicaram suas vidas a ensinar aos outros.

E não posso deixar de citar minha irmã e minhas tias Silvia e Eliane e minha prima Bianca, que seguiram o mesmo caminho.

Queridas: vocês, certamente, fazem do mundo um lugar melhor! Obrigada por isso! 



Depois da aula, fiz minha inscrição no teste de proficiência da Universidade de Siena (sim, eu acabei optando pelo sim, mas sem grandes cobranças: se passar, que bom; se não passar, valeu!); e segui para casa, onde almocei, cuidei um pouco da vida online e arrumei minha mala para Viena, na Áustria, onde vou passar os próximos dias, visitando alguns amigos.

Parabéns para mim, que colocou dois casacos, botas e um monte de coisas, em uma pequena mala que tem menos que 23kg. Clap, clap! rs!

Com muito esforço, me arrumei (não insisti nas lentes de contato porque a alergia está mesmo afetando meus olhos) e segui novamente para o 100 Montaditos, o programa oficial das quartas-feiras a um euro, rs!

Mas antes passei na Termini para encontrar dois alunos novos da minha sala, que nos acompanharam no programa, mas não sabiam como chegar. Me voluntariei a ajudá-los, mas assim que cheguei à estação me arrependi.

Isso porque logo encontrei a Debora, uma linda jovem suíça de apenas 19 anos. Esperamos pelo Clemente, que também é um suíço de 19 anos, mas antes dele chegou um outro menino da Suíça que não tenho ideia de como se chama.

Ele cumprimentou a Debora e me ignorou, o que já achei bem mal educado. Para piorar, só falava em alemão com ela que, na minha opinião, também não foi nada educada porque, ao invés de puxar pro italiano, continuou a falar alemão com ele. Fechando com chave de ouro, ele acendeu um cigarro DENTRO da estação, o que é proibido e, ao acabar de fumar, jogou a bituca no chão da estação. Eu fiquei em choque.

Primeiro porque eu estou com uma crise alérgica que está claramente me matando e o cara acende um cigarro do meu lado, num dos poucos lugares onde se é proibido fumar. Segundo porque jogar lixo no chão é algo que não dá para respeitar. E o fulano é da S-U-Í-Ç-A, o que prova que gente mal educada tem em todos os lugares do mundo, e não só no Brasil como os #mimimi adoram dizer.

Bom, caminhamos até o restaurante e ouvi o fulano aí reclamar duas vezes em inglês sobre a distância (se andamos 20 minutos é muito!) e, quando chegamos, reservamos algumas mesas. O problema é que tinha mais gente do que o esperado e os garçons não nos deixaram juntar tantas mesas do lado de fora, então, tivemos que sentar na parte interna.

Quando eu digo que meu anjo da guarda é forte tem gente que não acredita. Mas meus queridos, ele é forte! Porque eu estava quase arrependida de ter ido ao restaurante, porque o cigarro alheio estava me matando. Mas na parte interna, não é permitido fumar. Eis que comecei a me sentir MUITO melhor!

Estávamos em muitos: Viviane, que me encontrou lá; Valentina e seu irmão; Jesper; Helena e Roberto; Lia; Carolina e seu namorado italiano; Sarah, Manuel, Clemente, Deborah, e mais uma galera que nem sei quem são, hehe!

A parte boa é que eu me sinto em casa! Falar italiano não é mais um problema, tão pouco entendê-lo. Sei para onde tenho que ir, qual caminho devo escolher, posso dar informações, sei o que devo pedir, do que gosto e do que não gosto... Aos poucos, sinto que, a cada dia que passa, estou mais próxima de estar vivendo esta cidade, do que de estar apenas de passagem por ela. E essa sensação... é boa!

O passeio foi bem divertido, demos muita risada, gastei pouquíssimo dinheiro, mas eu e a Vivi voltamos mais cedo para casa, porque eu não estavam 100% e ainda tinha coisas a arrumar antes de viajar.

As próximas notícias devem vir fresquinhas da Áustria, mas apenas na próxima semana.

Ci vediamo! :)

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