quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Giorno 60 - Helena e Roberto: a certeza de que a amizade fica!

A quarta-feira (26/11) parecia saber que seria uma dia triste: amanheceu cinza, fria e chuvosa. Muito chuvosa.

Minha nova capa de chuva foi a melhor aquisição dos últimos tempos, porque quando chove em Roma, alaga. É um caos completo. Roma é uma daquelas cidades que não combina com chuva, sabe? Diferente de São Paulo, que embora seja bela com o céu azul, tem seu charme nos tons PBs dos dias chuvosos. Roma não. Roma combina com sol, com céu azul e limpo, com tardes alaranjadas, com manhãs claras e coloridas.

Mas parecia que Roma chorava a partida de Helena e Roberto, meus grandes amigos que partem de volta para casa, a confusa e perigosa Venezuela.

Meu coração parte ao vê-los ir embora, não só porque farão muita falta em nossos dias, mas porque se para nós já é difícil voltar para casa, para eles é ainda pior. Imagina amar o seu país, mas não ter condições reais de viver ali e construir uma vida? Caracas, a capital da Venezuela, é a segunda cidade mais perigosa do mundo, onde em único final de semana morrem mais pessoas que em alguns dias de guerra. O governo autoritário camufla uma ditadura vergonhosa e impede os cidadãos de serem donos de suas próprias vidas e, também, do seu próprio dinheiro. A economia está quebrada e não há comida nas prateleiras dos supermercados, o que alimenta um estado de corrupção no mercado negro, onde se vende ítens básicos da cesta básica a preço de raridades gastronômicas.

A vida dos meus amigos é relativamente boa, porque eles têm a sorte, assim como eu, de terem uma família com alguns recursos que os impedem de viver numa situação grave, mas eles sentem pelo próprio país e não sabem o que vão fazer ao voltar para casa. São jovens como eu, mas sem perspectivas e, o pior de tudo, quase sem esperanças.

Eu cansei de dizer a eles que serão eternamente bem-vindos no Brasil, porque são pessoas talentosas e especiais.

Eu me vejo muito na Helena e sei que ela também se identifica comigo. Será realmente difícil passar meus próximos dias aqui longe deles e, especialmente, longe dela, que se tornou uma grande amiga e confidente, daquelas que conseguem me entender só com uma troca de olhares.

Eles são pessoas determinadas e grandes guerreiros. Querem o melhor para o seu país e para o mundo. São realmente pessoas que agradeço por ter conhecido.



Bom... a quarta-feira fria, cinza e chuvosa...

A aula foi chata. Chata. CHATAAAA! Meu professor precisa melhorar logo e voltar a nos dar aula porque mais um dia com essa professora substituta e eu desisto de estudar italiano. Aula monótona, parada e fácil, se desafios. Blé!

Quando finalmente acabou, eu e Debbie fomos comprar os presentes de Hele e Beto e encontramos a perfeição numa loja de brinquedos perto da estação Barberini do metro: para ele, um Lego da Fontana di Trevi (que está fechada, mas era o único de Roma); para ela, um boneco de Walter White, protagonista da série 'Breaking Bad', que ela falou todos os dias que queria um! rs!

Os presentes são meus, da Debbie, do Clemi e do Benjamin, que foi quem teve a ideia de presenteá-los. (Eu já disse que ele é muito querido? Pois ele é!)

Depois, voltei para casa, preparei um bom almoço (macarrão no molho ao sugo e filé de frango à milanesa, clap clap para mim), arrumei meu quarto, estudei, tomei banho, me arrumei e saí para encontrá-los para jantar.

Chovia muito. Não, acho que não descrevi direito. Chovia torrencialmente e sem parar. Eu inventei de ir a pé até o restaurante, em São Lorenzo, e foram os 15 minutos de caminhada mais longos e molhados da minha vida. Meu cabelo, que eu tinha secado cuidadosamente com o secador, estava encharcado, assim como o meu cachecol e o meu casaco. (antes que me critiquem, eu tinha deixado o meu guarda-chuva com a Debbie de manhã porque ela estava sem; e meu casaco era impermeável, mas a 'toca' não cobria a cabeça o suficiente, rs).

Cheguei à pizzaria pontualmente às 19h30 e congelando de frio. Tirei tudo molhado, prendi o cabelo e pedi uma cerveja para esquentar. hehe! Ben chegou em seguida, depois Clemi e Lia, Debbie e, por fim, nosso casal preferido: Beto e Hele.

Jantamos, bebemos, rimos. Mas o momento mais legal foi ver a cara deles quando demos os presentes: felicidade pura! Pareciam crianças! Valeu mesmo muito a pena!



De lá, seguimos para um bar ao lado da escola que todo mundo sempre vai, mas que eu nunca tinha ido: Yellow. Encontramos Gabriel, Renato, Milena e um outro menino suíço que acho que se chama Fabio e eu nunca o tinha visto na escola. Beiker, também venezuelano, também nos encontrou.

Conversamos muito, rimos demais, bebemos como sempre. Hele e Beto nos presentearam com colagens de fotos nossas, num gesto muito carinhoso. Acabamos a noite no Mc Donalds em frente à Termini.



Dei um grande abraço em Helena e Roberto. É realmente curioso como, embora já sinta a falta deles, a sua partida me deixa tranquila, pois tenho a certeza de que ainda os verei muito... e sempre! Não sei explicar o porquê, mas apenas sei que isso não acabou em Roma.

Ao chegar em casa mandei um monte de mensagens para os amigos (inclusive para quem não devia - álcool e whatsapp, aquela combinação maldosa!, mas tudo bem, eu ainda posso deslizar, desde que consiga voltar a caminhar de onde parei); e dormi.


terça-feira, 25 de novembro de 2014

Giorno 59 - O melhor restaurante de Roma (até o momento!)

Acordei sozinha às 07h desta bela terça-feira (25/11). Mas pensei na chatice da escola (porque sabia que meu professor não retornaria hoje) e, então, resolvi aproveitar os últimos dias de irresponsabilidade sem culpa e voltei a dormir. hehe.

Acordei às 10h30, tomei café, tomei banho, arrumei o quarto, me arrumei e fui para escola bem tranquilamente. Depois soube que Deborah e Miu também não foram à aula porque estavam doente. Coitada da Laure que teve que aguentar a aula sem a gente, rs!

Almocei na escola e fizemos uma grande mesa todos juntos: eu, Milena, Juan Pablo, Panagiota, Rahel, Gabriel, Renato... Eu costumo dizer que essa é a minha turma 'B', porque também são muito queridos, mas passo menos tempo com eles.

Quando saí do almoço para ir para aula da tarde, eles estavam comprando uma garrafa de vinho. E pelas mensagens de bêbado que o Gabriel me enviou no fim do dia, essa foi só a primeira, rs.

Agora que Sarah e Katharina já fizeram o exame, só resta eu e Victor na sala. Como proposta de teste para a prova oral, Luiza pediu que Victor me entrevistasse sobre minha vida profissional e a última pergunta que ele me fez foi justamente: 'O que você pretende fazer quando voltar ao Brasil?'.

Ok, pessoal: eu já entendi o recado! Vou refletir sobre isso, promessa! rs!

Victor saiu às 15h e ficamos apenas eu e Luiza e comentei com ela a minha insatisfação na aula da manhã. Ela ouviu atentamente e acho que foi uma boa ideia ter conversado com ela.

Depois da aula, encontrei Debbie, Hele e Beto na Termini e seguimos para Vila Borghese, mas Clemi demorou tanto para nos encontrar que já estava escuro e não fizemos nada, mas seguimos para o Vaticano porque Hele queria fazer umas fotos com a câmera profissional, de alguns dos monumentos de Roma.

De lá, Helena sugeriu de jantarmos em um restaurante chamado 'Osteria Barberini', perto da estação de mesmo nome, que é especializado em trufas. A indicação havia sido feita por uma prima sua, que há algum tempo fez um giro gastronômico pela Itália. Obrigada prima da Helena: foi o melhor restaurante que comi por aqui.

Pedi um risotto com trufas brancas e prosecco. Meus amigos pediram massa e/ou risotto com trufas negras. Eram todos muito bons!



Escolhemos um bom vinho e também nos demos sobremesas de presente!

Comemos bem, mas não foi algo exagerado, sabe?

Saímos de lá bem felizes, mesmo tendo sido um jantar mais caro que o nosso habitual. Mas valeu cada centavo!

Fomos até o Coliseu fazer mais fotos e, depois, voltei para casa.

Amanhã será um longo dia, o último de Hele e Beto por aqui e já sinto o vazio que eles deixarão. Mas falo disso no post seguinte, para não chorar antes da hora. =p

Giorno 58 - E o que vou fazer quando voltar para o Brasil?

Parece uma grande piada, mas depois de um bom domingo de descanso, tive uma péssima noite de sono, ou melhor, de insônia. Não conseguia dormir de jeito nenhum. Mil pensamentos na cabeça e a pergunta que não quer calar: 'che cazzo' vou fazer quando voltar para casa?



Sim, porque eu sei que a vida que levo aqui não é a vida real: é uma vida de balada, de festa, de férias. Uma vida de relax, de comprometimento comigo mesma, com as minhas vontades e nada mais. 

Mas o fato é que acordei aos pedaços na segunda-feira (24/11). Enfiei qualquer roupa e fui à escola. E, pela primeira vez desde que cheguei aqui, me arrependi de ter feito isso. Roberto, meu professor, está doente de novo e, dessa vez, a professora substituta me incomodou muito. Se chama Letizia e é bem gentil, mas nos tratou como um grupo de estudantes nível 01. 

O texto a ser lido era estupidamente fácil, mas tivemos que reler seis vezes. O mesmo com o exercício de 'ascolto', que tivemos que ouvir cinco vezes e eu já estava quase decorando as falas da mulher, de tão fácil. 

Eu não posso ter aulas assim: são chatas e entediantes. A grande coisa de ir à escola é sentir o desafio de aprender coisas novas, de perceber o cérebro trabalhando e, principalmente, de se sentir em crescimento constante. 

Laure e Deborah também estavam bem incomodadas com a situação. 

A única coisa boa é que assim que entrei na sala de aula, MIU me viu e gritou o meu nome com uma empolgação muito carinhosa. Ela, que acabou de voltar do Japão, se levantou e baseada na entonação com a qual gritou 'TALITA', achei que ela fosse me dar um grande abraço, mas sabe como são os japoneses, né... rs! Ela só me cumprimentou com beijos e foi bem carinhosa! :)

Quando a aula acabou, fui para casa jurando que dormiria a tarde toda. Até parece, né? 

Comecei a preparar meu próprio almoço quando Santiago apareceu na cozinha para fazer o mesmo. Começamos a conversar e, como se ele estivesse lido os meus pensamentos da madrugada em claro, me fez a seguinte pergunta: 

- O que você pretende fazer quando voltar ao Brasil?

Eu ri. 

- Não sei, Santi. De verdade. No começo, não estava pensando nisso, mas tenho pensado de uns tempos para cá e isso me tirou o sono esta noite. 

- Mas vai trabalhar, não?

- Sim, claro. Preciso. E quero. Gosto de trabalhar e sei que escolhi a profissão correta porque comunicar é natural para mim, mas não quero voltar ao meu antigo estilo de vida. 

- E qual era seu antigo estilo de vida?

- Trabalhar demais, não só em horas por dia, mas principalmente, me jogar de corpo, alma e coração no trabalho. Me envolvia demais, me dedicava demais, me estressava demais.... vivia de menos. 

- Tali, você sabe que assim que começar a voltar a trabalhar, aos poucos sua vida vai voltar a ser exatamente assim, né? 

- Sei. É isso que me bloqueia de ir atrás de um novo emprego...

- Essa mudança tem que ser sua, não do emprego. Você deve impôr os seus limites, expressar as suas vontades. Sua vida é mais importante que seu trabalho, mas você precisa do seu trabalho para viver. Mas você veio aqui buscar o que?

- Não sei... Equilíbrio, eu acho. 

- Encontrou? 

- Sim. Tenho certeza que sim. 

- Então não o perca mais. Emprego nenhum pode tirar o que você finalmente encontrou. 

- E o que eu faço? 

- Encare seu emprego como um trabalho, como algo que te completa, que te ajuda a ganhar dinheiro; mas não como sua vida. 

- Simples assim?

- Simples assim. 

- Obrigada, Santi. 

- De nada. Mas o conselho não é de graça...

- Sabia! 

- Pode me ajudar a escrever um texto formal em inglês? Porque se eu o fizer, será como o italiano do Waldyr. 

Todos rimos, inclusive Giovanni que a esta altura já havia se juntado a nós. 

Essa conversa me fez me sentir leve, tranquila. Acho que essa é uma das coisas que eu realmente gosto da mentalidade das pessoas por aqui: nada, absolutamente NADA, é mais importante do que a sua vida, sua família, sua felicidade. 

Talvez seja por isso que, neste momento, a Europa esteja em crise, mas para eles, o trabalho é só um trabalho, e não um estilo de vida. 

Porque todo mundo precisa de dinheiro, mas nem todo mundo precisa perder a vida para ter tanto dinheiro sem nem ao menos ter tempo e disposição de gastá-lo. Simples assim. 

Depois desse papo, estudei um pouco de italiano, tomei um banho e me arrumei. 

A noite da segunda-feira tinha 'apenas' três compromissos, dá para acreditar? Primeiro, passei na escola onde assinei uma carta de aniversário para Erica, uma das moças que trabalha no café. E aproveitei para me desculpar com Matias que estava agitando a festa surpresa, mas eu não poderia estar presente, pois era o último dia de Sarah e nós fomos com ela até San Loranzo, tomar uma cerveja. 

Estávamos eu, Clemi, Hele, Beto, Debbie, Lia e Sarah. 

Depois, todos nós (menos Lia e Sarah) fomos à casa de Hele e Beto, que preparam um jantar para nós: hambúrguer (feito por eles), salada, batatas... Conversamos bastante, demos muita risada como sempre e voltamos para casa. 

Quando cheguei, ainda bati um papo com Rachele e Giovanni e fui dormir cedo! :)

domingo, 23 de novembro de 2014

Giorni 56 e 57 - Lazio 0 x 3 Juventus e um domingo de descanso

Dormi até quase meio-dia do sábado (22/11). Acordei tranquila e fiz um call longo e produtivo com meus pais, porque fazia um belo tempo que não conversávamos direito. Papi carinhosamente me lembrou que daqui a exatamente um mês eu estarei em casa. Isso me faz feliz e triste ao mesmo tempo, mas falaremos deste tópico mais para frente.

Depois, me troquei e fui até o supermercado, finalmente. Abasteci a geladeira e dispensa e preparei um almoço para mim. Em seguida, foi a vez do meu quarto: faxina completa! Estava um nojo porque há dias que não limpava direito!

Então, fiz um pouco de hora por aqui, publiquei umas fotos da semana, respondi algumas mensagens, tomei um banho me arrumei e fui para a Piazza del Popolo onde encontrei Beto, Hele, Clemi, Ben e Debbie e seguimos de tram (espécie de bonde) para o Estádio Olímpico.

Lá chegando, esperamos um pouco porque de longe viemos que havia confusão de torcidas e que os carabinieri (PMs) estavam atirando bombas de gás lacrimogênio. Quando as coisas pareciam mais calmas, nos aproximamos do estádio e, então, percebemos que como éramos a torcida visitante, não haveria lugar marcado para nós. Na verdade, foi ótimo.

Quando compramos, achávamos que deveríamos ir na torcida da Lazio porque apenas sócio-torcedor poderia comprar para a torcida da Juve. Mas na hora, eles separaram tudo: Lazio de um lado, Juve de outro. Aliás, para ser sincera, achei bem organizado tudo. Há tempos que não vou a um jogo no Brasil, mas espero que seja assim. E outra coisa que me chamou atenção é que eles conferem o nome no ingresso com o documento com foto, para evitar os cambisas. Achei isso muito bom!

A partida foi ótima! Ver o Pirlo jogar para mim já valeu! Não só ele: Pogba, Tevez, Bufon, Marchisio, Vidal, Klose... Eu não sou uma fanática por futebol, nunca foi. Mas sempre acompanhou e acho bonito, não só a arte dos jogadores, mas a arquitetura, a forma de pensar, as estratégias... E, é claro, as torcidas!



Eles falam com as mãos, né? Dá para aprender muito italiano numa partida de futebol, acreditem! Além do mais, meu avô Ivo era um juventino e foi uma honra para mim assistir essa partida!

Meu único problema era um idiota BEM NA MINHA FRENTE, que imitava macaco cada vez que um jogador negro da Lazio encostava na bola. Aquilo me irritava muito. Benjamin pediu que eu me controlasse para não arranjar confusão.

Ele tinha razão, mas ao mesmo tempo, isso me fez pensar como nós somos cúmplices das pequenas violências do dia a dia, que acabam se tornando os grandes problemas da humanidade.

Eu era uma mulher, estrangeira, num estádio de futebol, sendo que não torcia para nenhum dos dois times em campo: como mandar um racista nojento desses à merda, sem correr riscos e sem colocar os meus amigos em risco? Isso me obrigou a ficar quieta, a ser cúmplice velada.

Mas pensei em quantas vezes não fazemos isso na vida? Quantas vezes não vemos cenas de racismo, assédio, preconceitos em geral, e mesmo não concordando, nos calamos para evitar que passe a ser um problema nosso?

Me senti mal com aquilo. #somostodosmacacos, mas não quando o fdp racista tá na sua frente e te faz sentir medrosa e impotente. Não tem jeito: a sociedade do preconceito tem que morrer e nascer de novo e, ainda assim, corremos o risco de continuar assim: uma grande merda! :(

A Juve venceu por 3 a 0 e quando acabou a partida, como éramos a torcida visitante, tivemos que esperar mais de uma hora dentro do estádio antes de poder ir embora, para evitar que as duas torcidas se encontrassem do lado de fora e, portanto, evitar brigas e violência. Mais uma vez, não sei se essa é uma prática adotada no Brasil, mas me pareceu bastante eficiente, embora seja bem chato ficar lá dentro esperando.

Pensei muito nos meus amigos esta noite. Se estou numa partida de futebol, devo isso a eles. Muitas pessoas me perguntem porque torço para o São Paulo, se meu pai é palmeirense. Bom, sou são paulina por conta da influência dos meus amigos de infância, sempre apaixonados por futebol. Apaixonados como os amigos que fui fazendo ao longo da vida e me aconselharam a não perder uma partida aqui na Itália. Bom, por falta de uma, vou em três, rs! :)

Conversei muito com Ben esta noite, sobre várias coisas... nos damos bem, nos entendemos, ele é bem querido! :)

Quando finalmente saímos do estádio, estávamos com fome, frio e sono. Mas tivemos que ir ao encontro de Lia, que estava com o namorado e acabamos nos perdendo. Compramos um lanche na porta do estádio (que foi um erro porque me fez muito mal e atacou meu fígado) e saímos caminhando em busca de Lia. Isso prova o quanto estou paciente por aqui, já que não faz o menos sentido sete pessoas irem ao encontro de uma, ao invés de esta uma vir ao encontro das outras sete. Mas ok. Achamos Lia, pegamos o ônibus, depois o metrô, depois outro ônibus e finalmente chegamos ao bar do Fabrizio, nosso ponto de encontro preferido.

Mas eu estava cansada, já me sentia com um pouco de dor de cabeça e estava com muito frio, não sei porque, já que não era a noite mais fria do mundo. Depois, andamos até o Campo di Fiori, mas não entramos em nenhum dos bares e viemos para casa.

O ônibus a caminho da Termini quebrou - muita sorte a nossa, #sqn! - e isso fez com que eu, Ben e Clemi fôssemos caminhando até a estação (quer dizer, eu até em casa).

Dormi me sentindo muito mal.

Domingo acordei às 09h e já vi que a enxaqueca tinha chegado para ficar. Achei curioso porque sábado eu não bebi nada - para vocês verem como nosso fígado é bem curioso, rs! Dormi de novo até às 13h, tomei um café leve, deitei de novo e coloquei toda 3a. temporada de Nashville em dia. Levantei, arrumei meu quarto, tomei um banho e resolvi almoçar (já eram 17h).

Coloquei todos os posts do blog em dia - como vcs podem ver, hehe - atualizei as fotos, e decidi que não vou nem estudar (preciso de um day off!!) e nem sair (não tenho condições físicas!!). Meus amigos foram fazer qualquer coisa turística, mas eu não quis ir; e a outra turma de amigos foi tomar um aperitivo no fim da tarde, mas eu também não quis ir.

Uma coisa eu aprendi: quando meu corpo pede descanso, devo escutar, porque se não acumula e piora. Já sou grandinha o suficiente para não me comportar [sempre] como uma criança, então, este domingo foi dia de ficar em casa!

A enxaqueca melhorou, ainda bem, e depois de cuidar da roupa; resolvi que dá tempo de colocar Criminal Minds ou Revenge em dia! :)

Giorno 55 - Mercado San Giovanni e a balada em Testaccio

Eu já sabia que a sexta-feira (21/11) seria agitada, só não imaginava o quão divertida seria.

Logo após a aula, eu, Hele, Beto, Clemi e Debbie seguimos para o mercado de San Giovanni, que é um grande mercado de rua onde se vende quase de tudo, mas especialmente roupas e acessórios, por preços bem acessíveis e qualidade boa. Este mercado fica aberto todos os dias, exceto aos domingos, e funciona até às 14h, exceto às quintas e sábados, quando fica aberto até às 17h. Comprei algumas coisas, mas vou voltar com certeza!

Depois, comemos uma pizza mais ou menos por ali mesmo e eu vim para casa, pois precisava de um tempo para cuidar de mim e das minhas coisas. Tomei um bom banho, lavei o cabelo e descobri que meu secador está quebrado, o que não é exatamente a melhor notícia para o inverno europeu. Também fiz as unhas, ou pelo menos tentei fazê-las. Tá longe da habilidade da minha manicure, mas dá para enganar, especialmente de longe, hehe! Me maquiei, escolhi uma boa roupa quente porque a sexta estava realmente gelada e saí de casa meio na correria, mas cheguei pontualmente às 19h na estação Pirâmide do metro, onde deveria encontrar a 'outra turma': Matias, Rahel, Juan Pablo, Milena, Gabriel, um novo brasileiro que se chama Renato etc. Debbie e Laure também foram. Fomos todos ao teatro, assistir uma peça baseada em fatos reais que se chama: 'Porque me chamo Giovanni'. Gostamos muito!

De lá, voltamos para a estação onde encontramos Hele, Beto, Clemi e Ben e fomos para a rua dos bares e discotecas de Testaccio. Parecia tudo muito vazio, mas o frio era tanto que eu - justo eu, a libriana indecisa! - escolhi um lugar para entrarmos. Aqui existem muitos lugares que não se paga para entrar, o que é ótimo! O lugar estava vazio e as poucas pessoas que tinham pareciam ter a idade dos nossos avós, mas estava quentinho e a música era boa, então, ficamos.

Compramos uma cerveja e, no começo, parecia haver uma segregação de turmas, sendo eu a interseção, como sempre. Mas dediquei atenção dessa vez a Matias e Gabriel, que sempre são muito gentis e queridos comigo e não fazia sentido essa separação infantil de grupos.

A música era realmente boa: só os tops desde a década de 1980 aos dias de hoje, mas meus amigos não levantavam do sofá. Então, eu dei uma de paulistana rainha do camarote, fui até o bar, comprei uma 'champa' e mandei entregar a 'bebida que pisca' na mesa. Como boa brasileira, animei o povo e fiz a festa começar. Depois disso, ninguém mais sentou.



Dançamos MUITO a noite toda e nos divertimos muitos. Teve música brasileira, latina, italiana, americana etc etc etc. Valeu muito a pena!



Muitas coisas e muitos sentimentos nessa balada, mas... bom, acho que ainda não tô pronta para expor tanto assim a minha vida, principalmente porque envolvem terceiros e quartos. Quem sabe numa próxima edição... hehe!


Mas embora as companhias fossem muito boas, senti falta das minhas amigas brasileiras que teriam feito, junto comigo, um estrago nessa balada. E teria, certamente, feito amizade com o DJ para que ele tocasse 'Molejo'. hehe!

Saímos de lá por volta das 3h, quando a música já não estava mais tão legal e acabamos no Mc Donald's da Termini. De lá, vim para casa e apaguei porque a diversão também cansa, meus queridos leitores!

Giorno 54 - Vaticano: Piazza e Basilica di San Pietro

Não acordei para a primeira aula. Mas, dessa vez, foi uma escolha bem consciente: eu sabia que a quinta-feira (20/11) seria puxada. Quando cheguei à escola encontrei Laure no café e ela também não tinha ido à primeira aula. Logo todo mundo saiu para a pausa e retornei à sala, onde encontrei Roberto, que ainda estava um pouco doente, mas tinha retornado.

Quando a aula acabou, almoçamos num restaurante ali por perto: eu, Hele, Beto, Debbie, Clemi e Sarah. Depois, todos nós, menos Sarah, seguimos para o Vaticano, onde visitamos a Piazza San Pietro e pegamos a fila, que n˜åo era muito grande, para entrarmos na Basilica di San Pietro.



Eu já visitei essa igreja outras duas vezes, mas é uma coisa que não me canso nunca. Não só porque sou católica e faz muito sentido estar no Vaticano, mas principalmente porque é um show de arte à parte: as esculturas, os quadros, o teto, a cúpula... é realmente impressionante.

Eu contei aos meus amigos que São Pedro está enterrado sob o altar principal da Basílica, e eles não sabia. Também contei a eles que o colunato que circunda a praça é obra de Bernini, bem como os 12 Apóstolos que enfeitam a parte superior externa da Basílica.

Visitamos também, dentro da Basílica, a obra de Michelangelo que é a minha preferida: PIETA, a imagem de Maria ajoelhada, segurando seu filho Jesus, já morto, nos braços. É de uma perfeição que não dá para descrever.


Eu disse a eles que gostaria de entrar na capela para rezar e Helena e Debbie também foram. Rezei muito, rezei de coração aberto, agradecendo muito mais do que pedindo. Cheguei até a me emocionar, porque tenho feito um milhão e atividades por aqui, mas toda vez que fico sozinha e paro para pensar em mim, na minha vida, no meu crescimento e, principalmente, quando entro em contato com os meus sentimentos... bom, o coração se mexe, as lágrimas rolam, mas no final, o balanço é sempre positivo.

Eu não sei dizer exatamente o que vim buscar em Roma, mas estou certa de que estou encontrando: me sinto mais tranquila, mais em paz, mais confiante em mim e na humanidade. É como se Roma estivesse me fazendo enxergar o mesmo mundo, mas com outros olhos. Isso me faz bem.

Quando saímos da Basílica, resolvemos subir na cúpula e achei ótimo porque isso é uma coisa que nunca tinha feito antes: foram 551 degraus e ainda paguei 5 euros para isso!! Podia ir de elevador, mas custava 7 euros e ainda teríamos que subir mais 300 degraus. Não achamos que valia a pena. No fim, não valeria mesmo, porque os degraus que o elevador substitui são tranquilos: largos e como uma escada normal. O problema são os últimos, que são estreitos, sem ar e sem luz, e que contornam a cúpula e, portanto, são curvados.



Uma sensação de cansaço e vertigem horrorosa, mas que é certamente recompensada quando finalmente se chega ao topo: que vista!

Nunca mais vou me esquecer de como Roma é linda vista lá do alto da cúpula de San Pietro. É impressionante como a cidade é verde e como o caminho que o Rio Tevere faz combina com a cidade. Fomos abençoados. A semana tinha sido toda de chuva, mas a quinta-feira estava linda e pudemos ver um belo pôr-do-sol, que alaranjou Roma e nos fez sentir muito especiais! Foi lindo!



Descemos de elevador (Não precisa pagar na volta haha) e, de lá, passamos em uma loja especializada em coisas nerds que, por um acaso, todos nós adoramos: Harry Potter, Game of Thrones, Senhor dos Aneis, Jogos Vorazes... Ficamos alucinados: uma coisa mais linda que a outra, cheia de artigos de colecionadores e... tudo muito caro! hahaha! Pensei no Nick, marido americano da minha prima Natalia: ele não sairia nunca mais desta loja, rs

De lá, fomos até o Pompi, pois Helena queria comer uma última vez o delicioso Tiramissu. Eu não os acompanhei, porque em seguida encontrei a Vivi para jantar. Eu estava sem internet (meu plano acabou ou sei lá oq!) e, portanto, sem Google Maps. Deveria ir da Piazza di Spagna a Piazza Navona, o que não exatamente muito difícil, mas eu estava com muito medo de me perder porque já disse aqui que não sou muito bem localizada geograficamente. Mas fui. Caminhei praticamente em linha reta e não teve erro! No meio do caminho, 'tropecei' no Alfredo di Roma, restaurante que adoro e nunca sei chegar. Ri sozinha e falei em voz alta: Roma, sempre me surpreendendo!

Encontrei a Vivi na Piazza Navona e fomos jantar no restaurante que eu tinha adorado ali por perto: Cantina e Cucina. No esbaldamos: alcachofra alla judia de entrada, massa de principal, sobremesa, vinho, limoncello... delícia! Saímos de lá rolando e queríamos caminhar.



Quando voltamos para a Piazza Navona, vimos que a igreja Sant' Agnese in Agone estava aberta. Às 22h, em Roma, isso não é comum. Entramos. Estava bem cheia e um grupo praticava canto, foi bem bonito. Ficamos lá um tempo, rezamos, agradecemos. Sempre agradecemos. Eu e Vivi fomos realmente abençoadas em Roma.



Seguimos a pé para a Piazza Del Popolo e Vivi fez uma métafora de como Roma e suas ruínas são capazes de nos lembrar como podemos ser fortes e sobreviventes às ruindades e maldades do mundo e dos seres humanos. Nossas histórias são feitas de batalhas, de derrotas, de marcas: mas é tudo isso que nos transforma em pessoas fortes e justas. Pegamos o metro e nos despedimos. Vivi segue para Paris e Madrid e volta no domingo, 30/11, mas já parte quase que em seguida para o Brasil. Mais uma grande amiga que se vai, mais alguém de quem devo me despedir, mais uma lição de desapego...
Voltei para casa morta de cansaço e com dores nas pernas, hehe! Apaguei!

Giorno 53 - Cinema Italiano

Uma das coisas mais legais de morar em outra cidade, estado ou país é criar hábitos de cidadãos e não apenas de turistas. Por isso, nesta quarta-feira (19/11), resolvemos ir ao cinema.

O dia ainda estava chuvoso e bem gelado. A aula correu normalmente e, esta semana, tive aula à tarde na quarta e não na quinta a pedido da professora. A aula da tarde foi puxada, com simulados do teste das meninas e exercícios bem difíceis. Mas isso é bom: motiva, desafia, incrementa.

Quando saímos da aula, um bom tempo depois do horário do término, eu e Clemi fomos ao encontro de Helena, Beto e Debbie na Termini, onde pegamos o metrô e fomos ao cinema Barberini. Clemi estava bem quieto, mas depois foi se soltando. Ainda bem, porque não combina com ele ficar assim, calado, já que é alguém que está sempre sorrindo e brincando com todos.

Lá encontramos Ben e Vivi, que também nos acompanhou. O filme quem escolheu foi Helena: 'Confusi e Felici', uma comédia italiana bem divertida e fofa, estilo comédia romântica americana.



A história é de um terapeuta que descobre que tem uma doença grave que o deixará cedo em poucos meses. Depressivo, ele abandona tudo, incluindo os seus pacientes, que inicialmente movidos pelo egoísmo de não poderem ficar sem a terapia; resolvem ajudá-lo. Mas depois, todos tornam-se grandes amigos e, no fim, a doença do médico ajuda a todos, inclusive ele, a se ajudarem. Nos divertimos bastante e adorei o programa!

Quando acabou o filme, Vivi e Debbie foram embora e nós seguimos para Via dei Corso atrás de algumas compras que Helena precisava fazer. Acabamos na Piazza del Popolo, onde tiramos fotos, conversamos e rimos bastante.

Depois, vim para casa. Mas antes, parei para comer aqui por perto porque eu não tinha absolutamente NADA para comer em casa, rs. Quando cheguei, meus amigos de casa estavam novamente reunidos na cozinha, tomando um chá.

Me juntei a eles e fui dormir tarde de novo! Mas tarde de verdade porque depois que acabou o bate-papo, resolvi arrumar meu quarto que estava vergonhosamente bagunçado. Depois, precisei comprar online o presente de niver da minha afilhada, Julia, para garantir que chegue a tempo. Apaguei às quase 03h!


Giorno 52 - Reunindo os amigos por acaso

Queridos, eu sei que faz quase uma semana que não atualizo o blog, mas vocês não têm ideia da falta de tempo livre por aqui, rs. Sim, isso é uma coisa boa.

Por exemplo, a terça-feira (18/11) tinha tudo para ser tranquila. Mas...

Bom, o dia estava chuvoso, frio e honestamente: chato. Roma não combina com chuva, desculpa aí São Pedro. A aula foi boa e produtiva e estamos com uma professora substitua, Suzana, porque o nosso professor está doente. Ela é divertida e muito bonita! Almocei na escola mesmo porque preciso economizar um pouco já que não paro mais em casa e como na rua direto. Depois, fui para aula da tarde que foi bem produtiva também. E demorada: começou 15 minutos antes e acabou quase uma hora depois. A prova de Sarah e Catarina é na próxima segunda-feira e, por isso, a professora tem se dedicado mais e mais, muito gentilmente.

Ao sair da aula, encontrei Clemi sentado na escada nos esperando. Esperamos um tempão a Lia chegar e, depois, fomos comprar os ingressos para a partida Lazio x Juventus, que aconteceu ontem, sábado (22/11). Este ingresso, aliás, era o presente de niver do Roberto que eu, Jesper e Clemi demos e ainda não havíamos coprado, rs. Fomos: eu, Helena, Beto, Clemi, Debbie, Lia e Sarah. No caminho, escrevi para o Ben que pediu para eu comprar o dele.

Descobri que eles já tinham comprado o ingresso para a partida da Roma e então pedi pro Ben comprar o meu. Tô meio a louca do futebol aqui, mas é bem divertido, rs! Depois que compramos os ingressos, não queríamos ir embora porque era horário de rush e estava chovendo: imaginem o caos do metrô, rs.

Então, como Clemi mora ali por perto, nos auto-convidamos para irmos à casa dele. Antes, passamos no supermercado e compramos coisas para fazer um macarrão. Ele estava realmente preocupado que não haveria lugar para todos, mas o apê é relativamente grande e, no momento, ele está morando sozinho. Ou seja: foi mais do que suficiente! Helena cozinhou para nós e pouco antes de começarmos a comer, Ben chegou com mais vinho. Resumindo: a terça-feira não acabou antes das três garrafas de vinho tinto!

Na hora de ir embora, Clemi me disse uma coisa que não saiu da minha cabeça: que antes de criticar alguém por algum motivo, devo olhar para as minhas atitudes. Fui embora meio cismada porque não me lembrava de ter falado mal de ninguém durante o jantar, o que tornava a situação ainda mais grave.

Quando cheguei em casa, escrevi para ele e entendi que era porque tinha feito uma piada com ele mesmo (ufa, menos mal!), que ele não tinha gostado. Os detalhes eu deixo para o futuro eventual livro, porque não vou expor as intimidades alheias aqui. Mas o fato é que um garoto de 19 anos me deu uma bela lição de moral e isso foi bem interessante.

Primeiro porque preciso parar de me sentir culpada sem ter culpa: eu sabia que não tinha falado mal de ninguém, mas ainda assim já me senti culpada. Segundo porque devemos sempre estar atentos ao poder que as nossas palavras têm: às vezes, uma simples brincadeira, pode magoar outra pessoa. 

Quando cheguei em casa, meus roomies estavam novamente sentados na cozinha conversando. Me juntei a eles e acabei indo dormir tarde de novo! Mas foi bom porque conversei muito com Giovanni e Santiago e ... queridos: esse mundo é sempre muito pequeno, cuidado! rs! Mas o papo fo gostoso e estou feliz de estar mais próxima deles também! :)


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Giorno 51 - I Musei Vaticani

A segunda-feira (17/11) começou como uma típica segunda-feira: cinza, para acompanha a chuva e o frio do outono romano, que é úmido e gelado.

Essa noite passei frio e dormi mal.

[Nota mental: comprar um novo cobertor.]

Fui para aula um pouco mais tarde e fiz bem: meu professor faltou e a aula estava quase vazia de novo. Temos um novo companheiro de classe, que eu não sei escrever o nome, para variar, mas sei que ele é seminarista (usava roupa de padre por baixo do casaco) e que é sul-africano. E sei também que ele tem um cheiro muito forte e desagradável.

Eu não quero parecer maldosa e tenho sido uma pessoa muito melhor na questão 'não julgar'. Mas o cheiro era insuportável. Eu, sutilmente, abri as janelas, alegando que estava abafado. Mas a professora substituta (Roberto está doente) disse que não porque estava muito frio.

Fiquei enjoada com o cheiro. Me deu pena, sabe? Porque não foi uma percepção apenas minha e isso me deixou mal...

Mas enfim.

Logo que acabou a aula, peguei o metrô e encontrei a Vivi na porta da escola dela. Almoçamos por lá e seguimos para o Museu do Vaticano, pois tínhamos comprado ingressos para hoje. Chovia muito. Fazia muito frio.

Eu já conhecia o Museu. Aliás, já fui duas vezes e, sinceramente, não estava nos planos ir uma terceira. Mas a Vivi queria companhia e ela vai embora em breve... enfim, fomos!


A magnitude das obras de arte que o acervo comporta é algo realmente impressionante. A influência grega, os quadros, as esculturas e, principalmente, a grandiosidade da obra de Rafael e Michelangelo. E não, não estou aqui falando das Tartarugas Ninjas, muito embora eu as adore. Estou falando dos artistas renascentistas que tinham o dom de transformar em arte as palavras da Bíblia.

A Sala de Rafael é algo de outro mundo. Mas a Capela Sistina... amigos, só digo uma coisa: venham visitar!

Uma coisa bem curiosa é que as pessoas simplesmente se esquecem de que a Capela Sistina é... uma capela! ou seja, lugar de oração, de silêncio, de paz. Assim, os guardas pedem silêncio constante e lembram, a todo instante, que não é permitido tirar fotos.




Um rapaz, na minha frente, começou a fotografar com o celular. O guarda disse uma, duas, três vezes: 'No pictures!'. Como foi ignorado, chegou ao lado do rapaz e disse:

- Senhor, não é permitido fotografar aqui dentro.
- Ah não?! [cara de surpresa falsa]. Desculpe-me.
- Sem problemas, senhor. Mas peço que apague as fotos que o senhor já tirou.
- Ah, apago sim.
- Agora, senhor.
- Oi?
- Sim, agora. Pegue o seu celular que quero ver o senhor apagar as fotos.
- Não.
- Sim, senhor.
- E se eu não fiz?
- O senhor não poderá sair daqui com o seu telefone, senhor.
- Oi?
- O senhor está infringindo uma lei do Vaticano.

E o rapaz pegou o telefone e o guardo o fez apagar todas as fotos. Ele ficou puto. E eu ri. Sabe por quê? Não vou fazer a falsa moralista: eu amo compartilhar a minha vida na internet (vejam bem, eu tenho um blog que relata o meu dia a dia no intercâmbio!). Mas acho que tudo tem limites.

Eu realmente me incomodei muito ao longo da visita no museu hoje porque em diversos momentos, onde era permitido fotografar, quem não queria fotografar, mal conseguia chegar perto da obra de arte para apreciar. Era impossível, porque havia clics de todos os lados.

As pessoas estão esquecendo de olhar o mundo com os olhos. E então, quando chegam em um lugar onde simplesmente se é obrigado a OLHAR com os OLHOS, as pessoas ficam perdidas. Sem a tela, não tem visão.

É o mal da nossa sociedade.

Pois eu sentei na área permitida e fiquei observando a grandiosidade do trabalho de Michelangelo por um bom tempo. Não que a imagem do 'Dedo de Deus' não seja incrível, mas o painel do 'Juízo Final'... Que obra de arte, minha gente!!

Quando saímos de lá, resolvemos ir até o Pompi porque a Vivi ainda não provou o famoso Tiramissu. Mas estava fechado! Assim que resolvemos comer qualquer coisa por lá e, sem querer, achamos uma hamburgueria-cervejaria deliciosa!

Como sempre, Roma presenteando eu e a Vivi. Já sinto falta da companhia dela!



Voltei para casa e encontrei todos os meus roomies reunidos na cozinha preparando o jantar (cada um o seu) e estava uma zona. Mas foi divertido! Nos damos muito bem! Conversamos um pouco, rimos bastante e comentei que passei frio essa noite.

Levei uma bronca do Santi que me disse que eu devo falar sempre essas coisas. Giovanne me deu um novo cobertor e estou bem feliz! haha!

Fiz Skype com papi e mami e agora durmo porque amanhã tenho aula e aula e aulaaaa :)


Giorni 48, 49 e 50 - E não é que eu voltei para Barcelona?

Desde que decidi vir passar esse breve tempo em terras europeias, meus amigos que moram em Barcelona insistiram para eu fosse fazer uma visita. Confesso que não era minha primeira ideia de viagem, já que já estive na cidade duas outras vezes, sendo que a última foi no começo deste ano, durante o Carnaval. Mas acabei achando um voo barato e como não pagaria a hospedagem, achei uma boa ideia.

Assim, na sexta-feira (14/11), fui para escola, mas não tinha quase ninguém na classe, o que eu e Debbie achamos muito bom porque quanto menos pessoas, maior o nosso aprendizado. Fizemos um belo exercício de conjuntivo e condicional e percebo a cada dia o meu progresso. A escola estava, de maneira geral, vazia. Talvez porque era mais um dia de greve de transporte público e manifestações por essa bela cidade italiana que é quase sempre um caos completo. Almocei rapidamente na escola e voltei para casa, onde coloquei minhas lições de casa em dia, tomei um bom banho, fechei tudo e segui para Termini no fim da tarde para pegar o ônibus com destino ao aeroporto.

Cheguei cedo, fiz check in tranquila e esperei bastante porque a desorganização da Vueling é tão grande que além do atraso, o que mais me incomodou foi a falta de informações sobre mudança de portões. O voo foi terrível. Não digo que nunca mais viajo de Vueling porque os preços valem bem a pena, mas o avião é minúsculo e minhas pernas não cabem no espaço micro entre as poltronas (para quem não me conhece - se é que algum desconhecido lê este blog - eu meço 1,75m, ou seja: não sou pequena, rs!). Além disso, as aeromoças mudavam as bagagens já alojadas nos compartimentos o tempo todo, colocando bolsa de alguém sentada ao fundo lá na frente e vice-versa. Uma agitação incômoda, um estresse desnecessário. Mas cheguei.

A primeira vez que estive em Barcelona, em março de 2012, estava viajando com a minha irmã e resolvemos ir de trem do aeroporto ao centro. Era o primeiro dia de viagem e fui roubada neste trajeto: bateram minha carteira com cartões de crédito, dinheiro (quase todo de toda a viagem) e coisas pessoais. Fiquei arrasada. Então, dessa vez, peguei um táxi para a casa do Rafael, meu amigo dos tempos de escola que mora na Espanha há dois anos e que gentilmente me convidou para ficar na casa dele. Cheguei tarde, mas ele estava me esperando e foi muito bom abraçá-lo.

O Rafa é uma das pessoas mais especiais que já conheci na vida. E, de alguma maneira, eu me aproximei muito dele e de toda família dele. Inclusive, meu primeiro namorado, há muitos anos atrás, é um primo dele. Tenho um carinho imenso por todos daquela família, que sempre me tratam como parte da mesma e sempre demonstram um amor lindo por mim. Eu e o Rafa participamos de grandes momentos das nossas vidas: namoros, rompimentos, formaturas, faculdades, bebedeiras, brigas, perdas, festas de famílias... Eu não consigo imaginar a minha vida sem ele e, na verdade, nem quero imaginar isso: é uma amizade sólida e que nos faz um bem enorme! Eu estava com saudade e ter um tempo com ele foi muito bom!



Além do mais, ele é um ótimo anfitrião e cuidou muito bem de mim em Barcelona, rs! Logo quando cheguei, já saímos. Fomos a um bar encontrar uns amigos dele e eu estava cansada, mas a cerveja estava uma delícia, rs! Depois, percebi que estava com fome e ele me levou para comer um kebab mágico da madrugada, num lugar onde encontramos um amigo dele de Portugal, a esposa e um casal de amigos também portugueses. De lá, fomos em um outro bar muito charmoso, onde tinha um cara tocando sax ao vivo na mixagem do DJ: muito bacana!! Gostei bastante deles e foi bem divertido! 



Voltamos para casa lá pelas 04h e eu apaguei! Quando acordei no sábado e olhei no relógio levei um susto: 12h30!!! Há tempos não acordava a essa hora. O Rafa levantou quase que em seguida e ficamos contentes com a nossa sintonia em querer fazer as coisas tranquilas e sem pressa.

Tomamos café numa padaria perto da casa dele. Depois, fomos no Tomas, um bar que lembra muito o Jobi, no Rio, ou o Original, em SP. A fila na porta era beeem longa, mas fomos pro balcão porque o Rafa queria que eu provasse as famosas 'patatas bravas' do local, que são consideradas as melhores da região da Catalunha. E foi uma boa pedida. Eram deliciosas!!! Tomamos um chopp e depois passeamos pelo bairro que ele mora, o Sarriá.



Uma coisa muito legal foi ter lido quase todos os livros de Carlos Ruiz Zafón ao lomgo deste ano, pois este autor sempre tem como cenário de fundo a bela Barcelona de antigamente. E o bairro do Sarriá é o cenário de um dos meus livros preferidos dele: 'Marina'. Assim, passear pelas pequenas ruas charmosas desta vizinhança me transportam diretamente para dentro das páginas dos romances de Zafón, que roubaram tantas e tantas noites de sono já que era impossível parar de ler, rs.

Passamos rapidinho e, casa e fomos para o centro... De moto!! Sim, senhoras e senhores: essa é a nova versão de mim mesma, que diz menos nãos aos riscos e se joga mais para vida. Assim, lá fui eu para o meu primeiro passeio de moto.



[Tia Silvia: pode dizer ao tio Celso que perdi o medo e já posso dar umas voltas com ele!!] 

Passear por Barcelona numa moto é bem diferente das belas e longas caminhadas que nós turistas costumamos fazer. Mas eu não estava ali para turistar, não era o objetivo desse fds!

Chegamos no centro e resolvemos almoçar porque em Barcelona as cozinhas dos restaurantes encerram às 16h e só abrem para o jantar. Então, o Rafa sugeriu um restaurante que ele adora. Mas meu querido amigo é um tanto quanto desligado e não só já tínhamos ido juntos a este restaurante na minha última visita a Barcelona, como era um restaurante...ITALIANO! hahaha!

Mas comemos por lá mesmo e estava uma delícia!

Depois, encontramos um outro amigo dele, que muito gentilmente falou inglês comigo, para não piorar a situação da minha cabeça confusa com as línguas. Eu simplesmente não falo mais nada de espanhol: o italiano ocupou um lugar na minha mente e não consigo virar e desvirar a chavinha para o espanhol, infelizmente. Entendo o que as pessoas falam, mas não consigo falar, rs.

Tomamos um café e caminhamos pelo centro, passando pela bela Praça Catalunha e chegamos a um bar bem gracinha um pouco depois do Palácio da Música Catalã, que é um dos meus lugares preferidos na cidade.

De lá, eu e o Rafa voltamos para casa. Ele dormiu e eu tomei um banho e relaxei lendo um bom livro. Lá pelas 23h, me troquei e combinei com o Rafa que ia visitar o meu primo Marcelo, que mora lá há anos, e que nos veríamos depois.

No Marcelo, me senti em casa. Conversamos muito, rimos demais, lanchamos, bebemos Guaraná Antartica, assistimos novelas da Globo... O Rafa me avisou que estava num bar com os amigos, mas eu estava bem no Marcelo acabei indo de lá direto para casa, porque já eram mais de 03h da manhã. Apaguei e nem ouvi o Rafa chegar em casa!



Sábado acordei antes das 09h, mas voltei a dormir. Eu e o Rafa, mais uma vez sintonizados, acordamos às 11h30. Tomei um banho e resolvemos tomar café da manhã em casa mesmo: frutas, pão fresquinho, café com leite, boa música e ótima companhia.

Depois que o Rafa ficou pronto, fomos de trem para o centro, onde descemos a Rambla, ponto turístico que eu adoro porque dá para apreciar o belo céu azul de Barcelona.



Atravessamos a ponte no Porto e chegamos ao shopping onde tem o restaurante que o Marcelo trabalha e onde resolvemos almoçar com uma bela vista para o mar.

Foi bem gostoso!

Saímos de lá bem à tardezinha e pegamos um táxi para voltar para casa, onde relaxamos um pouco e logo segui para o aeroporto.

O voo atrasou, para variar, e cheguei em Roma tarde. Peguei o ônibus que chegou a Termini mais de meia-noite. Chovia. Estava frio. Eu estava cansada. E fui para casa correndo porque tinham umas pessoas estranhas na minha rua, que aquela hora do domingo, estava deserta. Mas as pessoas nem se importaram com a minha pessoa. rs.

Cheguei em casa, arrumei tudo para a aula do dia seguinte, desfiz a mala e apaguei, mas já era bem tarde.

Giorno 47 - Um novo desafio: superar ressacas cada vez mais dolorosas


Há anos que aprendi com a sabedoria de meus queridos pais que não se deve beber vinho sem intercalar com água. Não só porque vai equilibrando o corpo ao longo da bebedeira, mas principalmente porque ameniza a ressaca do dia seguinte. Eu aprendi isso. Juro que aprendi.

Mas esqueci de fazer a lição de casa na festa de ontem à noite e quando abri os olhos nesta quinta-feira (13/11), simplesmente estava imprestável. Achei até que ia vomitar e antes tivesse me esforçado para isso, talvez tivesse me sentido melhor, rs!

Cheguei à escola para a segunda aula e meu estômago estava tão comprometido, que nem café tomei, apenas um suco de laranja e com alguma dificuldade.

Me sentia tonta, me sentia fraca, me sentia um lixo. Mas ainda assim tive um bom desempenho na construção do diálogo, na aula. Depois, almocei penne ao pesto, porque era a opção mais leve do cardápio e eu definitivamente precisava comer algo.

A aula da tarde rendeu um pouco melhor, mas ainda me sentia mal. Minha cabeça reclamava, meu estômago brigava comigo. Quando voltei para casa - e sim, voltei para casa porque me obriguei a não sair, já que não era fisicamente possível -, resolvi tomar um remédio e depois de algum tempo já comecei a me sentir melhor.

Eu não quero nem ver o estado do meu fígado quando eu voltar para o Brasil. Sério.

Mas sabe qual é a parte chata de morar sozinha? É ter uma puta ressaca que está te destruindo, mas não poder se jogar na cama até o dia seguinte, porque tem que colocar tudo em ordem.

Então, encarei a ressacada de frente e comecei: arrumei meu quarto, que para variar estava uma zona, coloquei roupa na máquina, conversei com Giovanne e Santiago, fiz Skype com meus pais, publiquei posts no blog, cuidei da roupa que estava na máquina, fiz minha mala para a viagem do fds e lá pelas 22h30 percebi que finalmente estava com fome.

Preparei um macarrão com cream cheese a nova roomate, que chegou domingo, mas eu ainda não tinha conhecido; chegou e ficou conversando comigo na cozinha. Mas ela não fala nada em italiano e o papo rolou todo em inglês, para minha decepção.

Depois, dormi. Era a única coisa que eu tinha capacidade física e mental de fazer.

[Nota mental: A vida da balada não é para amadores, minha gente!]

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Giorno 46 - No meio do caminho

A aula desta quarta-feira (12/11) foi estranha, porque Roberto e Janine mudaram de classe para um nível acima e isso fez com que só restasse eu da 'velha guarda' na minha sala. Mas ainda tenho Debbie, não me sinto tão mal rs!

Fizemos um exercício bem difícil de gramática, a respeito do uso do 'ne' e 'ci'. Não foi fácil, mas eu fui melhor que o esperado! :)

Depois, almocei na escola porque combinei com Sarah e Katarina e estudarmos para a prova oral do exame. Nos encontramos às 13h30 e logo começamos os exercícios, sempre gravando e nos escutando novamente.

Estou bem mais atenta e agora me auto-corrijo sempre depois de um erro comum, como por exemplo, falo sempre 'COMO' ou invés de 'COME' rs.

Por volta das 16h, voltei para casa, tomei um banho e a Vivi chegou aqui em casa e enquanto esperou eu me arrumar, comprou nossos tickets para o museu do Vaticano.

Com um pouco de atraso, seguimos para a Termini, onde encontramos Debbie, Roberto e Helena e fomos para a casa de Samuel.

Samuel é um suíço de 42 anos, mas de descendência coreana. Ele parece um moleque, mas é muito engraçado e muito gentil! Ele estudava na minha sala e hoje foi seu último dia, então, convidou todo mundo para ir a sua casa, para uma 'festa', com pizza e vinho. Em seu apartamento moram outros dois estudantes da escola, mas de turmas diversas da nossa. Assim que em pouco tempo a casa estava cheia de pessoas, de comida e, principalmente, de bebida.



E para celebrar o exato meio da minha viagem, exagerei MUITO na dose do vinho branco. Bebi como se fosse água, literalmente. Mas o que eu posso fazer se era delicioso? hahaha!

Debbie levou o violão e cantou pra gente, foi bem bacana.

Conversamos muito, rimos mais ainda...
Clemi chegou depois de nós e depois de muito #mimimi de 'vou, não vou', rs. Mas eu fiquei brava com ele uma hora, porque fui dar um beijo no rosto dele, e ele não deixou. Não lembro exatamente o contexto, mas eu me comportei como uma adolescente mimada. Foi ridículo, de verdade! Estou até um pouco envergonhada, rs.

Mas Clemi é uma das pessoas mais tranquilas que eu já conheci. Ele está sempre de bem com a vida e é muito gentil com todo mundo. Um cara educado, simpático e paciente. E muito parceiro! Sempre chama todo mundo para fazer tudo, reúne o pessoal... É uma companhia muito agradável e estar com ele é sempre uma diversão garantida! Assim que ele ignorou meu comportamento infantil e deixou para lá, hehe!

Aliás, aqui em Roma muitas vezes me comporto como uma adolescente de 15 anos, sem o menor senso de responsabilidade. E essa sensação é estranha, mas é boa. Porque eu me considero alguém irritantemente responsável na vida real, no dia a dia. E, de repente, viver sem precisar se preocupar com nada... é interessante! hehe!

Não fomos embora muito tarde. Mas eu estava realmente bêbada. Quando deitei na minha cama, tudo girava! Não era uma sensação muito boa hehe!

Dormi completamente bêbada! Mas muito feliz! :)


Giorni 44 e 45 - Turismo e diversão

Peço desculpas aos meus leitores fieis, mas está bem difícil de escrever todos os dias. Tem semanas mais tranquilas, mas outras - como esta - muito corridas! A parte boa é que é corrida de agenda social, sabe? rs!

Na segunda-feira (10/11), eu fui à escola com alguma boa expectativa de novos colegas, já que nossa sala está esvaziando aos poucos. Mas não tive muito sucesso. Apenas dois colombianos que mudaram de nível e uma belga, muito simpática, Laura.

A aula foi chata. Não sei explicar, mas o tempo não passava e eu estava inquieta. Percebi que Roberto também estava assim.

Almocei com Clemi e Maribel, uma menina chilena simpática, mas um pouco 'over', sabe? hehe. Clemi queria comer carne, então, fomos a um restaurante dentro da Termini, que era um pouco mais caro, mas comi um belo hambúrguer bem saboroso.

Depois, voltamos para escola e eu fiz minha lição de casa e, então, seguimos para nos encontrarmos com Helena, Roberto e Debbie, para visitarmos a Piazza Venezia. Mas o problema é que eu esqueci da Vivianeeeeee.

Quando ela me enviou a mensagem que estava em frente ao Mc Donald's, eu já estava dentro do ônibus com todo mundo, esperando o motorista. Pedi desculpas a todos e disse para irem andando, mas eu deveria me encontrar com ela. Telefonei e ela veio ao meu encontro. Quando voltei, vi que eles todos tinham descido do ônibus para me esperar.

Fiquei surpresa. Eles nem conhecem a Vivi e podiam muito bem ter seguido o fluxo, mas não: escolheram esperar para fazermos tudo juntos. Acho isso muito legal aqui. Todo mundo se espera, se respeita, se ajuda. Não ficaram bravos, não me xingaram e sabem que se a Vivi é minha amiga, também é amiga deles...

No caminho, Debbie perguntou se podíamos conversar porque ela estava com um problema e gosta de conversar comigo porque acha que eu sempre tenho bons conselhos para dar a ela. Achei carinhoso e conversamos bastante.

No fim, eu me identifiquei com o 'problema' dela. A única diferença é que ela é uma menina de 19 anos e eu, uma mulher de 29. Mas nós duas estamos descobrindo que as amizades de infância se perdem. Mas o que eu disse a ela é o que aprendi na terapia, depois de muito sofrimento, ou seja, que o sentimento afetivo é o mesmo: eu amo minhas amigas de infância e sei que é recíproco. Mas nós crescemos e nos tornamos pessoas muito diferentes porque fizemos escolhas diversas, que vão desde a faculdade de cada um; às opiniões políticas.

Às vezes olho para minhas amigas de infância e me pergunto como é que nos tornamos amigas, já que não temos quase nada mais em comum. E daí eu me lembro de que temos uma história em comum: crescemos juntas, aprendemos com os nossos erros, nos magoamos, nos ajudamos, nos amamos a vida inteira e nos amamos ainda hoje.

Mas isso não significa que temos que estar juntas sempre. É impossível.

Eu estou em Roma há um mês e meio e elas só me escreveram no dia do meu aniversário e olhe lá. Mas hoje isso não me magoa mais. Aprendi a respeitar o espaço delas também. E na real? Nem temos mais o que conversar, sabe? É triste, claro... Mas faz parte de crescer.

Acho que Debbie ficou mais tranquila depois da nossa conversa. E Helena também deu uns pitacos, rs.

Quando chegamos à Piazza Venezia, estava fechada! Aí seguimos para a 'Ponte dos Cadeados' aqui de Roma, mas não existia ou não era como imaginávamos, rs.

Então, eles voltaram para casa e eu e Viviane resolvemos comer em um restaurante japonês na região, onde se paga 20 euros e pode comer à vontade. Era delicioso!!

Comemos muito, conversamos demais. Toda vez que eu e a Vivi conversamos, lembro que nada - NADA! - acontece por acaso nessa vida. E nós somos um presente uma para a outra, estou certa disso.


Na volta, resolvemos caminhar até o metrô ao invés de pegar o ônibus. Andamos por uma hora, mais ou menos.

Vim para casa, lavei roupa (às 23h!!) e arrumei umas coisas por aqui, já que tenho a sensação de que meu quarto agora é sempre um caos, hehe!

Acabei indo dormir supertarde.

E acho que inconscientemente não coloquei o despertador. Um ato-falho, certamente. Porque acordei na terça-feira (11/11) às 09h20! Completamente atrasada haha! Mas já que estava atrasada, não estressei! Dei uma checada na roupa no varal, arrumei cama, tomei um banho e levai a cabeça... Daí segui para a escola, a tempo de assistir o segundo tempo da aula.

Almocei por lá e a aula da tarde foi excelente!! Muito produtiva!

Depois, fui com Clemi até a loja da Lazio para comparar o ingresso da partida, mas não conseguimos. Fui com ele até a Santa Maria Maggiore, depois até a Piazzia da Republica e também a uma igreja bonitinha aqui perto que se chama 'Sacro Cuore'.

Depois, encontramos Roberto e Helena e fomos para o restaurante mexicano 'La cucaracha' - péssimo nome para um restaurante! - encontrar todo pessoal da escola. Também enviei uma mensagem ao Ben (o francês, amigo de Jesper, que mora aqui) para convidá-lo para jantar conosco. Mas ele está trabalhando em Firenze essa semana. Mas achei bom escrever para ele, porque agora estamos conversando também!

Foi divertido e a comida era uma delícia!!

O pessoal resolveu emendar, mas nós quatro fomos meio 'anti-sociais' e resolvemos ir embora. Na volta para casa, demos muita risada de coisas estúpidas, sabe?



Há tempos que não ria como tenho rido aqui em Roma! :)

Dormi tranquila!


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Giorni 41, 42 e 43 - Benvenuti al Sud! - Um fim de semana em Castellabatte e um agradecimento especial aos amigos dos meus pais

Sexta-feira (07/11) acordei e me obriguei a levantar mesmo com aquela chuva toda que inundava Roma. Mas tomei um banho, fechei a mala e segui para a escola em companhia de Gionella, que estava indo para o seu último dia de aula.

Deixei minha mala na secretaria e quando entrei na sala, com mais de 10 minutos de atraso, só encontrei Brett, o americano, e nosso professor Roberto. Aos poucos chegaram mais ou outro, mas a sala parece cada vez mais vazia, especialmente porque Matias também mudou de sala para um nível superior.

Nosso professor pegou leve nesta sexta meio ressacada para todos e tivemos algumas atividades light. Uma delas foi corrigir um texto que havíamos escrito há alguns dias. Recebi um elogio pela minha construção textual, mas errei o tempo do verbo e, então, ele pediu se podíamos colocar a frase na lousa para discutirmos em grupo qual seria a forma correta. Ninguém sabia, hehe. Mas era um típico uso de 'trapasato prossimo', um tempo muito chato que nunca sei quando usar, hehe!

Almocei na escola com Clemi, Sarah e Lia e depois segui para a estação de trem. Lá, fiquei um pouco agoniada, porque a plataforma do meu trem nunca aparecia no painel e eu estava um pouco preocupada já. Só apareceu seis minutos antes do trem partir e eu fiquei meio com medo de perdê-lo, rs. Acho que é só falta de hábito porque todos estavam bem tranquilos. Pensei em fazer minha lição de casa durante a viagem, mas desisti porque o trem estava agitado demais e não ia conseguir me concentrar para isso.

A gente reclama da falta de educação do brasileiro no transporte coletivo, mas o italiano nos deixa para trás. Imaginem só que um cara sentado à minha frente começou a ver filmes no Youtube SEM FONE DE OUVIDO. Isso sem falar no excesso de telefonemas que eles fazer: sei da vida de todos ao meu redor, porque eles nunca se dão ao trabalho de falar baixo. É bem incômodo isso.

Resolvi, então, tentar ler meu livro em italiano. E não é que eu consegui? Dei um super gás na leitura, foi ótimo e tô curtindo super a trama!

Quando estava quase chegando ao meu destino, na estação de Agropoli-Castellabatte, o Ettore, amigo de infância do meu pai que mora em Castellabatte, me ligou para avisar que era ali que eu deveria descer. Ele estava acompanhando o trajeto do meu trem por um app, para garantir que eu não me perdesse. Muito gentil, rs! Desci na estação e esperei por ele por uma meia hora. Quando ele chegou, fomos de carro de Agropoli a Castellabatte, onde ele mora há mais de 30 anos, quando decidiu sair do Brasil, onde moravam seus pais e irmãos e onde ele conheceu meu pai, meus tios e meus avôs.

A casa dele é bem interessante. Como tudo em Castellabatte, fica numa colina e era uma grande casa que ele transformou em vários apartamentos perfeitos para até quatro pessoas em cada. Os apês têm uma pequena cozinha equipada, mesa, sala de estar com um sofá-cama e TV e um quarto grande, com armário, cômoda, cama de casal + 1 cama extra e um banheiro confortável. Ele vive em um desses apês, mas o dele é um pouco maior. Foi uma ótima pedida, já que ele é solteiro, não tem filhos e vive sozinho. Assim, além de alguma companhia no verão, também lucra um pouco de dinheiro, já que a cidade ferve na alta temporada. Eu me hospedei em um desses aptos e depois de me acomodar, saímos para jantar.

O destino foi Santa Maria de Castellabatte, ao pé da colina e à beira mar. Acatei a sugestão do Toto (seu apelido de infância e como o conheço desde que nasci) e comemos uma 'calamarata', que é uma massa leve com frutos do mar. Deliciosamente saborosa. Vinho branco acompanhou e a sobremesa foi tartufo branco. Tudo delicioso. Antes do jantar, fizemos uma bela caminhada no calçadão da cidade, que agora está vazia, mas que é muito gracinha! Na volta, paramos na casa da prima de Toto e onde estava praticamente toda família dele que mora lá: primos, esposas, filhos... uma verdadeira festa da família italiana, tipicamente reunida em volta da mesa e com muito - MUITA! - comida. Não resisti e comi sobremesa de novo hahaha! Provei também a grapa, bebida digestiva típica, mas que não gostei porque acho muito forte para o meu paladar.

Voltamos para casa e dormi pesado. Há tempos não dormia assim: no silêncio absoluto e sem a preocupação de nada. Foi muito bom e me revigorou as energias!

Quando acordei no sábado, tomei um bom banho e quando abri a janela do quarto, vi a vista linda que tinha dali e o belo céu azul que me presenteava. Ao descer, encontrei Toto com uma belíssima mesa de café da manhã, cheia de um monte de coisas deliciosas que ele tinha ido comprar para mim: diversos tipos de pão, prosciutto, mozzarella de bufala, croissant, geleia, suco, café... Me esbaldei! Há tempos que não caprichava desse jeito no café da manhã, que é a minha refeição preferida!

Depois, saímos em direção a Paestum, uma cidade próxima onde há ruínas de uma antiga civilização grega que foi dominada pelos romanos e depois abandonada. Achei o ingresso caro: 10 euros para visitar as ruínas + museu, mas o museu estava escuro, e as partes interativas não funcionava. Aqui na Itália as coisas são assim. É como se fosse o terceiro mundo da Europa, rs.






Num bate-papo qualquer, eu tinha comentado com o Toto que a coisa que mais sinto falta de comer por aqui é carne vermelha. Pois ele, muito gentilmente, fez uma picanha na brasa para mim, que estava simplesmente maravilhosa! :)



Aproveitamos e fizemos um call com meus pais e toda turma de amigos deles que estava reunida em Paúba, praia do litoral norte de São Paulo, onde um casal dessa turma tem casa há anos. Foi bem divertido. E foi bacana ver que meus pais parecem felizes e tranquilos!

Depois do almoço, descansamos um pouco e saímos para uma caminhada pelo centro de Castellabatte, quando descobri que a cidade foi construída ao redor de um castelo que se chamava Abatte (daí o nome Castello Abatte hehe). Também visitei a praça onde foi gravado um filme italiano famoso por aqui que se chama 'Benvenuti al Sud' e que devo assistir quando retornar a Roma. Quando voltamos para casa já estava esfriando.



Enquanto Toto assistia o treino da corrida de F1, eu aproveitei e coloquei minha lição de casa em dia. Por voltas das 8h30, saímos em direção a San Marco di Castellabatte, outra cidade da mesma região, onde fomos jantar com os primos do Toto. Escolhi uma bela pizza que dividi com parte das pessoas, porque era enorme!!! E muito boa! Melhor que as de Roma, sem dúvidas.

Foi um jantar divertido. Conversei com todos e tive momentos bem típicos italianos, sabe? Foi bacana isso! Todos foram muito gentis comigo! Mas comi demais e bebi demais! Vinho e prosseco, além de um licor a base de cereja que era estranhamente bom hehe. Voltamos para casa tarde. Acho que eu estava até ligeiramente bêbada. Mas não quis deitar em seguida porque tinha comido muito, então, arrumei minhas coisas e li um pouco antes de dormir.



No domingo, acordei tarde. Ouvi a chuvinha lá fora e estiquei minha estadia na cama. Eu sabia que o Toto não tinha hora e resolvi abusar um pouco para relaxar o máximo possível, já que quando estou em Roma a vida social me consome rs. Levantei umas 10 e pouco, tomei um banho, sequei o cabelo, arrumei tudo e quando sentei na mesa do café já eram mais de 11h, assim que não abusei muito porque o almoço na casa da prima do Toto estava marcado para às 13h.

O almoço foi outro evento gastronômico: vinho, antepasto, primeiro prato, segundo prato, salada, sobremesa, café... Hoje não janto com certeza!!! Assistimos um pouco da partida do Juventus, mas o filho da prima do Toto tem um problema mental e ele começou a ter um ataque porque ele deve seguir uma rotina rígida e o fato de nós estarmos lá num domingo à tarde é fora do habitual dele. Assim que achamos melhor ir embora. Ficamos em casa até a hora da largada da F1.



Um parênteses: a cobertura da F1 aqui é muito legal! Eles ficaram o fds inteiro em cima das escuderias, dos pilotos e das torcidas. Sem falar que dão muitas informações pertinentes sobre o esporte em si e sobre a cidade-sede, que no caso, era a nossa querida São Paulo. Com músicas-tema tipicamente brasileiras, a programação da TV mostrou SP mais linda do que nunca. Foi lindo de se ver!

O Toto me deixou na estação de trem (não, ele me deixou literalmente dentro do trem, hehe) e segui para Napoli, onde fiz 'baldeação' para Roma. Cheguei em casa por volta das 23h, desfiz a mala e fui para cama.

Mas antes de acabar este post, queria deixar um recado aos meus pais e a todos os seus amigos.

A vida inteira eu e minha irmã aprendemos que nós não somos ninguém sem as amizades. Prova disso é que tanto os meus padrinhos quanto os dela são casais de amigos dos nossos pais, um de cada turma. Eu carrego isso comigo sempre que posso e acho que por isso valorizo demais as boas pessoas que encontro na vida. E aqui na Itália não tem sido diferente.

Este ano de 2014 não tem sido fácil para mim, para minha família e nem para a turma de amigos de infância do meu pai. Em menos de dois meses nós perdemos a Cleyde e o Germano. E a coisa que mais fica na minha cabeça é que a minha geração (ou seja, os filhos dos amigos) estava lá por eles: eu, Carol, Cris, Bia, Caue, Igor, Luana, Walter, Marcela, Mariana, Raphael... E ninguém precisou pedir para que estivéssemos. Porque vocês nos ensinaram que a vida é assim: feita de amigos, feita de união, feita de parceria e cumplicidade.

Eu tive a oportunidade de ter passado um fds delicioso e conhecer esta cidade, mas principalmente, tive a oportunidade de me sentir em casa, ao lado de alguém que considero um tio, mesmo que viva tão longe do nosso dia a dia.

E sempre que estamos com qualquer um dos amigos dos nossos pais, a sensação é sempre a mesma: família!

Agradeço aos meus pais e a todos seus amigos por isso: obrigada por terem cultivado essas amizades de tantos anos de forma tão sólida e inspiradora. Porque ao lado dos amigos dos meus pais, posso sintir o carinho recíproco e gratuito. Isso é uma coisa muito louca, mas especial!

E vale também para a 'outra' turma, que é sempre tão presente em nossas vidas, não só nas festas de aniversários, mas nas palavras de apoio, nos abraços de suporte, nos olhares de carinho.

Eu simplesmente não consigo imaginar a minha vida sem vocês, que certamente ajudaram a formar o meu caráter, a minha visão de mundo e o meu entendimento sobre amizade verdadeira. Vocês todos também são minha família: minhas 'tias', meus 'tios', meus 'primos' e 'primas'. Saber da alegria de vocês me faz feliz, ajudar nos momentos difíceis me completa, acompanhar o crescimento de cada um faz parte da minha vida.

E não importa que não tenhamos o mesmo sangue correndo em nossas veias, pois todos nós temos algo mais importante do que isso: estamos todos conectados pelo coração.

Aos meus pais, muito obrigada por terem nos mostrado o que é ser e ter um amigo.
Aos amigos dos meus pais e aos seus filhos, obrigada por serem um exemplo do real valor da amizade.
Amo vocês. Infinito e para sempre.