quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Giorno 63 - Bocca della Verittà e jantar em Ariccia

Acordei tarde no sábado (29/11). Chovia e fazia frio, então, não tive pressa de sair de cama. Mas, quando o fiz, foi pra valer: tomei um banho, fiz um call com meus pais e decidi que precisava sair de casa.

Decidi ir até a Bocca Della Verittà, um dos lugares mais famosos de Roma, que eu nunca tinha ido antes.

Mas fiz o caminho turístico de propósito, a fim de passar primeiro pelo Circo Massimo e tirar umas fotos. Daí segui para a Bocca della Verittà, que fica bem pertinho.


Durante a Idade Média, a 'Bocca da Verdade', em tradução literal e livre, atingiu uma fama legendária: acredita-se que seja este o objeto mencionado no século XI nos primeiros Mirabilia Urbis Romae (uma guia medieval para peregrinos!), onde à Bocca foi atribuido o poder de pronunciar oráculos.

Sugando informações pela internet, encontrei um blog que conta sobre um texto alemão do século XII, que fala de um mito sobre o Imperador Juliano, que se declarou pagão apesar de sua formação católica, descrevendo detalhadamente como o diabo, através daquela boca tivesse segurado longamente a sua mão, que por sua vez teria enganado uma mulher e na frente da máscara teria que jurar a sua boa fé, prometendo-lhe de recuperar a sua reputação e de dar-lhe muita proteção se ele voltasse a instituir o culto pagão no Império Romano. Ainda na Idade Media, uma legenda contava como Virgilio mago construiu a Bocca della Verità para que os maridos e esposas pusessem à prova a fidelidade do cônjuge.




Assim sendo, a longa fila de espera é para coloca a mão dentro da 'Bocca' e ver se você diz a verdade ou a mentira. Duvido que todo mundo faça isso de consciência 100% tranquila, haha. Mas lá fui eu, corajosa, e não tive a mão mordida. Aeee! Ponto para mim!

Depois, aproveitei para visitar a Igreja di Santa Maria in Comedin, que abriga a 'Bocca' e é muito bonita.

Quando saí de lá, me sentia fraca. Era uma cansaço quase fora do comum e, tudo bem que eu não tinha comido nada (estava tentando deixar todo o espaço par ao jantar, hehe), mas percebi que preciso diminuir o ritmo social se não quero acabar com minha saúde física. Percebi, também, que era hora de comer alguma coisa.

Parei numa lojinha simpática de panini e afins e, em seguida, fui à sorveteria ao lado, mas porque não resisti à tentação do crepe de Nutella. O lugar era bem simpático e de propriedade de uma família, cuja o filho era um garoto de não mais que nove anos. Gordinho, fofo, vestido com o uniforme da Roma da cabeça aos pés, e tomando o maior sorvete do mundo.

Enquanto esperava o crepe ficar pronto, puxei papo:

- Você é um grande romanista, hein?
- SIM! - gritou, com um grande sorriso!
- Eu também, sabia?
- Verdade?
- Sim. Vou à partida amanhã.
- Verda... (e o sorvete caiu inteirinho na sua jaqueta branquinha da Roma)
- hahaha, sim, verdade! Será a primeira vez que eu verei a Roma jogar.
- Eu já vi uma vez também, sabia?
- E como foi?
- O melhor dia da minha vida!
- Então a Roma venceu?
- Sim! E amanhã vai vencer de novo, você vai dar sorte!
- Espero que sim!

E ganhei um sorriso todo lambuzado de sorvete e cobertura de chocolate. :)

Quando o crepe ficou pronto, o pai do menino trouxe para mim e disse que ganhei uma dose extra de Nutella, não só por ser romanista, mas pela simpatia e educação com seu filho.

Nesse momento pensei como os pequenos gestos naturais do dia a dia mudam tudo. Eu puxei papo com o garoto que, imagino eu, deve sofrer um bullying danado na escola e na vida. Ele tava ali, sozinho, se afundando no doce e realmente parecia carente. Mas eu não puxei papo com ele por pena. Não. Eu nem sei porque resolvi falar com ele, mas me deu vontade e falei. E ganhei uma simpatia em troca. Um momento de carinho gratuito entre desconhecidos.

Eu devia fazer mais isso, ser gentil com estranhos. Ser mais tolerante, ser mais amigável e sentir menos medo do ser humano e, principalmente, do desconhecido (no mais amplo sentido).

Comi meu crepe com dose dupla de Nutella bem feliz e segui para casa.



Eu me sentia com mais energia, mas cansada fisicamente. Então, dormi. Apaguei por uma hora, mas o sono foi tão profundo que agora eu tenho certeza absoluta de que preciso de mais dias de descanso. Quem me conhece sabe o quanto eu detesto dormir, principalmente à tarde. Então, imaginem só o meu estado.

Com muita preguiça, me arrumei e na hora de sair, passei para dar tchau ao Santiago que me disse:

- Você parece cansada, menina!
- Eu sei. Estou cansada.
- Durma mais...
- Até amanhã, Santi!

Detalhe: eu estava arrumada e maquiada para sair. Ou seja: tô com cara de cansada e fim. hahaha

Cheguei na escola com um pouco de atraso e todos já estavam à minha espera. Entramos no ônibus e seguimos para nosso jantar em Ariccia, que é um lugar meio longe, meio fora da cidade, mas famosíssimo pela carne de porco e pelo vinho tinto frisante.

Parecíamos, literalmente, adolescentes felizes numa excursão escolar. Rimos, conversamos, fizemos piadas.

Quando chegamos ao restaurante, foi uma loucura. A quantidade de comida que nos serviram foi algo doentio. Para vocês terem uma ideia, eu achava que os anti-pastos eram o jantar. Mas não. Depois de todas as entradas teve ainda três tipos de massa e espetinhos de carne de porco. E sobremesa. Fora todo o vinho, que não foi pouco, acreditem. Realmente insano.



Voltamos quase rolando par ao ônibus, mas fiquei meio decepcionada de ir embora tão logo em seguida do jantar.

De qualquer maneira, foi uma noite surpreendente para mim, porque eu estava meio bodeada de ir neste programa, já que nenhuma dos meus amigos estariam. Quer dizer, era um programa 100% 'Turma B' e isso era uma coisa nova para mim. Mas valeu muito a pena.


Gabriel estava num dia inspirado: hilário. Demos muita risada com ele, que até pediu a mão da garçonete em casamento.

Quando chegamos de volta à escola, alguém sugeriu de irmos beber no Yellow, mas eu foi para casa. E acho que foi a decisão acertada, assim pude descansar bastante, que era o que eu precisava!


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