quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Giorno 60 - Helena e Roberto: a certeza de que a amizade fica!

A quarta-feira (26/11) parecia saber que seria uma dia triste: amanheceu cinza, fria e chuvosa. Muito chuvosa.

Minha nova capa de chuva foi a melhor aquisição dos últimos tempos, porque quando chove em Roma, alaga. É um caos completo. Roma é uma daquelas cidades que não combina com chuva, sabe? Diferente de São Paulo, que embora seja bela com o céu azul, tem seu charme nos tons PBs dos dias chuvosos. Roma não. Roma combina com sol, com céu azul e limpo, com tardes alaranjadas, com manhãs claras e coloridas.

Mas parecia que Roma chorava a partida de Helena e Roberto, meus grandes amigos que partem de volta para casa, a confusa e perigosa Venezuela.

Meu coração parte ao vê-los ir embora, não só porque farão muita falta em nossos dias, mas porque se para nós já é difícil voltar para casa, para eles é ainda pior. Imagina amar o seu país, mas não ter condições reais de viver ali e construir uma vida? Caracas, a capital da Venezuela, é a segunda cidade mais perigosa do mundo, onde em único final de semana morrem mais pessoas que em alguns dias de guerra. O governo autoritário camufla uma ditadura vergonhosa e impede os cidadãos de serem donos de suas próprias vidas e, também, do seu próprio dinheiro. A economia está quebrada e não há comida nas prateleiras dos supermercados, o que alimenta um estado de corrupção no mercado negro, onde se vende ítens básicos da cesta básica a preço de raridades gastronômicas.

A vida dos meus amigos é relativamente boa, porque eles têm a sorte, assim como eu, de terem uma família com alguns recursos que os impedem de viver numa situação grave, mas eles sentem pelo próprio país e não sabem o que vão fazer ao voltar para casa. São jovens como eu, mas sem perspectivas e, o pior de tudo, quase sem esperanças.

Eu cansei de dizer a eles que serão eternamente bem-vindos no Brasil, porque são pessoas talentosas e especiais.

Eu me vejo muito na Helena e sei que ela também se identifica comigo. Será realmente difícil passar meus próximos dias aqui longe deles e, especialmente, longe dela, que se tornou uma grande amiga e confidente, daquelas que conseguem me entender só com uma troca de olhares.

Eles são pessoas determinadas e grandes guerreiros. Querem o melhor para o seu país e para o mundo. São realmente pessoas que agradeço por ter conhecido.



Bom... a quarta-feira fria, cinza e chuvosa...

A aula foi chata. Chata. CHATAAAA! Meu professor precisa melhorar logo e voltar a nos dar aula porque mais um dia com essa professora substituta e eu desisto de estudar italiano. Aula monótona, parada e fácil, se desafios. Blé!

Quando finalmente acabou, eu e Debbie fomos comprar os presentes de Hele e Beto e encontramos a perfeição numa loja de brinquedos perto da estação Barberini do metro: para ele, um Lego da Fontana di Trevi (que está fechada, mas era o único de Roma); para ela, um boneco de Walter White, protagonista da série 'Breaking Bad', que ela falou todos os dias que queria um! rs!

Os presentes são meus, da Debbie, do Clemi e do Benjamin, que foi quem teve a ideia de presenteá-los. (Eu já disse que ele é muito querido? Pois ele é!)

Depois, voltei para casa, preparei um bom almoço (macarrão no molho ao sugo e filé de frango à milanesa, clap clap para mim), arrumei meu quarto, estudei, tomei banho, me arrumei e saí para encontrá-los para jantar.

Chovia muito. Não, acho que não descrevi direito. Chovia torrencialmente e sem parar. Eu inventei de ir a pé até o restaurante, em São Lorenzo, e foram os 15 minutos de caminhada mais longos e molhados da minha vida. Meu cabelo, que eu tinha secado cuidadosamente com o secador, estava encharcado, assim como o meu cachecol e o meu casaco. (antes que me critiquem, eu tinha deixado o meu guarda-chuva com a Debbie de manhã porque ela estava sem; e meu casaco era impermeável, mas a 'toca' não cobria a cabeça o suficiente, rs).

Cheguei à pizzaria pontualmente às 19h30 e congelando de frio. Tirei tudo molhado, prendi o cabelo e pedi uma cerveja para esquentar. hehe! Ben chegou em seguida, depois Clemi e Lia, Debbie e, por fim, nosso casal preferido: Beto e Hele.

Jantamos, bebemos, rimos. Mas o momento mais legal foi ver a cara deles quando demos os presentes: felicidade pura! Pareciam crianças! Valeu mesmo muito a pena!



De lá, seguimos para um bar ao lado da escola que todo mundo sempre vai, mas que eu nunca tinha ido: Yellow. Encontramos Gabriel, Renato, Milena e um outro menino suíço que acho que se chama Fabio e eu nunca o tinha visto na escola. Beiker, também venezuelano, também nos encontrou.

Conversamos muito, rimos demais, bebemos como sempre. Hele e Beto nos presentearam com colagens de fotos nossas, num gesto muito carinhoso. Acabamos a noite no Mc Donalds em frente à Termini.



Dei um grande abraço em Helena e Roberto. É realmente curioso como, embora já sinta a falta deles, a sua partida me deixa tranquila, pois tenho a certeza de que ainda os verei muito... e sempre! Não sei explicar o porquê, mas apenas sei que isso não acabou em Roma.

Ao chegar em casa mandei um monte de mensagens para os amigos (inclusive para quem não devia - álcool e whatsapp, aquela combinação maldosa!, mas tudo bem, eu ainda posso deslizar, desde que consiga voltar a caminhar de onde parei); e dormi.


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