segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Giorni 41, 42 e 43 - Benvenuti al Sud! - Um fim de semana em Castellabatte e um agradecimento especial aos amigos dos meus pais

Sexta-feira (07/11) acordei e me obriguei a levantar mesmo com aquela chuva toda que inundava Roma. Mas tomei um banho, fechei a mala e segui para a escola em companhia de Gionella, que estava indo para o seu último dia de aula.

Deixei minha mala na secretaria e quando entrei na sala, com mais de 10 minutos de atraso, só encontrei Brett, o americano, e nosso professor Roberto. Aos poucos chegaram mais ou outro, mas a sala parece cada vez mais vazia, especialmente porque Matias também mudou de sala para um nível superior.

Nosso professor pegou leve nesta sexta meio ressacada para todos e tivemos algumas atividades light. Uma delas foi corrigir um texto que havíamos escrito há alguns dias. Recebi um elogio pela minha construção textual, mas errei o tempo do verbo e, então, ele pediu se podíamos colocar a frase na lousa para discutirmos em grupo qual seria a forma correta. Ninguém sabia, hehe. Mas era um típico uso de 'trapasato prossimo', um tempo muito chato que nunca sei quando usar, hehe!

Almocei na escola com Clemi, Sarah e Lia e depois segui para a estação de trem. Lá, fiquei um pouco agoniada, porque a plataforma do meu trem nunca aparecia no painel e eu estava um pouco preocupada já. Só apareceu seis minutos antes do trem partir e eu fiquei meio com medo de perdê-lo, rs. Acho que é só falta de hábito porque todos estavam bem tranquilos. Pensei em fazer minha lição de casa durante a viagem, mas desisti porque o trem estava agitado demais e não ia conseguir me concentrar para isso.

A gente reclama da falta de educação do brasileiro no transporte coletivo, mas o italiano nos deixa para trás. Imaginem só que um cara sentado à minha frente começou a ver filmes no Youtube SEM FONE DE OUVIDO. Isso sem falar no excesso de telefonemas que eles fazer: sei da vida de todos ao meu redor, porque eles nunca se dão ao trabalho de falar baixo. É bem incômodo isso.

Resolvi, então, tentar ler meu livro em italiano. E não é que eu consegui? Dei um super gás na leitura, foi ótimo e tô curtindo super a trama!

Quando estava quase chegando ao meu destino, na estação de Agropoli-Castellabatte, o Ettore, amigo de infância do meu pai que mora em Castellabatte, me ligou para avisar que era ali que eu deveria descer. Ele estava acompanhando o trajeto do meu trem por um app, para garantir que eu não me perdesse. Muito gentil, rs! Desci na estação e esperei por ele por uma meia hora. Quando ele chegou, fomos de carro de Agropoli a Castellabatte, onde ele mora há mais de 30 anos, quando decidiu sair do Brasil, onde moravam seus pais e irmãos e onde ele conheceu meu pai, meus tios e meus avôs.

A casa dele é bem interessante. Como tudo em Castellabatte, fica numa colina e era uma grande casa que ele transformou em vários apartamentos perfeitos para até quatro pessoas em cada. Os apês têm uma pequena cozinha equipada, mesa, sala de estar com um sofá-cama e TV e um quarto grande, com armário, cômoda, cama de casal + 1 cama extra e um banheiro confortável. Ele vive em um desses apês, mas o dele é um pouco maior. Foi uma ótima pedida, já que ele é solteiro, não tem filhos e vive sozinho. Assim, além de alguma companhia no verão, também lucra um pouco de dinheiro, já que a cidade ferve na alta temporada. Eu me hospedei em um desses aptos e depois de me acomodar, saímos para jantar.

O destino foi Santa Maria de Castellabatte, ao pé da colina e à beira mar. Acatei a sugestão do Toto (seu apelido de infância e como o conheço desde que nasci) e comemos uma 'calamarata', que é uma massa leve com frutos do mar. Deliciosamente saborosa. Vinho branco acompanhou e a sobremesa foi tartufo branco. Tudo delicioso. Antes do jantar, fizemos uma bela caminhada no calçadão da cidade, que agora está vazia, mas que é muito gracinha! Na volta, paramos na casa da prima de Toto e onde estava praticamente toda família dele que mora lá: primos, esposas, filhos... uma verdadeira festa da família italiana, tipicamente reunida em volta da mesa e com muito - MUITA! - comida. Não resisti e comi sobremesa de novo hahaha! Provei também a grapa, bebida digestiva típica, mas que não gostei porque acho muito forte para o meu paladar.

Voltamos para casa e dormi pesado. Há tempos não dormia assim: no silêncio absoluto e sem a preocupação de nada. Foi muito bom e me revigorou as energias!

Quando acordei no sábado, tomei um bom banho e quando abri a janela do quarto, vi a vista linda que tinha dali e o belo céu azul que me presenteava. Ao descer, encontrei Toto com uma belíssima mesa de café da manhã, cheia de um monte de coisas deliciosas que ele tinha ido comprar para mim: diversos tipos de pão, prosciutto, mozzarella de bufala, croissant, geleia, suco, café... Me esbaldei! Há tempos que não caprichava desse jeito no café da manhã, que é a minha refeição preferida!

Depois, saímos em direção a Paestum, uma cidade próxima onde há ruínas de uma antiga civilização grega que foi dominada pelos romanos e depois abandonada. Achei o ingresso caro: 10 euros para visitar as ruínas + museu, mas o museu estava escuro, e as partes interativas não funcionava. Aqui na Itália as coisas são assim. É como se fosse o terceiro mundo da Europa, rs.






Num bate-papo qualquer, eu tinha comentado com o Toto que a coisa que mais sinto falta de comer por aqui é carne vermelha. Pois ele, muito gentilmente, fez uma picanha na brasa para mim, que estava simplesmente maravilhosa! :)



Aproveitamos e fizemos um call com meus pais e toda turma de amigos deles que estava reunida em Paúba, praia do litoral norte de São Paulo, onde um casal dessa turma tem casa há anos. Foi bem divertido. E foi bacana ver que meus pais parecem felizes e tranquilos!

Depois do almoço, descansamos um pouco e saímos para uma caminhada pelo centro de Castellabatte, quando descobri que a cidade foi construída ao redor de um castelo que se chamava Abatte (daí o nome Castello Abatte hehe). Também visitei a praça onde foi gravado um filme italiano famoso por aqui que se chama 'Benvenuti al Sud' e que devo assistir quando retornar a Roma. Quando voltamos para casa já estava esfriando.



Enquanto Toto assistia o treino da corrida de F1, eu aproveitei e coloquei minha lição de casa em dia. Por voltas das 8h30, saímos em direção a San Marco di Castellabatte, outra cidade da mesma região, onde fomos jantar com os primos do Toto. Escolhi uma bela pizza que dividi com parte das pessoas, porque era enorme!!! E muito boa! Melhor que as de Roma, sem dúvidas.

Foi um jantar divertido. Conversei com todos e tive momentos bem típicos italianos, sabe? Foi bacana isso! Todos foram muito gentis comigo! Mas comi demais e bebi demais! Vinho e prosseco, além de um licor a base de cereja que era estranhamente bom hehe. Voltamos para casa tarde. Acho que eu estava até ligeiramente bêbada. Mas não quis deitar em seguida porque tinha comido muito, então, arrumei minhas coisas e li um pouco antes de dormir.



No domingo, acordei tarde. Ouvi a chuvinha lá fora e estiquei minha estadia na cama. Eu sabia que o Toto não tinha hora e resolvi abusar um pouco para relaxar o máximo possível, já que quando estou em Roma a vida social me consome rs. Levantei umas 10 e pouco, tomei um banho, sequei o cabelo, arrumei tudo e quando sentei na mesa do café já eram mais de 11h, assim que não abusei muito porque o almoço na casa da prima do Toto estava marcado para às 13h.

O almoço foi outro evento gastronômico: vinho, antepasto, primeiro prato, segundo prato, salada, sobremesa, café... Hoje não janto com certeza!!! Assistimos um pouco da partida do Juventus, mas o filho da prima do Toto tem um problema mental e ele começou a ter um ataque porque ele deve seguir uma rotina rígida e o fato de nós estarmos lá num domingo à tarde é fora do habitual dele. Assim que achamos melhor ir embora. Ficamos em casa até a hora da largada da F1.



Um parênteses: a cobertura da F1 aqui é muito legal! Eles ficaram o fds inteiro em cima das escuderias, dos pilotos e das torcidas. Sem falar que dão muitas informações pertinentes sobre o esporte em si e sobre a cidade-sede, que no caso, era a nossa querida São Paulo. Com músicas-tema tipicamente brasileiras, a programação da TV mostrou SP mais linda do que nunca. Foi lindo de se ver!

O Toto me deixou na estação de trem (não, ele me deixou literalmente dentro do trem, hehe) e segui para Napoli, onde fiz 'baldeação' para Roma. Cheguei em casa por volta das 23h, desfiz a mala e fui para cama.

Mas antes de acabar este post, queria deixar um recado aos meus pais e a todos os seus amigos.

A vida inteira eu e minha irmã aprendemos que nós não somos ninguém sem as amizades. Prova disso é que tanto os meus padrinhos quanto os dela são casais de amigos dos nossos pais, um de cada turma. Eu carrego isso comigo sempre que posso e acho que por isso valorizo demais as boas pessoas que encontro na vida. E aqui na Itália não tem sido diferente.

Este ano de 2014 não tem sido fácil para mim, para minha família e nem para a turma de amigos de infância do meu pai. Em menos de dois meses nós perdemos a Cleyde e o Germano. E a coisa que mais fica na minha cabeça é que a minha geração (ou seja, os filhos dos amigos) estava lá por eles: eu, Carol, Cris, Bia, Caue, Igor, Luana, Walter, Marcela, Mariana, Raphael... E ninguém precisou pedir para que estivéssemos. Porque vocês nos ensinaram que a vida é assim: feita de amigos, feita de união, feita de parceria e cumplicidade.

Eu tive a oportunidade de ter passado um fds delicioso e conhecer esta cidade, mas principalmente, tive a oportunidade de me sentir em casa, ao lado de alguém que considero um tio, mesmo que viva tão longe do nosso dia a dia.

E sempre que estamos com qualquer um dos amigos dos nossos pais, a sensação é sempre a mesma: família!

Agradeço aos meus pais e a todos seus amigos por isso: obrigada por terem cultivado essas amizades de tantos anos de forma tão sólida e inspiradora. Porque ao lado dos amigos dos meus pais, posso sintir o carinho recíproco e gratuito. Isso é uma coisa muito louca, mas especial!

E vale também para a 'outra' turma, que é sempre tão presente em nossas vidas, não só nas festas de aniversários, mas nas palavras de apoio, nos abraços de suporte, nos olhares de carinho.

Eu simplesmente não consigo imaginar a minha vida sem vocês, que certamente ajudaram a formar o meu caráter, a minha visão de mundo e o meu entendimento sobre amizade verdadeira. Vocês todos também são minha família: minhas 'tias', meus 'tios', meus 'primos' e 'primas'. Saber da alegria de vocês me faz feliz, ajudar nos momentos difíceis me completa, acompanhar o crescimento de cada um faz parte da minha vida.

E não importa que não tenhamos o mesmo sangue correndo em nossas veias, pois todos nós temos algo mais importante do que isso: estamos todos conectados pelo coração.

Aos meus pais, muito obrigada por terem nos mostrado o que é ser e ter um amigo.
Aos amigos dos meus pais e aos seus filhos, obrigada por serem um exemplo do real valor da amizade.
Amo vocês. Infinito e para sempre.

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